O único ponto comum entre o actual Mercedes classe A e o da anterior geração é o nome. O anterior classe A tinha o formato de um monovolume; este é uma berlina. Mais comprido, mais largo e mais baixo, com um visual elegante e desportivo, o novo classe A não tem termo de comparação com os das anteriores gerações – não foi uma evolução, mas sim uma revolução total aquilo que a marca alemã fez no seu modelo de entrada na gama.
A versão mais acessível é o A 160 CDI com 90cv, que custa 26.700€. Tanto este como o A 180 CDI (105cv) com caixa manual trazem a motorização diesel 1.5 da Aliança Renault Nissan. Já os motores a gasóleo que equipam o A 180 CDI com caixa automática (1.8), os A 200 CDI (1.8) e A 220 CDI (2.2), bem como os a gasolina do A 250 e do A 45 AMG (2.0) são produzidos pela Mercedes.
A Fugas conduziu a versão a gasóleo mais potente do classe A, 220 CDI com 170cv, só superada em preço e potência pelas motorizações a gasolina comercializadas em Portugal (A 250, 211cv, 42.650€; A 45 AMG, 360cv, 58.900€).
O preço desta versão do classe A, 41.650€, seria equilibrado se não fosse a "opcionite", o mal de que padecem a generalidade dos modelos das marcas premium. O veículo que conduzimos tinha extras que lhe inflacionavam o custo para 53.000€. No caso de um veículo premium é lógico existir uma longa lista de equipamento opcional para que quem desejar possa personalizar o seu carro. E é lógico que essa lista inclua itens como o sistema de info-entretenimento e navegação Comand Online ou o tecto de abrir panorâmico. Mas num veículo desta categoria e nível de preço serem considerados opcionais coisas como os faróis de nevoeiro dianteiros ou sensores de estacionamento é esticar a corda. Citando o cómico brasileiro Jô Soares: "Tão mexendo no meu bolso!"
Já nos referimos à nítida melhoria do visual do novo classe A, mas por dentro, apesar de ser o mais pequeno e barato dos Mercedes (embora não seja bem o caso da versão que conduzimos), conserva a qualidade dos materiais e acabamentos dos modelos mais caros da marca. A instrumentação é de fácil leitura e manuseio e há espaços para guardar pequenos objectos. A visibilidade para o condutor através do óculo traseiro não é a melhor e quem for mais alto e se sentar nos bancos de trás arrisca-se a bater com a cabeça no tecto. Já o espaço para as pernas é razoável.
Quanto ao resto, é fácil encontrar uma boa posição de condução. O motor 2.2 CDI de 170cv, acoplado a uma excelente caixa automática de 7 relações, proporciona uma condução fácil, com comportamento equilibrado em curva, boas recuperações e acelerações, mesmo no modo de condução Eco (os outros 2 são o Sport e o Manual), o qual tem o bónus da redução nos consumos. No modo Eco, com grande percentagem de condução em cidade, obtivemos uma média de 6,4 l/100km; em auto-estrada, conduzindo dentro dos limites legais, podem conseguir-se médias de cerca de 5,0 l/100km.
Há um capítulo em que a Mercedes não brinca e em que todo o equipamento é de série – o da segurança. Em teste efectuado por parâmetros recentes, em 2012, o Euro NCAP atribuiu ao classe A 93% na protecção dos ocupantes, 81% nas crianças, 67% nos peões e 86% nos dispositivos auxiliares de segurança, com três prémios especiais atribuídos por esta entidade aos sistemas Attention Assist (detecção de fadiga do condutor), Pre-Safe (prevenção de colisão) e Collision Prevention Assist (em conjunção com o Pre-Safe, com aviso de aproximação excessiva para o veículo da frente).
A persistência no erro
A colocação do travão de mão num sítio diferente do de quaisquer outras marcas (junto à porta do condutor, na parte inferior do tablier) sempre foi apanágio da Mercedes. Era assim com os travões manuais e assim se mantém com o travão eléctrico colocado no local onde, em modelos de outras marcas, se situa o comando de abertura do capot. Só que ser diferente não significa necessariamente ser melhor. Aliás, a prova é a situação ocorrida há uns anos, em que jornalista e fotógrafo de uma revista, ao pretenderem obter um bom enquadramento para fotografar um Mercedes, o colocaram num cais junto ao Tejo. Como o sítio era ligeiramente inclinado, o carro começou a deslizar em direcção ao rio. E, no meio da aflição, nenhum se lembrou onde estava o travão. Resultado: o carro transformou-se em submarino.
Mas diferente também pode ser melhor
Não é só a Mercedes, há outras marcas que também adoptam a solução, mas a colocação da manete da muito eficiente caixa automática de sete relações junto ao volante, em vez do mais usual posicionamento ao centro da consola, além de tornar mais fácil o seu manuseio, permite libertar espaços adicionais na consola central para colocar pequenos objectos. Sim, neste caso diferente é melhor. Já a localização dos botões do climatizador não é a ideal, tornando mais difícil o seu accionamento.
