Fugas - Motores

O regresso do minimonstro do todo-o-terreno

Por Carla B. Ribeiro

Tamanho não é documento e o pequenino Fiat Panda 4x4 revela mais aptidões para circular fora-de-estrada que veículos maiores e teoricamente mais credenciados. Um verdadeiro David contra Golias

Trinta aninhos (feitos em Junho) é razão mais do que suficiente para celebrar. E não há melhor maneira de festejar um modelo do que o lançamento do mesmo, mas renascido. A versão 4x4 do Fiat Panda chegou no fim de 2012, quase um ano após a chegada da nova e terceira geração do Fiat Panda, no início desse ano. E veio para confirmar o espírito todo-o-terreno do pequeno modelo da marca italiana, que continua a surpreender pela versatilidade e capacidade de enfrentar um grande número de adversidades.

Mas tirem-se desde já as dúvidas: não é por ser um 4x4 que se torna menos apto para palmilhar a cidade. O Panda, seja em que versão for, é sempre um citadino simpático de se conduzir (e de estacionar: pelo espaço, com 3686mm de comprimento, mas também pela opção City, que torna o carro muito fácil de manusear). Além de divertido, tem um bom nível de equipamento, em que se incluem um eficiente ar condicionado manual ou o rádio com leitor de CD/MP3. Como opção, pode ter o sistema de info-entretenimento Blue&Me TomTom2 Live ou o sistema City Brake Control, que, até 30 km/h, reconhece obstáculos à frente da viatura e trava caso o condutor não o faça em tempo útil.

Mas é quando se sai da cidade, quer por asfalto quer por caminhos menos direitinhos, que ele mostra bem do que é capaz, tirando proveito da tracção integral mas também dos ângulos de ataque, saída e ventral, de, respectivamente, 21º, 36º e 20º. É certo que não é um grande monstro do todo-o-terreno (nem o seu preço é tão assustador como o daqueles), nem sequer tem altura ao solo para isso, por isso o melhor é poupá-lo a incursões mais árduas. Mas este monstrinho também não se acanha em brincadeiras off-road muito por causa do sistema de transmissão Torque On Demand (binário a pedido, numa tradução literal). Isto é, quando necessário o Panda transforma-se para ultrapassar os obstáculos.

Com o renovado esquema de suspensões, assim como com pneus 175/65 R15 84T M+S, o Panda 4x4 consegue adaptar-se a vários tipos de piso: neve ou gelo, lama ou terra batida. Osistema de controlo electrónico de estabilidade com diferencial autoblocante electromecânico apoia o arranque em pisos com fraca aderência e, abaixo de 50 km/h, bloqueia as rodas sem aderência, transferindo a força destas para as que continuam “agarradas”.

Dessa forma, não é pelo seu pequeno tamanho que se pode calcular o obstáculo a enfrentar. Sobe, desce, afunda-se e desafunda-se sem que em nenhum momento provoque qualquer tipo de ânsia a quem segue lá dentro. Até porque, para lá das pequenas alterações no desenho exterior face à versão 4x2, mais evidentes nas protecções laterais (lamentavelmente em plástico), o Panda 4x4 mostra-se bem protegido: sob a carroçaria, protecções rígidas em alumínio dão confiança q.b. para se enveredar por empedrados e caminhos tortuosos.

Como motorização diesel (tão apreciada no mercado português), 1.3 Multijet de 75cv, a Fiat consegue aliar diversão off-road a baixos consumos – embora superiores aos da versão normal do Panda, até porque para se conseguir um binário capaz de enfrentar certos terrenos o ideal é desligar o sistema Start&Stop (que, diga-se, nem sempre cumpre os requisitos na cidade; não são poucas as vezes que no sinal vermelho o carro se “esquece” de desligar). Por isso, aos 5,0 l/100km calculados pela Fiat para os percursos urbanos o melhor é somar mais um ou dois de cada vez que se sai do alcatrão.

Fiat Panda 1.3 Multijet 16v 75cv S&S 4x4
Motor: 1248cc, 4 cil., turbodiesel
Potência: 75cv às 4000 rpm
Binário: 190 Nm às 1500 rpm
Transmissão: caixa manual de cinco velocidades
Veloc. máxima: 159 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h: 14,5s
Consumo médio (100 km): 4,7 litros
Emissões de CO2: 125 g/km
Ângulos (ataque/saída/ventral): 21/36/20
Preço: 19.500€

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