São 470 os componentes alterados neste redesenho apresentado do Toyota Verso. E mais de metade salta à vista. Sobretudo na sua frente, que aplica a nova linguagem de design da marca, já vista noutros modelos do fabricante japonês. Mas também no seu interior são bem visíveis mudanças, quer no estilo, quer nos materiais, que, cada vez mais, procuram agradar ao mercado europeu. Por isso, não foi à toa que este facelift tenha tido como base de operações o centro de Design da Toyota na Europa.
Depois, do lado de fora, é difícil imaginar que, de facto, cabem sete no novo Verso. “E, se cabem,” – pensa-se – “é porque ficam apertados.” Puro engano: na segunda fila, há três lugares compostos por três bancos perfeitamente separáveis e, embora a última fila se esconda facilmente sob a chapeleira, há mais dois lugares atrás onde se viaja com algum aperto (depende do tamanho de perna de quem segue nas filas da frente), mas sem grandes sacrifícios.
Melhor: não é preciso tirar um curso para montar e desmontar bancos; para chegar para a frente ou para trás; para rebater ou endireitar. E os acessos à terceira fila são facilitados que, para lá chegar, não é preciso ter alma de contorcionista.
Posto isto, é muito provável que quem opta por um sete lugares não necessite diariamente da utilização dos mesmos, servindo os dois lugares de trás para aquela ocasião em que os tios estão de visita ou os amigos dos filhos vão passar o fim-de-semana lá a casa. E, se esse for o caso, então há espaço na bagageira para transportar os vários pertences de cinco ocupantes: até à chapeleira, atesta a marca, é possível arrumar 440 litros (699 litros, se se retirar a chapeleira para a qual há arrumação sob o tapete do porta-bagagens).
Com o espaço resolvido, passe-se ao coração deste Verso, que a Portugal chegou com duas motorizações, ambas a diesel. Há um bloco de 2231cc e 150cv (apenas com caixa automática e equipamento de topo), mas este é demasiado castigado por impostos — o preço-base é de 23 mil euros; o final atinge quase os 45 mil — e, por isso, será opção apenas para uma franja de mercado. Já a versão ensaiada, com um bloco de 2.0 litros e 124cv, geridos por uma caixa manual de seis relações, torna-se mais democrática. Com o nível de equipamento testado, o Comfort, o preço-base de 19.000€ cresce até aos 31.500€, o que significa que paga cerca de metade do ISV imposto ao 2.2.
Além do mais, sem qualquer solução híbrida, é importante referir o trabalho feito neste revisto bloco 2.0 D4D no que diz respeito a consumos. Para esta motorização, a Toyota aponta para um consumo urbano na ordem dos 5,9 l/100km (conseguimos andar por uns satisfatórios 6,7 l/100km), enquanto a versão de 150cv exigirá pelo menos oito litros a cada cem quilómetros. Por curiosidade, com o Prius+, que compõe a solução híbrida de sete lugares, os consumos andaram menos em linha com os anunciados e revelaram-se mais dispendiosos (o Prius+ apresenta-se com um motor eléctrico associado a um bloco 1.8 a gasolina, cujos valores se fazem sentir na altura de reabastecer).
Mas serão os 124cv suficientes para levarem a bom porto 1715kg de carro mais o peso de sete pessoas? Admita-se: não é muito célere quando segue cheio e o melhor é pensar bem as manobras antes de as efectuar. Mas, com um binário máximo de 310 Nm, disponível a partir das 1600rpm, também não entra para a liga dos molengões. Será mais adequado dizer-se que é um veículo tranquilo, conseguindo boas prestações desde que lhe seja dado tempo e beneficiando de um rolamento estável graças a novas afinações tanto na suspensão dianteira (do tipo MacPherson) como na traseira (com eixo de torção).
Caso siga a bordo apenas o condutor, até parece capaz de revelar um comportamento mais espevitado, com recuperações que chegam a ser interessantes, ainda que não arrebatadoras, sem que o facto possa entrar para a lista de “contras”.
De família
As mudanças deste novo Verso não são poucas. Aliás, a marca avança que há “470 componentes alterados”. Mas as modificações mais vincadas deste Verso são precisamente na sua frente, onde é visível a adaptação da nova linguagem de design da Toyota, tornando-o mais um parente da família nipónica que assenta exclusivamente nas necessidades do mercado europeu. Para tal, o pára-choques dianteiro foi redesenhado, exibindo duas grelhas: uma, mais pequena e superior, que une as ópticas da frente com uma barra horizontal de acabamento cromado e onde se evidencia o logótipo Toyota; a segunda, inferior e trapezoidal, a ligar os faróis de nevoeiro com acabamentos cromados. O resultado é uma aparência mais larga do que a realidade.
