Fugas - Motores

Pose majestática e comportamento soberano

Por José Augusto Moreira

Quarentão com estilo e em grande forma, o Range Rover adaptou-se ao perfil e às exigências da modernidade, refinando ainda toda a classe eglamour que sempre foram a suas marcas distintivas. Tanto em estrada como no monte, bem-vindo a bordo.

O melhor é mesmo esquecer o conceito e a imagem que nos habituámos a ter do clássico Range Rover, um fenómeno único de classe e distinção que saltou para a estrada já em 1970, mas que chegou agora à idade da revolução. É isso mesmo. A mudança agora operada com a quarta geração do modelo é de tal modo significativa que não se trata apenas de uma grande evolução. Pelo refinamento e elegância das novas linhas, mas sobretudo pelas aptidões mecânicas e electrónicas que convertem o clássico britânico num caso verdadeiramente único de conforto e versatilidade.

Seja no rolamento em estrada ou nos picos das montanhas, o novo Range Rover destaca-se pela absoluta eficácia e elegância de comportamento. Uma espécie de quadratura do círculo no mundo da construção automóvel, já que estamos perante um veículo que consegue conjugar a sofisticação das melhores berlinas de representação com as capacidades dos mais competentes todo-o-terreno. Um caso único, portanto.

E o desafio nem parecia nada fácil, já que passava, à partida, por evoluir de uma espécie de paquiderme mecânico, sobretudo apto para os pisos mais complicados, para um modelo versátil e eficaz em todos os ambientes, mas ao mesmo tempo com o conforto e a sofisticação dos melhores. Prova que foi plenamente superada.

É claro que os recursos tecnológicos são hoje uma componente essencial, mas também a opção por uma estrutura em alumínio teve um papel central na concepção deste SUV, que é de luxo seja qual for a perspectiva de análise. Uma carroçaria de alumínio que, além da novidade que representa para o segmento, tem ainda a particularidade de resultar num ganho de 30% de rigidez e, portanto, na resistência ao choque.

É, no entanto, ao nível do peso e nas suas consequências que estão as principais alterações: menos 420 kg que o modelo anterior, 300 dos quais como consequência directa da troca do aço pelo alumínio, o que permitiu adoptar, sem prejuízo das performances, o bloco 3.0 TDV6 (258 cv), que pesa menos 120 kg que o 4.4 TDV8.

Com as poupanças no peso, um motor mais frugal associado a caixa automática ZF de oito velocidades e um eficiente sistema start-stop, vieram também importantes ganhos em consumo e emissões de CO2. Os números oficiais apontam para consumos médios de 7,5l/100km e 196g/km de emissões poluentes. E mesmo tendo em conta que aqueles níveis de consumo nem sempre se atingem na utilização comum (na realidade andamos sempre na casa dos 9,3), trata-se sempre de uma notável evolução já que, mesmo que não o pareça, estamos perante um gigante das estradas, com os seus cinco metros de comprimento e mais de duas toneladas.

E não parece, desde logo pelo apurado design e pormenores de estilo, incorporados da família Jaguar, que tornam este novo Range muito mais “leve” e “arrumado” à primeira vista. À qualidade perceptível e evidente bom gosto dos materiais e acabamentos junta-se também o nível de conforto e comportamento em estrada absolutamente irrepreensíveis. Poucas vezes a designação subir a bordo fará tanto sentido, já que, com uma estrutura pensada para absorver vibrações e solavancos, vidros com laminado especial para filtrar ruídos e confortáveis poltronas (com aquecimento e regulação electrónica), a sensação é a de viajar numa cápsula deslizante e insonorizada.

O mais surpreendente é que também fora de estrada se mantém esta sensação de conforto e suavidade quando se trata de superar os mais desafiantes obstáculos. Não há pancadas nem saltos bruscos, mesmo em circunstâncias que parecem desafiar as leis da gravidade.

O mesmo comportamento aristocrático em estrada, com tracção integral permanente e uma suspensão preparada para absorver todas as asperezas e suavizar o efeito das curvas graças ao trabalho da electrónica.

