Fugas - Motores

Civic Tourer, versão familiar e económica

Por Carla B. Ribeiro

Há muito mais atributos que tornam a Civic Tourer como uma opção familiar. Mas há uma que se evidencia: equipada com o bloco diesel 1.6 i-DTEC, os consumos são mesmo amigos do orçamento familiar.

A marca aponta para um espantoso consumo médio de 3,9 l/100km. E, mesmo não conseguindo ter registado número equivalente, 4,5 litros ao fim de uma centena de quilómetros, distribuídos por cidade, estrada e auto-estrada, é uma marca suficientemente animadora para colocar a Civic Tourer entre as mais poupadas e ponderá-la como uma carrinha familiar a considerar na altura de decidir o que comprar.

Com tal média, pouco agravada pelo pé mais ou menos pesado no acelerador em inúmeras situações, não será a despropósito pensar que se “come” tão pouco é porque não anda. Mas nada mais falso: o bloco a gasóleo de baixa cilindrada da Honda, tal como aconteceu com o hatchback, revela-se bastante despachado, usufruindo de uma potência máxima de 120cv e de um binário máximo de 300 Nm às 2000rpm. Trocando por miúdos, isto significa que se tem entre mãos um carro capaz de acelerar em 10,5s, o que, não sendo um portento, é garantia para tornar qualquer ultrapassagem segura, facto que nenhuma família pode (e quer) descurar.

Aliás, em termos de segurança, não havendo dados para esta carroçaria, é de lembrar que a versão do carro conseguiu angariar as cinco estrelas do Euro NCAP, o organismo europeu independente, com 94% na segurança dos ocupantes adultos, 83% na dos ocupantes crianças, 69% na dos transeuntes e 86% da dos dispositivos auxiliares. É de referir que, para este ponto, contaram o pacote Sistema Avançado de Assistência à Condução (ADAS, na sigla original) que se baseia numa série de sistemas de segurança activos apoiados em sensores que recorrem a uma combinação de câmaras e tecnologias Lidar (de base laser) e de radares de curto alcance.

Com a aflição do reabastecimento apaziguada e com a certeza de que reside aqui um veículo capaz de supreender pela sua dinâmica versus o seu consumo, chega a hora de saber se afinal se consegue enfiar miúdos, respectiva bagagem, juntar uma bicicleta e ainda umas compras absolutamente necessárias. E, no que ao espaço diz respeito, a Tourer parece corresponder ao que é preciso. Mas, acima de tudo, ao que se propõe. Na mala, incluindo o espaço sob o tapete, cabem 624 litros (sem pneu sobressalente) e, com bancos rebatidos, a capacidade de carga atinge os 1668 litros. As vantagens da bagageira não se ficam, porém, pelo tamanho: o seu acesso foi trabalhado no sentido de ser o mais facilitado possível e não é difícil de comprovar que a entrada baixa e a direito facilita a vida a quem está de serviço à arrumação na traseira. Já os “bancos mágicos” parecem ser uma cartada de que a Honda não está disposta a abdicar e permitem configurar o interior para as mais diversas necessidades — algo que é útil sobretudo para objectos altos.

A noção de espaço ultrapassa aquilo que se verifica ao encher o porta-bagagens. Nos bancos traseiros há espaço suficiente para pernas de forma a que uma viagem se faça sem grandes cansaços (já em altura, os passageiros maiores poderão sentir-se acanhados).

Para quem segue nos lugares dianteiros, há pouca diferença face ao cinco portas tanto a nível de espaço como no que ao painel diz respeito. Já para quem conduz há uma adaptação que rompe com uma característica pela qual o Civic é reconhecido e que acolhemos com agrado. O aileron, que no caso do cinco portas corta a meio o vidro traseiro, prejudicando a visibilidade traseira, foi reposicionado, rematando neste caso a parte final do tejadilho.

Em acção, a Civic Tourer consegue revelar-se tão eficiente em circuito urbano quanto em auto-estrada, não se mostrando com vontade de fugir nas curvas quando em estrada. E é neste tipo de traçado que se compreende melhor como é fácil usar a caixa manual de seis velocidades, sobretudo se se optar por desligar o modo ecológico. Até porque o carro presta-se a mais valentias sem que o consumo escale por aí além. No entanto, há ainda um trabalho a fazer por parte da Honda no sentido da insonorização, bem como das suspensões — os buracos que enfeitam os nossos asfaltos não passam despercebidos a ninguém que siga lá dentro. Ainda assim, a Civic Tourer é uma carrinha que pode competir com qualquer outra do seu segmento, mostrando vários atributos difíceis de derrubar.

FICHA TÉCNICA

 

Motor: 1597cc, 4 cil., 16V

Combustível: Gasóleo

Potência: 120cv às 4000 rpm

Binário: 300 Nm às 2000 rpm

Alimentação: Injecção directa por rampa comum; turbo de geometria variável; intercooler

Transmissão: Manual de seis velocidades

Veloc. máxima: 195 km/h

Aceleração 0 a 100 km/h: 10,5s

Consumo médio (100 km): 3,9 litros

Emissões de CO2: 103 g/km

Preço: 25.900€ (versão ensaiada Lifestyle: 29.300€)

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