Fugas - Motores

Hi-Yo Silver!

Por João Palma

Não é o mais potente (mas quase...), o mais económico ou o mais funcional dos Mini. Mas poucos contestarão que o JCW Roadster é o mais giro e dos mais divertidos de conduzir. Com a capota de lona em baixo ou levantada é sempre a acelerar.

Querem saber onde o Mini John Cooper Works Roadster se sente como peixe na água? Levem-no para uma estrada sinuosa de montanha com pouco trânsito e soltem-lhe os 211 cavalos. Hi-Yo Silver! Muito a propósito, o endiabrado carrinho que conduzimos era prateado, Silver, como o nome do cavalo do Zorro. Só com dois lugares reais (e não com a “hipocrisia” dos 2+2 lugares de, por exemplo, o Mini Cabrio), o pequeno desportivo galopa à desfilada não em trilhos poeirentos mas no asfalto serpenteante.

E não é preciso ser-se um Zorro da condução para pegar nas rédeas deste cavalinho espevitado. Qualquer condutor normal pode desfrutar o prazer de conduzi-lo, sentir a sua capacidade de resposta quase instantânea ao pisar do acelerador, que, aliada a uma direcção muito directa, lhe permite fazer ultrapassagens ou descrever curvas apertadas com uma precisão e a uma velocidade que consideraria impensáveis – é como se fosse um kart com carroçaria.

Carroçaria que não é um “embrulho” qualquer: com um visual desportivo realçado pelas duas largas faixas longitudinais que se prolongam do capot até à traseira (pretas, ou no caso do carro que conduzimos, de um ainda mais chamativo vermelho a cortar o cinzento-prata), apenas interrompidas pela capota de lona preta e que apontam ao escape duplo central, o pequeno Mini Roadster, derivado do Mini Coupé, é tão bonito quanto potente, em especial na “apimentada” versão John Cooper Works (a motorização “mais fraquinha” deste descapotável tem 122cv). O aileron traseiro que se levanta automaticamente acima dos 80 km/h e se recolhe abaixo dos 60km/h (é possível levantá-lo manualmente com um comando) também contribui para o visual desportivo.

Apesar dos 211cv e dos apenas 1270kg de peso do carrinho (ou carrão?) que conduzimos, sentimo-lo sempre bem agarrado ao asfalto – o Roadster JCW voa, mas voa baixinho como o crocodilo da velha anedota soviética.

Então é tudo perfeito? Bem, está na altura de descermos à terra. Ponto 1: é um brinquedo (muito) caro. Com os 36.900€ de preço-base (ou os 41.980€ do veículo que conduzimos) podia-se comprar outro veículo mais funcional. Podia, mas não era a mesma coisa… Ponto 2: só pode transportar duas pessoas. Mas são dois lugares reais e não aquela ficção da configuração de 2+2 lugares em que nos bancos traseiros só se podem sentar pessoas sem pernas e com até 1,20m de altura. Em contrapartida, a mala, com 240 litros, é das maiores de todas as variantes do Mini. Há ainda um espaço suplementar para objectos entre as costas dos bancos e a traseira do habitáculo. Ponto 3: a velocidades mais elevadas, sente-se algumas vibrações e a diferença de insonorização da capota de lona para um tejadilho rígido. Além disso, apesar de o Roadster com que andámos ter o accionamento automático da capota opcional (manual de série), tem de se rodar um manípulo no topo do pára-brisas, destrancar e levantar uns 10cm a capota (de preferência usar as duas mãos) e só então premir o comando para a recolher. Para a levantar, há que proceder à operação inversa. A marca diz que a capota é accionável até 30 km/h, mas na prática o melhor é fazer essa operação com o carro parado.

Depois, há características que não são defeito mas feitio: a suspensão é algo dura como convém a um desportivo e isso sente-se em pisos irregulares, a direcção, embora muito directa, também é dura q.b. assim como o manuseamento da caixa de velocidades.

Um ponto positivo é o facto de, apesar de ser a gasolina, se comportar como um carro a diesel: apesar de ter caixa manual é praticamente impossível deixar o carro ir abaixo, as mudanças são muito elásticas e mesmo a baixas rotações o carro não se engasga. E como o binário máximo é atingido logo às 1750 rpm, a resposta ao acelerador é sempre imediata.

Também os consumos são agradavelmente reduzidos para um desportivo de 211cv. Conseguimos fazer uma média de 7,4 l/100km com percursos em estrada de montanha incluídos. Claro que se se conduzir sempre de prego a fundo, as médias podem aproximar-se dos 10 l/100km, mas neste caso, além da factura do combustível, também há que contar com a “factura” da polícia.

O aceso ao interior é fácil e os bancos desportivos sujeitam bem o corpo. Os materiais e acabamentos são de qualidade Mini. Só outro reparo: duas garrafas de água colocadas nos porta-copos da consola central tapam e impedem o acesso aos comandos situados na parte de baixo da consola (nomeadamente os dos vidros).

Ficha Técnica*
Motor: 4 cil. em linha, 16v, 1598cc
Combustível: Gasolina
Potência: 211cv às 6000rpm
Binário: 260 Nm entre as 1750 e 5500 rpm (com overboost, 280 Nm às 2000-5100rpm)
Transmissão: caixa manual de 6 velocidades
Veloc. Máx: 237 km/h
Aceleração 0/100 km/h: 6,5s
Consumo médio: 6,8 l/100 km
Emissões CO2: 157 g/km
Preço: 36.900€ (viatura ensaiada, 41.980€)

* Dados do construtor

 

 

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