Um compromisso entre segurança e conforto — que alguns tenderão a catalogar como adorno — que se traduz em permanente suavidade. O mesmo se diga em relação à resposta da caixa automática, que os mais impetuosos tenderão a classificar de lenta nas relações mais baixas, mas que parece resultar antes desse objectivo de suavidade, evitando todo o tipo de solavancos ou mudanças bruscas.

Para os amantes das emoções fortes, resta sempre a opção pelo modelo de condução desportiva, ajustando as ajudas electrónicas ou modelo de suspensão e comando manual das relações de caixa com patilhas no volante.

 

Beleza é fundamental

Numa mudança radical em todos os aspectos, a que primeiro se destaca nesta quarta geração do Range Rover é o equilíbrio e elegância estética. À qualidade e evidente bom gosto dos materiais utilizados, junta-se a suavização de linhas a deixar a sensação de maior leveza e equilíbrio. O maior efeito será mesmo o de “esconder” as proporções gigantescas que este carro continua a ter. É claro que não é o mais importante, mas beleza continua a ser fundamental.

 

Yes sir!

Num carro que oferece quase tudo e com pose claramente aristocrática, é também possível optar por um sistema de condução que funciona como mordomo para todo o serviço. Uma espécie de yes sir electrónico que se encarrega de gerir todas as ajudas electrónicas em função das circunstâncias e das condições do piso. Basta colocar o pistão selector na posição “auto” e até o condutor menos preparado está pronto para enfrentar as situações mais complicadas. As únicas opções passam pelo controlo do volante e a dosagem do acelerador. Tudo o resto é com o Range.

 

Há que trepar

Com uma tão larga competência para enfrentar terrenos adversos e superar obstáculos, é claro que nem tudo podiam ser facilidades. Um dos maiores óbices está na dificuldade de acesso face à altura do solo, que obriga literalmente a trepar para o interior. Coisa que nem sempre se afigura fácil, sobretudo tratando-se de pessoas mais idosas. Para compensar, a suspensão está dotada de um sistema de rebaixamento electrónico que ajuda um pouco. Mas nem mesmo assim continua a deixar de ser preciso trepar.

 

Condutor não vê

Entre o vasto e luxuoso equipamento de série, o Range Rover inclui um sistema de televisão que se pode sintonizar através do écran multifunções... mas que se torna invisível para o condutor. Quer isto dizer que quando é colocado um DVD ou se sintoniza um canal de TV (apenas os que são emitidos em sinal aberto), o condutor continua a visualizar a função que tinha antes seleccionada, isto enquanto todo o écran oferece aos restantes passageiros a visão do programa escolhido.

 

Ficha técnica

Mecânica

Cilindrada: 2993cc
Potência: 258cv às 4000rpm
Binário: 600 Nm à 2000rpm
Cilindros: 6 cilindros em V
Combustível: Diesel
Tracção: Integral permanente
Caixa: Automática de 8 velocidades
Suspensão: Duplos triângulos sobrepostos (f/t)
Direcção: Eléctrica (12,3m de diâmetro de viragem)
Travões: Discos ventilados (f/t)

Dimensões

Comprimento: 4,999m
Largura: 1,983m
Altura: 1,835m
Peso:2160 kg
Pneus/jantes:255/55 R20
Depósito:85l
Mala:550/2030l

Prestações*

Vel. máxima: 209 km/h
Aceleração 0/100: 7,9’
Consumo médio:7,5l/100km
Emissões CO2:196g/km
*Dados do construtor
Preço: 119.542€

Equipamento

ABS:Sim
Airbags:Frontais, laterais (só à frente), de cortina
EPS (controlo electrónico de estabilidade): Sim
Assistência ao arranque em subida: Sim
Travão de assistência em descida:Sim
Start/Stop:Sim
Indicador pressão dos pneus:Sim
Sensores estacionamento:Sim (f/t)
Parqueamento automático: Opcional (707€)
Sensores de chuva:Sim
Sensores de luz:Sim
Tejadilho panorâmico:Sim
Ar condic.:Automático 4 zonas
Retrovisores rebatíveis electronicamente:Sim
Sistema navegação: Sim (com TV)
Bancos aquecidos: Sim (à frente com regulação electrónica e massagem)
Tampa da mala eléctrica:Sim

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