Fugas - Motores

  • José Sarmento Matos
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Operação de cosmética por dentro e por fora

Por Carla B. Ribeiro

Não é um carro novo, mas tem uma nova cara. Três anos após a sua estreia nos mercados, o RCZ foi alvo de uma operação de cosmética que soma atributos de qualidade a um produto que em 2010 já arregalava olhos.

Parece tudo igual? Nem por isso. Basta um segundo e, mesmo olhando-o de relance, percebe-se que o carro ganhou uma nova cara e, consequentemente, uma diferente atitude. Isto sem que o rol de adjectivos a seu favor, que conquistou em 2010, possa ser alvo de uma revisão. Pelo menos uma em baixa. Permanece tão atraente quanto o original e junta-lhe uns pozinhos de (ainda mais) sofisticação.

A principal diferença está logo no focinho, que perdeu o aspecto de bocarra, com uma única e negra grelha, e releva agora um ar mais elegante e sofisticado com duas grelhas em dois níveis diferentes.

De resto, pouco mais mudou do lado de fora, com a marca francesa a optar por manter as suas fichas no cavalo vencedor: guarda-lamas traseiros bem salientes, curvas acentuadas e tejadilho de dupla saliência que se prolonga por um amplo vidro posterior.

Já no interior não faltam novidades ao toque: a inserção da alavanca de velocidades passou a ser preta lacada; os painéis de porta passam a ser revestidos com inserções de couro, combinando com os bancos — em Couro Nappa / Alcantara, Couro Integral ou Couro Nappa (como a versão ensaiada, incluído num pack opcional que junta ainda bancos dianteiros aquecidos com regulação eléctrica e lombar, retrovisores exteriores eléctricos, aquecidos e rebatíveis electricamente, além de indexados à marcha-atrás e tapetes).

Tudo combinado, uma coisa se percebe: o carro permanece duro como um desportivo deve ser, mas uma viagem consegue não ser tão desconfortável como seria de esperar. Mesmo que não haja buraquinho ou saliência na estrada que consiga passar despercebido.

Tanto nas opções Couro Nappa como Integral, a consola central surge separada do painel de bordo por duas inserções em alumínio. Ainda assim, há algo de obsoleto no painel, que parece destoar do ar futurista do RCZ. E não tem nada que ver com o pequeno relógio analógico – este, pelo contrário, serve para que a marca some pontos positivos nesta aposta por colocar o RCZ numa fasquia superior.

Ainda com este facelift, a marca aproveitou para aumentar o número de opcionais que permitem personalizar o carro, como as cores e apliques. Mas o que mais se destaca entre as novidades em opção é a dezena de desenhos de jantes, entre as quais duas novas de 19’’, disponíveis em duas cores (no caso do exemplar conduzido, umas vistosas Technical Grey).

Já sobre a forma como rola há pouco mais a acrescentar ao que foi escrito em 2010. Apenas confirmar. O Peugeot RCZ permanece um carro bem conseguido para quem procura um coupé desportivo: é divertido de conduzir e, com um torque de 275 Nm disponível logo a partir das 1700rpm, aguerrido nas prestações, pedindo sempre mais do condutor mas retribuindo sem pudores.

Por isso, parece peixe na água tanto num traçado de estrada (e quanto mais curvas lhe forem apresentadas melhor, sentindo-se as rodas coladas ao asfalto) como num de auto-estrada (cuidado com os entusiasmos!). Por isso, é com alguma surpresa (e alívio, confesse-se) que se observa que o consumo médio registado em circuito misto não fica longe dos 6,7 l/100km anunciados pela marca.

Já na cidade, onde os consumos apurados também andaram em linha com os anunciados (a marca fala em 8,8; conseguimos 8,9 l/100km), fica triste. O carro e também quem segue atrás do volante. Não que não goste de um andamento de pára-arranca. Mas não a uma velocidade urbana — não é à toa que a marca junta ao pacote do RCZ 1.6 THP 200cv um Curso de Condução Driving Experience no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão.

Certo é que, depois de conduzir esta motorização com 200cv, a curiosidade aguça-se relativamente ao mesmíssimo motor mas com 260cv, que surgirá na segunda metade deste ano.

 

Apertadinhos com estilo

Não vale a pena sequer olhar para a coisa como um defeito. O RCZ não é um carro de quatro lugares. É um 2+2. E isto quer dizer que os lugares traseiros não são para ser considerados como uma opção diária (a não ser que se tratem de bebés ou crianças em idade pré-escolar), mas antes para desenrascar alguma situação. No entanto, se se der o caso de ter de enfiar mais dois passageiros na viatura, o mais certo é que estes se sintam numa espécie de nave: os assentos são tipo baquet; os cintos prendem-se no lado oposto ao que se está habituado e tudo à volta da cabeça é vidro transparente. O acesso pode não ser o melhor, mas o facto de os bancos dianteiros possuírem memória (duas posições) agiliza a manobra.

 

Carro para dois, mala para quatro

Como já se percebeu, o RCZ é sobretudo um carro para duas pessoas. Por isso, não deixa de ser espantoso o espaço oferecido pela bagageira: 384 litros, valor que o coloca entre os melhores dos seus pares. A arrumação é ampla, mas também há lugar para pequeninos objectos que se podem arrumar em vários espacinhos sob o alçapão. Além do mais, com (as desejáveis) duas pessoas no habitáculo, há sempre a possibilidade de rebater os bancos traseiros, permitindo aumentar a capacidade de arrumação até 760l. Por todo o habitáculo, a arrumação também não foi descurada. Como nas portas, onde uma garrafa de litro e meio de água cabe sem qualquer esforço, ou no porta-luvas.

