Fugas - Motores

  • Enric Vives-Rubio
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Um carro contra a indiferença

Por Carla B. Ribeiro

Não há meias medidas. O C4 Cactus é um carro que ou se ama ou se odeia. