Fugas - Motores

Não é um SUV, não é um coupé – é o Mini Paceman

Por João Palma

Esqueçam-se os rótulos: é difícil enquadrar o Paceman nas categorias clássicas de veículos. Bonito e divertido, com algo de SUV, algo de coupé, não é uma coisa nem outra. O maior contra é o preço, mas qualidade e exclusividade pagam-se

Os modelos da Mini têm uma versatilidade que lhe é conferida por sete versões diferentes. Mas todas elas, Mini, Clubman, Coupé, Cabrio, Roadster, Countryman e Paceman, têm simultaneamente uma identidade própria comum que as distingue de qualquer outro carro, com ênfase na exclusividade e no prazer de condução. A Fugas teve oportunidade de conduzir um Mini Cooper D Paceman, equipado com o motor 1.6 a gasóleo de 112cv da BMW – uma motorização com consumos reduzidos e performances aceitáveis.

O Paceman deriva do Countryman, o SUV da Mini, com os mesmos 4 lugares, mas difere por ter uma silhueta distinta com visual mais desportivo que lhe é dado pelo tejadilho mergulhante, estilo coupé; por ter 3 portas em vez das 4 do Countryman; por os bancos traseiros não terem ajuste longitudinal; e pela menor altura ao solo (embora maior que a dos restantes modelos da gama Mini). Com 4,11m de comprimento, o Paceman não é tão mini como isso – é mesmo o mais comprido dos sete, superando até o Countryman (4,10m).

Como é que se pode classificar este carro bonito e diferente, que faz virar cabeças ao passar? O tejadilho mergulhante dá-lhe um certo visual de coupé. A maior altura ao solo não é suficiente para se poder considerar um SUV. Tem um certo ar desportivo, mas nem o botão Sport (uma opção, 130€), que torna a assistência da direcção mais directa e a resposta ao acelerador mais rápida, confere um real espírito desportivo a esta versão do Paceman com 112cv.

Em que ficamos então? A Mini designa o Paceman por Sports Activity Coupé compacto. Esqueçamos então os rótulos e fiquemo-nos pela descrição deste veículo esteticamente bem concebido, de linhas originais, com bons materiais e acabamentos cuidados, que suscita paixões à primeira vista e não desilude nas impressões posteriores.

Pese embora o visual desportivo, esta versão do Paceman dá mais ênfase à economia de consumos e a performances comedidas. O motor turbo 1.6 de 112cv a gasóleo, acoplado a uma bem escalonada caixa manual de 6 velocidades, vem dotado de sistema Start&Stop de paragem e arranque automáticos do motor, recuperação de energia de travagem e indicador de mudança de velocidade, para reduzir consumos e emissões. Assim, embora algo distante do consumo médio anunciado pela marca, foi possível obter uma média razoável de 6,3 l/100km num percurso misto: cidade, estrada e auto-estrada.

Sem grandes alardes, o motor é suficientemente potente para deslocar com facilidade os 1375kg deste veículo, respondendo bem ao acelerador em recuperações, ultrapassagens e quando a estrada é mais inclinada, sem necessidade de grande trabalho de caixa. Apesar da altura, este modelo é estável em curva e não sofre muito os efeitos de ventos laterais. A posição alta de condução proporciona uma óptima visibilidade para a frente, mas não tanto para trás, seja pelos retrovisores exteriores, seja pelo interior, com os encostos de cabeça a dificultar a visão pelo óculo traseiro.

No interior, pela qualidade dos materiais e acabamentos, pelo design do tablier e pela instrumentação é um típico Mini, mas com diferenças positivas: os comandos dos vidros estão colocados nos painéis das portas, o que facilita o seu accionamento e há uma calha central que se prolonga até aos bancos traseiros, com suporte específico para iPhone ou para copos. Essa calha é iluminada (a luz ambiente pode ter diferentes tonalidades, reguladas por um botão no tejadilho, junto ao pára-brisas). A calha faz a separação dos dois bancos traseiros, semelhantes aos da frente.

A habitabilidade é boa para os quatro ocupantes e, apesar do tejadilho mergulhante, mesmo quem seja mais alto não toca com a cabeça no tecto. A acessibilidade aos bancos traseiros é boa. Já a capacidade da mala, 330 litros, é mediana (apesar de o Paceman trazer pneus run-flat, dispensando o espaço para alojar pneu sobresselente ou kit) e, embora os bancos sejam facilmente rebatíveis para atingir os 1080 litros, não forma um fundo plano. Para isso é necessário adquirir uma tampa (opção, 230€).

O principal “defeito” desde atractivo veículo é o preço, mais de 28 mil euros, valor a que se tem de adicionar os “opcionais” tornam obrigatórios de adquirir para se ter um carro com condições mínimas. Essa é a política da BMW e da Mini (e não só – há outras marcas a praticá-la). Por isso, quando se trata de adquirir um modelo do grupo bávaro, há sempre que contar com uns bons milhares de euros a somar ao preço-base anunciado. No caso do Paceman que guiámos, os extras eram mais 6540€…

Ficha Técnica*

 

Motor:4 cil. em linha, 16v, 1599cc, gasóleo
Potência: 112cv às 4000rpm
Binário: 270 Nm entre as 1750 e 2250 rpm
Veloc. Máx:187 km/h
Aceleração 0/100 km/h:10,8s
Consumo médio: 4,4 l/100 km
Emissões CO2: 115 g/km
Preço:34.990€ (preço-base 28.450€)

* Dados do construtor

 

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