Fugas - Viagens

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Leva-me até ao topo da colina

Apesar de “não existirem provas” de uma influência directa ou de “sequer se terem conhecido”, é uma ideia difícil de vencer, perpetuada por guias turísticos e pela comparação fácil entre os dois monumentos. Charlotte veio de férias a Lisboa com o namorado, a mãe e a avó, e o grupo é o primeiro do dia a subir as escadas de caracol apertado até ao miradouro. É o último dia na cidade e decidiram vir visitar o elevador precisamente porque leram “no guia que era inspirado na Torre Eiffel e no trabalho dele”. “Como sou de Pais acho isso maravilhoso. É um orgulho”, conta a turista francesa, embora confesse não ter achado “muito parecido”.

Mais tarde, outra turista francesa faz-nos a mesma comparação sem que, mais uma vez, tenhamos puxado o assunto. “A sensação que tive foi muito semelhante à da Torre Eiffel, com a subida na cabine toda em madeira, como era antigamente [no monumento parisiense], e a decoração exterior em metal”, descreve Valérie. No entanto, para as duas turistas, o melhor da experiência foi o miradouro. “A vista é linda, soberba. Consegue-se ver o traçado das ruas construídas depois do terramoto de 1755, é muito interessante”, diz Charlotte, seguindo com o dedo a Rua Augusta e o quadriculado daquela zona da Baixa Pombalina. “É magnífico porque se consegue ver toda a cidade à volta e espreitar lá para baixo. Para mim foi um pouco difícil subir porque tenho vertigens, mas valeu a pena”, conta Valérie.

Voltamos ao miradouro, que até há alguns anos tinha um café-esplanada. Actualmente, está completamente despido e assim deverá ficar, garante Martins Marques. Um miradouro puro e simples, sem distracções que nos façam desviar o olhar daquela panorâmica de 360º sobre Lisboa: aqui as ruínas sobranceiras do Convento do Carmo (agora com a área envolvente reabilitada e um novo miradouro com esplanada ali em baixo), o Parque Eduardo VII lá ao fundo, a Praça D. Pedro IV e o Teatro D. Maria II, os prédios de telhado vermelho e águas-furtadas da baixa alfacinha, as colinas da Graça e do Castelo altaneiro, a Sé de Lisboa e o Tejo. M.G.

 

Rua de Santa Justa e Travessa D. Pedro de Menezes (Largo do Carmo), Lisboa

Tel.: 21 350 01 15 (Centro de Atendimento Transportes de Lisboa)

carris.transporteslisboa.pt/pt/ascensores-e-elevador

Horários: todos os dias das 7h às 22h, encerrando uma hora mais tarde nos meses de Verão (de Junho a Setembro). O miradouro está aberto diariamente das 8h30 às 20h30, excepto durante períodos de chuva.

Preços: o bilhete adquirido a bordo custa 5€, sendo válido para duas viagens e incluindo acesso ao miradouro. São ainda válidos os cartões Lisboa Viva, 7Colinas ou Viva Viagem carregados com títulos da Carris (sem acesso gratuito ao miradouro) e bilhetes dos circuitos Yellow Bus ou Lisboa Card. O acesso apenas ao miradouro custa 1,50€.

 

Elevador do Bom Jesus
Braga

O primeiro encontro é inesperado. Junto ao Hotel do Parque, uma inusitada multidão aglomera-se em torno de um pátio cercado por barreiras: no centro o autocarro, bem vermelho, da selecção de Portugal. A equipa nacional de futebol está prestes a sair para um treino no estádio do Braga (onde no dia seguinte venceria a Dinamarca) e ninguém quer arredar pé sem antes conseguir falar ou pelo menos fotografar alguns dos ídolos (o maior, Cristiano Ronaldo, faz-se esperar: é o último a sair). O aparato é tanto que um casal estrangeiro que passa interroga: “Is there anything important going on?” A explicação suscita um sorriso e um quase imperceptível encolher de ombros: seguem o caminho, descendo até à esplanada principal do Bom Jesus de Braga, aquela que se abre, em dois andares, diante da igreja, e oferece uma vista impressionante sobre a cidade que cresceu desmesuradamente na última década e meia. Estamos no centro do santuário do Bom Jesus – sim, rapidamente seguimos o caminho dos turistas –, o monte sacro que é candidato a Património Mundial da UNESCO. No âmbito dessa candidatura não fica de fora o Elevador do Bom Jesus, que aqui nos traz, como faz questão de sublinhar o mesário da Confraria do Bom Jesus, Varico Pereira.

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