Fugas - Viagens

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Leva-me até ao topo da colina

Nada disso demoveu Manuel Joaquim — nem isso nem a dureza do terreno, um afloramento rochoso que ainda é visível, por exemplo, no penedo onde se ergue a estátua do Longuinho. E é ao lado que chega e parte o elevador, que vence um desnível de 116 metros em 267 metros de trepidação, entre vegetação densa e uma frescura doce, constituído por duas cabinas sobre carris, preservado em todos os pormenores da sua traça original — do exterior branco e cor de ovo com tectos vermelhos aos bancos de madeira interiores. As duas cabinas servem de contrapeso uma à outra, ligadas que estão por um cabo, tendo como força motriz a água (é o elevador mais antigo do mundo a usar o contrapeso de água), abundante no Bom Jesus (15 minas e um lago). De acordo com o número de passageiros, enchem-se os depósitos de água de cada cabina — há um código de toques ainda utilizado para saber que quantidade de água se necessita: por cada cinco pessoas um toque, que equivale a “cinco águas”; quem recebe a mensagem repete-a para assegurar que a percebeu, explica-nos Sebastião, a trabalhar aqui desde 1975, desde a altura em que os eléctricos aqui chegavam, à base do Bom Jesus, e os muros estavam encobertos pelos bancos vermelhos onde as pessoas esperavam. E nunca houve um acidente, asseguram-nos. Ainda que na inauguração muitos tenham tido receio de experimentar a maravilha tecnológica: tanto assim foi que o promotor e o engenheiro Ponsard, responsável pela construção do projecto do suíço Riggenback, tomaram a iniciativa e sozinhos fizeram a primeira viagem, travando a 30 metros para demonstrar a segurança do equipamento que tem vários sistemas de travão, um dos quais cremalheira.

Se aquando da sua construção o Elevador do Bom Jesus foi uma necessidade, agora é uma mais-valia, considera José Carlos Peixoto. Mais-valia turística, ecológica, histórica. “Permanece um transporte actual, seguro, ecológico, panorâmico. É um monumento que deve ser preservado em toda a sua originalidade.” E continua ligado ao sistema de transportes da cidade de Braga — os autocarros chegam a cada meia-hora. Andreia Marques Pereira

 

Estrada do Bom Jesus

4715-261 Tenões, Braga

Tel.: 253 676 636

www.estanciadobomjesus.com

Horário: Todos os dias das 9h às 19h.

Preços: Ida 1,20€; ida e volta 2€

 

Funicular de Santa
Luzia, Viana do Castelo

Só mesmo tendo-nos enganado e passado sob um dos túneis de Viana do Castelo pudemos deixar escapar a entrada para a Funicular de Santa Luzia. Estacionado o carro, o que não é tarefa fácil nesta entrada bem no centro da cidade, o edifício é incontornável, como um soluço neo-romântico (poderia perfeitamente estar numa estação termal do início de 1900), branco com coluna de onde se desenham arcos graníticos, cúpulas e a inscrição: Elevador de Santa Luzia. Quando passou de elevador a funicular, não sabemos; passamos os portões de ferro para um interior coberto a azulejos dispostos acima de um lambril escuro e vemos “estacionada” uma das duas carruagens que sobe e desce o monte. Está vazia à espera de viajantes mas nós somos os únicos que esperam. “Já passaram 111 passageiros”, afirma o funcionário, deitando os olhos às suas folhas de serviço; algumas excursões, basicamente  Passa pouco das 11h, é um dia de semana em pleno Outubro, não nos parece um mau balanço. “Depois do São Martinho e até Fevereiro é a altura mais parada”, explica. No entanto, subimos sozinhos na carruagem amarela, novíssima, moderníssima (apesar de um vidro estilhaçado). Sim, talvez não o esperássemos.

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