Onde pára o pneu?
Levanta-se a tampa do fundo da mala e encontra-se um espaço adicional que deveria alojar a roda sobresselente. Mas, excepto um macaco, não está lá nada – nem sequer um pouco recomendável kit de "reparação" de pneus. É que os pneus que equipam este classe A são do tipo run flat – i.e., podem circular vazios durante 80 km a uma velocidade máxima de 80 km/h. Com vantagens inegáveis face a um kit de "reparação", estes pneus requerem um chassis e suspensão adaptados (não se podem montar em qualquer carro), são mais duros (com reflexos no conforto) e mais caros que um pneu normal. Os fabricantes de pneus já estão a iniciar a produção de um tipo pneu com uma camada material selante sob a banda de rodagem que bloqueia qualquer possível esvaziamento no caso de furo. Estes pneus poderão ser montados em qualquer veículo.
Economia e segurança
Em modo Eco, no pequeno visor rectangular situado entre o velocímetro e o conta-rotações é possível monitorizar o modo de condução em três vertentes: aceleração, velocidade constante e desaceleração. Quanto melhor for a condução, mais crescem as barras, sendo também indicada a eficiência em percentagem face a uma condução ideal. Também a segurança não é descurada: no velocímetro, acende-se um triângulo vermelho de aviso sempre que a aproximação ao veículo precedente é considerada excessiva.
Ficha técnica
Mecânica
Cilindrada: 2143cc
Potência: 170cv entre 3400 e 4000rpm
Binário: 350 Nm entre 1400 e 3400rpm
Cilindros: 4 Válvulas: 16
Alimentação: Gasóleo, com sistema de injecção Common Rail. Turbo de geometria variável e
intercooler
Tracção: Dianteira
Caixa: automática de dupla embraiagem e sete velocidades
Suspensão: à frente, tipo Mcpherson com molas helicoidais, barra tubular de torção; atrás, independente de paralelogramo deformável com molas helicoidais, barra de torção
Direcção: Pinhão e cremalheira, eléctrica assistida em função da velocidade
Diâmetro de viragem: 11m entre paredes
Travões:Discos ventilados 295mm, à frente; discos 295mm, atrás
Dimensões
Comprimento: 4292mm
Largura: 1780mm
Altura:1434mm
Distância entre eixos: 2699mm
Peso: 1485kg
Pneus: 245/40 R18 W run flat (opção incluída na linha AMG; de série, 225/45 R17 W)
Capac. depósito: 50 litros
Capac. mala: 341 litros (1157 com bancos traseiros rebatidos)
Prestações*
Veloc. máxima: 220 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h:8,2s
Consumo misto: 4,2 litros/100 km
Emissões CO2:109 g/km
Preço: 41.650€ (versão ensaiada: 53.416€)
* Dados do construtor
EQUIPAMENTO
Segurança
ABS:Sim
Controlo electrónico de estabilidade: Sim
Controlo de tracção: Sim
Sistema de alerta de colisão: Sim
Airbags dianteiros: Sim
Airbags laterais: Sim, à frente
Airbags de cortina: Sim
Airbag de joelhos condutor:Sim
Auxílio arranque em subida: Sim
Aviso da pressão dos pneus: Sim
Avisador de desgaste das pastilhas:Sim
Sistema de alerta de colisão: Sim
Detecção de fadiga do condutor: Sim
Sistema de fixação Isofix: Sim
Aviso de colocação do cinto: Sim
Vida a bordo
Vidros eléctricos: Sim (à frente e atrás)
Vidros escurecidos:Sim. atrás
Vidros térmicos:Sim
Comando à distância: Sim
Direcção assistida: Sim
Espelhos retrovisores com regulação eléctrica: Sim
Volante regulável: Sim
Volante multifunções: Sim
Volante em pele: Sim
Comandos no volante:Sim
AC automático:Opção (650€)
Bancos dianteiros ajustáveis em altura: Sim
Bancos traseiros rebatíveis:Sim
Estofos e bancos em pele:Não
Regulador de velocidade:Sim
Travão de estacionamento eléctrico:Sim
Função Start/Stop: Sim
Computador de bordo: Sim
Comand Online: Opção (inclui navegação por GPS, funções áudio, telefone e avisador de limite de velocidade,.2100€)
Linha AMG:Opção (inclui escapes duplos, jantes especiais, bancos desportivos, pedais em metal e suspensão desportiva, 2500€)
Jantes em liga leve: Sim, de 17’’ (Opção, especiais de 18’’ linha AMG)
Alarme: Não (opção, 300€)
Sensor de luz: Sim
Sensor de chuva: Opção (Pack Visibilidade, 400€)
Sensores de estacionamento: Opção, à frente e atrás (sistema de estacionamento activo, 850€)
Ajuda ao estacionamento: Opção (incluída no sistema de estacionamento activo)
Faróis de nevoeiro:Opção (250€)
Luzes de dia: Sim em LED
Faróis de xénon: Opção (950€)
Tecto Panorâmico: Opção (1150€)