C1 Airscape 1.2 82cv Shine
Há carros que chamam à atenção por serem grandes. Outros pela potência que até se consegue ouvir. Ou ainda outros pelo design arrojado. O C1 Airscape também não passa despercebido. Mas por nenhuma das razões apresentadas. “É um mimo!”, concluía, animada, uma portageira à sua passagem.
E é mesmo isso. O C1 nesta nova versão com tecto de abrir, no caso da versão ensaiada em lona flexível deslizante vermelha alaranjada (Sunrise Red), é mesmo um mimo. Não só no seu aspecto como na sua utilização. É ágil de manobrar e não há cantinho onde não se consiga arrumar. Depois, servido pelo novo motor PureTech de 82cv, mostra-se capaz de enfrentar os contratempos de forma expedita, sem se deixar ficar para trás. E a caixa, de cinco velocidades e de uso relativamente suave, em certas situações parece que poderia muito bem ser uma de seis relações sem prejudicar o equilíbrio do carro.
Já na hora de abastecer, “mimo” não será o adjectivo mais apropriado. Ainda assim, consegue ser comedido: conseguimos registar um gasto médio pouco acima dos cinco litros (a média oficial é de 4,3 litros a cada cem quilómetros). O bloco tricilíndrico, porém, não é um mar de rosas e ao mesmo tempo que prima pelo seu carácter despachado também desanima pela sua faceta ruidosa. Assim que se sente pressionado nas acelerações, do capot chega-nos um barulho que quase nos faz questionar se estará tudo em ordem. E se há uns anos os motores de três cilindros eram sinónimo de ruído, hoje há exemplos no mercado em que se conseguiu um bom compromisso, o que torna esta característica do C1 um pormenor a colocar na coluna dos contras.
Nos prós, é de considerar o nível de emissões de CO2 inferior a 100 g/km, apesar de ainda não cumprir a norma Euro 6 de emissão de partículas. Ainda a seu favor, as cinco portas, num veículo mais pensado para quem se senta na dianteira do que em quem ocupa o banco traseiro. Refira-se que neste carro cabem apenas quatro pessoas — apenas dois sentados no banco de trás poderão encontrar conforto, sobretudo se forem crianças e se os ocupantes dos lugares da frente não tiverem a perna muito comprida.
Com 3466mm de comprimento, 1615mm de largura e 1480mm de altura, os interiores conseguem surpreender. Primeiro pelos vários espaços de arrumação que aproveitam bem todos os cantinhos, depois pela mala, que acomoda até 196 litros. Com os bancos traseiros rebatidos, a capacidade de carga cresce até aos 780 litros.
No capítulo do conforto refira-se ainda o esforço da Citroën em tornar o carro mais resistente a um asfalto cada vez mais danificado. Além de quatro quilos mais leve no eixo traseiro, esta nova geração beneficiou de novas molas nas suspensões, amortecedores novos e uma nova barra anti-rolamento de grande diâmetro. Mesmo com todas estas mudanças não é possível dizer que o C1 é imune aos buracos. Mas, sem dúvida, notam-se melhorias face ao modelo anterior.
Mas o que mais se destaca neste carro são duas coisas: a primeira a forma como conjuga, e bem, as cores da carroçaria com as do tecto de abrir ou dos retrovisores exteriores — uma personalização que caberá a cada cliente decidir; a outra, o próprio do tejadilho, construído em lona flexível que ocupa praticamente toda a cobertura. Este é comandado electricamente e, ao deslizar, cria uma espécie de fole que, não sendo a melhor ajuda à aerodinâmica, proporciona um efeito visualmente apelativo. A parte melhor: abre e fecha em andamento até 120 km/h.
O C1 Airscape 1.2 de 82cv comercializa-se desde 12.270€, usufruindo de um já completo nível de equipamento Feel (inclui, entre outras coisas LED de iluminação diurna, volante regulável em altura, ar condicionado manual ou sistema audio MP3 com quatro altifalantes Connecting Box e comandos no volante).
No caso do carro que a Fugas conduziu, com o nível de equipamento superior Shine, o preço de venda ao público é de 14.270€. A justificar a diferença de valor, conta-rotações, jantes em liga leve de 15’’, retrovisores eléctricos com desembaciamento, volante em cabedal, painel de bordo em cinzento, base da alavanca da caixa de velocidades e embelezador do painel de bordo multimédia em preto brilhante e entradas de ar e um ecrã táctil de 7’’ com sistema Mirror Link para emparelhar com smartphones, disponibilizando no sistema de infoentretenimento do carro todas as funções daquele, incluindo o sistema de navegação. Este ecrã táctil pode incluir uma câmara de visão traseira por mais 250€.
O preço inclui a manutenção programada “Easy Drive” durante dois anos ou 40.000 quilómetros.
