Fugas - Viagens

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Leva-me até ao topo da colina

“A nossa intenção é que continue integrado na rede de transportes públicos e temos inclusivamente alguns projectos em que pretendemos melhorar todo o sistema de motorização para que possa cumprir melhor a função de serviço público, mas há uma série de requisitos que ainda têm de ser ultrapassados, pois está classificado como Monumento Nacional”, avança o responsável, indicando que tal só deverá avançar, no entanto, dentro de um mínimo de dois anos.

Até lá, ainda há todo um projecto de reabilitação para terminar. A primeira fase trouxe cara lavada ao passadiço que liga o patamar superior à zona do Largo do Carmo — uma ponte metálica sobre a Rua do Carmo que em 1901 foi inaugurada com pompa e circunstância, contando com a presença do rei D. Carlos I. “Foi uma data muito importante porque estava toda a gente muito céptica”, conta Susana Fonseca, do Museu da Carris. Agora, depois da intervenção nas faces sul e poente da torre, são os lados norte e nascente que estão cobertos de tapumes e andaimes. De seguida, será a vez da entrada junto à Rua Áurea. “Aqui vamos inclusivamente alterar um pouco a entrada e o que pretendemos é criar um corredor interior para que a fila comece a formar-se lá dentro e colocar painéis explicativos da história do elevador”, adianta Martins Marques.

Com 113 anos, feitos a 10 de Julho, o Elevador de Santa Justa foi o último ascensor projectado por Raoul Mesnier du Ponsard a abrir ao público e é talvez a sua obra mais icónica. Começou por funcionar com recurso a máquinas a vapor — “nas fotografias que temos dos primeiros anos são perfeitamente visíveis as chaminés por onde saía o vapor [no alto da torre]”, conta Susana Fonseca — mas o sistema foi electrificado logo em 1907 e os motores então instalados ainda o fazem mover hoje em dia. É por isso que, curiosamente, os pequenos painéis pendurados no interior das duas cabines (que funcionam independentemente uma da outra, ao contrário dos três ascensores) indicam que podem subir 20 pessoas, mas só podem descer 15. “Toda a gente pergunta porquê”, sorri o ascensorista. “Na descida, além do motor pô-lo a funcionar, o sistema tem de ir ‘a travar’ o elevador, por assim dizer, por isso vão menos pessoas, para que o peso não seja tanto e esse esforço seja menor.”

É, no entanto, o rendilhado exterior da torre cinzenta que faz do elevador um dos ícones turísticos da cidade. “É a arquitectura do ferro, típica da época, e em estilo neo-gótico para não brigar com as ruínas do Convento do Carmo”, indica Susana Fonseca. “Cada um dos seis patamares tem uma decoração diferente e num deles um dos motivos é a flor-de-lis, símbolo de França”, “um pormenor onde se nota a ascendência francesa do engenheiro Ponsard”. Contudo, diz, há que “tirar da cabeça de uma vez por todas a ideia de que o Elevador de Santa Justa foi construída pelo Eiffel”. Raoul Ponsard era português, “nascido no Porto em 1848”, lê-se numa das placas informativas do ascensor, no cimo do primeiro patamar da escadaria da Rua de Santa Justa.

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