 

Estabilidade do aileron

Aqui não há novidades, mas isso não significa que não valha a pena refrescar a memória. O aileron mantém-se móvel e é accionado automaticamente mediante a velocidade atingida: a mais de 85 km/h eleva-se a uma posição intermédia; acima dos 155km/h, abre-se em toda a sua grandeza. No entanto, não é necessário infringir quaisquer limites de velocidade para usufruir do aileron. Na consola central, um pequeno botão acciona o spoiler logo para a segunda posição, mantendo-se assim enquanto o condutor o quiser. Vantagens? Além de tornar o carro mais estável, ajuda a manter os níveis de consumo em números muito interessantes.

 

Nova frente

É de facto o que mais sobressai nesta operação de estética de 2013: uma nova frente, redesenhada a pensar em tornar o carro mais sofisticado. Para isso, trocou a grelha única que compunha a sua frente por duas independentes e em diferentes níveis: a de cima, central, integra duas lâminas cinzeladas e inclui o nome Peugeot numa base cromada; a de baixo estende-se praticamente ao longo de toda a carroçaria, com lâminas em preto brilhante, rematadas em ambos os lados por luzes em LED. E, claro, chega com o novo emblema do leão, já estreado noutros modelos e aplicado directamente na carroçaria.

 

 

Barómetro

+ Comportamento em estrada, materiais utilizados nos interiores, espírito aguerrido, arrumação, consumos

- Lugares traseiros apertados, comportamento em cidade

 

 

Ficha Técnica

 

Mecânica

Cilindrada: 1598cc

Potência: 200cv às 5500rpm

Binário: 275 Nm às 1700 rpm

Cilindros: 4 em linha

Válvulas: 4 por cilindro

Combustível: Gasolina

Alimentação: Injecção directa, turbo, intercooler

Tracção: Dianteira

Caixa: manual de 6 velocidades

Suspensão: rodas independentes, tipo pseudo Mc Pherson e molas helicoidais, à frente; trem traseiro de travessa deformável com barra estabilizadora integrada, molas helicoidais, atrás

Direcção: assistida por grupo electrobomba; variável em função da velocidade do veículo e da velocidade angular do volante

Travões: discos ventilados de prensa flutuante e afinação automática, à frente; discos de prensa flutuante, atrás

Diâmetro de viragem: 9,9m

 

Dimensões

Comprimento: 4287mm

Largura: 2107mm

Altura: 1362mm

Peso: 1411kg

Pneus: 235/40 R19

Capac. depósito: 55 litros

Capac. mala: 384 litros

 

Prestações*

Velocidade máxima: 235 km/h

Aceleração de 0 a 100 km/h: 7,5s

Consumo misto: 6,7 litros/100 km

Emissões CO2: 155 g/km

 

Preço

33.980€ (versão ensaiada: 39.405€)

 

*Dados do construtor       

 

Equipamento

 

Segurança

ABS: Sim, com assistência electrónica à travagem (EBD)

Airbags frontais: Sim (sistema de neutralização por chave)

Airbags laterais: Sim

Airbags laterais traseiros: Não

Airbags de cortina: Não

Airbag de joelho para condutor: Não

Controlo de tracção: Sim

Programa Electrónico de Estabilidade: Sim (com função ESP Off permanente)

Sistema de assistência ao arranque em rampa: Sim

 

Vida a bordo

Vidros eléctricos: Sim

Fecho central: Sim (trancamento automático das portas e do porta-luvas em andamento)

Comando à distância: Sim

Direcção assistida: Sim

Retrovisores eléctricos: Sim e aquecidos (Pack Couro Nappa)

Ar condicionado: Sim, automático

Bancos traseiros rebatíveis: Sim

Jantes de liga leve: Opção (19’’, Technical Grey – 475€)

Rádio CD: Sim, com ligação USB, Bluetoothe compatível com iPod (com Navegação WIP Nav Plus)

Comandos no volante: Não

Volante regulável em altura: Sim

Volante regulável em profundidade: Sim

Computador de bordo: Sim

Cruise Control: Sim

Alarme: Opção (280€)

Bancos dianteiros eléctricos: Sim (com Pack Couro Nappa)

Bancos dianteiros aquecidos: Sim (com Pack Couro Nappa)

Bancos dianteiros com regulação lombar: Sim (com Pack Couro Nappa)

Estofos em pele: Sim (com Pack Couro Nappa)

Navegação: Sim (com Pack WIP Nav Plus)

Tecto de abrir: Não

Sensores de chuva: Pack Visibilidade (série)

Sensores de luminosidade: Pack Visibilidade (série)

Sensores de parqueamento: Sim, atrás

Faróis de nevoeiro: Sim

Faróis diurnos: Sim, em LED

Faróis de xénon: Sim (com Pack Vision)

Lava-faróis: Sim (com Pack Vision)

Pack Black: 780€

Navegação WIP Nav Plus: 990€

Pack Vision: 795€

Pack Couro Nappa: 1690€

Pintura metalizada: 415€

 

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