Head-up display
Antes que haja confusões, o modelo ensaiado não dispõe de head-up display, aquele sistema em que as informações mais prementes surgem reflectidas no pára-brisas, mesmo à frente dos olhos do condutor sem que este tenha de desviar a sua atenção da estrada. Mas a posição tanto do velocímetro como dos ecrãs do computador de bordo foi pensada para dar essa vantagem ao condutor: são altos, tendo sido colocados quase em linha com o olhar, e desimpedem a vista para a frente. Nota baixa, porém, para o visor de indicação de mudança de velocidade. É demasiado pequeno e, dependendo da posição do volante, pode até ficar escondido sob o aro.
Lugar para todos
Assentos é coisa que não falta neste MPV. São sete, mesmo sete — embora os dois traseiros acabem por ficar mais espremidos que o desejável. Ainda assim, no Verso cabem filhos, pais, cães, gatos e até o periquito. Pena que, com os sete lugares montados, não caiba praticamente bagagem nenhuma (155 litros, acompanhando as costas dos bancos; 198 litros, até ao tecto). Se os sete lugares forem necessários até para viagens grandes, então há a possibilidade de arrumar a bagagem no tejadilho. No entanto, esta hipótese chega com custo acrescido. As barras do tejadilho são consideradas acessório e custam 190€.
A recalcular…
Pode ser azar. Ou falta de experiência com programas de navegação. Mas não há vez que o programa Touch&Go da Toyota não se ponha a recalcular trajectos quando: 1) não houve qualquer engano da parte do condutor; 2) faltam menos de cinco quilómetros para chegar ao destino. E, de repente, já não faltam cinco. Faltam nove. E, sem se dar por isso, já se está numa estrada que parece ir dar a nenhures. Até que volta a recalcular, levando-nos a ficar cada vez mais longe do sítio para onde queremos ir. Solução? Desligar sistema de navegação, encostar na localidade mais próxima e pedir direcções. Não há como falhar.
Ficha técnica
Mecânica
Cilindrada:1998cc
Potência:124cv às 3600 rpm
Binário:310 Nm entre 1600 e 2400 rpm
Cilindros: 4
Válvulas: 16
Combustível:Gasóleo
Alimentação:Injecção directa por rampa comum, com turbo de geometria variável e Intercooler
Tracção: Dianteira
Caixa: Manual, de seis velocidades
Suspensão: à frente, do tipo MacPherson; atrás, barra de torção
Direcção: Pinhão e cremalheira, assistida
Diâmetro de viragem: 11,20m
Travões: Discos ventilados, à frente; discos sólidos, atrás
Pneus: Pneus 205/60 R16
Dimensões
Comprimento: 4460mm
Largura: 1790mm
Altura: 1620mm
Peso: 1715kg
Capac. depósito: 55 litros
Capac. mala: 440 litros (1009 litros com bancos traseiros rebatidos; 155 litros com sete lugares montados)
Prestações*
Velocidade máxima:185 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h:11,3s
Consumo misto:4,9 litros/100 km
Emissões de CO2:129 g/km
* Dados do construtor
Preço
31.500€ (viatura ensaiada, 32.010€)
EQUIPAMENTO
Segurança
ABS: Sim
Controlo electrónico de estabilidade (ESP):Sim
Assistência ao arranque em subida: Não
Airbags dianteiros: Sim (com possibilidade de desactivar o do passageiro)
Airbags laterais: Sim, à frente
Airbags de cortina: Sim
Airbag de joelhos para o condutor:Sim
Aviso de colocação dos cintos de segurança:Sim
Fixações Isofix:Sim
Vida a bordo
Fecho central: Sim
Comando à distância: Sim
Abertura do depósito no interior: Sim
Vidros eléctricos:Sim
Vidros escurecidos: Sim
Bancos aquecidos: Sim, dianteiros
Porta-luvas refrigerado: Sim
Faróis de nevoeiro dianteiros:Sim
Retrovisores rebatíveis electricamente: Sim
Retrovisores aquecidos: Sim
Sensores de luz: Sim
Sensores de chuva:Sim
Ar condicionado: Sim, automático e bizona
Comandos no volante:Sim
Volante em pele: Sim
Volante regulável em altura: Sim
Volante regulável em profundidade:Sim
Função Start/Stop: Não
Cruise Control com limitador de velocidade: Sim
Câmara traseira:Sim (integrada no Sistema Toyota Touch)
Jantes em liga leve:Sim, de 16’’
Sensores de estacionamento traseiros:Não
Computador de bordo:Sim
Rádio/CD:Sim
Entrada USB e Aux: Sim
Ficha de 12V: Sim
Conexão Bluetooth: Opção (integrada no Toyota Touch & Go)
Navegação por GPS: Opção (integrada no Toyota Touch & Go)
Luzes de dia: Sim
Faróis de bixénon: Não
Tecto panorâmico:Não
Travão de estacionamento eléctrico: Não