De nariz no ar
É assim que apetece andar: com um olho na estrada e outro nas nuvens. Sobretudo quando o tempo sorri. Com o tecto em lona flexível deslizante todo aberto, a sensação de espaço num carro tão pequeno consegue surpreender. Melhor: a qualquer altura conseguimos fechá-lo. E, além do accionamento ser eléctrico, funciona com o carro em andamento em velocidades até aos 120 km/h. A ajudar a ideia de espaçoso, mais na mente de quem segue à frente do que atrás, está a arrumação de todo o tablier, assim como o corte do mesmo. E, por falar em arrumos, há buraquinhos para o que é mais essencial.
Eficiente mas ruidoso
O novo tricilíndrico 1.2 PureTech faz um bom uso da potência equivalente a 82cv para se perceber que, embora leve mais de 12 segundos a acelerar dos 0 aos 100 km/h, é rápido o suficiente nas recuperações para sobreviver ao caos citadino. Além disso, os consumos observados conseguiram não ficar muito além dos anunciados: 5,6 l/100km contra 4,3 l/100km. Claro que, infelizmente, não há bela sem senão e, neste caso, o senão ganha forma no ruído atabalhoado sempre que se sente pressionado, como se fosse uma orquestra de tachos e panelas. Um aspecto a melhorar.
Acesso à mala
Num carro pequeno não se poderia esperar uma grande mala. Mas, mesmo assim, a Citroën conseguiu encontrar espaço para arrumar 196 litros na bagageira. Mas o melhor é ter atenção na altura de arrumar os pertences. O acesso nem é complicado e o portão a aproveitar o óculo traseiro não deixa de ser uma solução interessante, mas as arestas vivas do mesmo podem ser culpadas por mais um alto na cabeça. Sobretudo se houver crianças por perto.
Fácil de estacionar
Com dimensões reduzidas e uma boa brecagem, estacionar o C1 é demasiado fácil para que se sinta falta de qualquer ajuda mais tecnológica. Por isso, quando se observa a ausência de sensores tanto à frente como atrás, o facto não causa espanto. Até que se engata a marcha-atrás e no ecrã policromado surge a imagem nítida e bem definida de tudo o que se passa lá atrás. Na lista de equipamento encontramos a câmara traseira entre os opcionais. Parece desnecessário. Mas se se tiver em conta o custo do mesmo (250€) poderá ser um extra a ter em conta.
FICHA TÉCNICA*
Mecânica
Cilindrada: 1199cc
Potência: 82cv @ 5750rpm
Binário: 116 Nm @ 2750rpm
Cilindros: 3, em linha
Alimentação: Gasolina, com sistema de injecção multiponto
Tracção: Dianteira
Caixa: Manual de cinco velocidades
Suspensão: Pseudo McPherson, à frente; travessa deformável, atrás
Direcção: Pinhão e cremalheira, eléctrica assistida variável
Diâmetro de viragem: 10,0m entre passeios
Travões: Discos ventilados, à frente; tambor, atrás
Dimensões
Comprimento: 3466mm
Largura: 1884mm
Altura: 1480mm
Distância entre eixos: 2340mm
Peso: 865kg
Pneus: 165/60 R15, à frente e atrás
Capac. depósito: 35 litros
Capac. mala: 196 litros (780 com bancos traseiros rebatidos)
Prestações
Veloc. máxima: 170 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h: 12,1s
Consumo misto: 4,3 litros/100 km
Emissões CO2: 99 g/km (Euro 5)
Preço: 14.270€ (versão ensaiada: 15.315€)
* Dados do construtor
EQUIPAMENTO
Segurança
ABS: Sim
Controlo electrónico de estabilidade: Sim
Airbags dianteiros: Sim
Airbags laterais: Sim, à frente
Airbag de cortina: Sim
Auxílio ao arranque em subida: Sim
Assistência de travagem: Sim
Aviso de cansaço condutor: Não
Monitorização da pressão dos pneus: Não
Indicador de desgaste das pastilhas: Não
Sistema de fixação Isofix para cadeiras de crianças: Sim, atrás
Aviso de colocação do cinto de segurança: Sim
Vida a bordo
Acesso sem chave: Não
Comando à distância: Sim
Fecho central: Sim
Vidros eléctricos: Sim (à frente)
Vidros traseiros escurecidos: Opção (80€)
Direcção assistida: Sim
Espelhos retrovisores com regulação eléctrica: Sim
Espelhos retrovisores com desembaciamento: Sim
Volante regulável: Sim, em altura
Volante em cabedal: Sim
Comandos de rádio e telefone no volante: Sim
Rádio/CD com MP3: Sim
Bluetooth e USB: Sim
Ar condicionado: Sim, manual – como opção Pack AC automático + acendimento automático dos faróis (280€)
Bancos dianteiros ajustáveis em altura: Sim, do condutor
Limitador de velocidade: Sim
Computador de bordo: Sim
Jantes em liga leve: Sim, 15’’
Alarme: Não
Sensores de estac: Não
Câmara de visão traseira: Opção (250€)
Tecto de abrir Sunrise Red + Retrovisores exteriores Sunrise Red: Opção (110€)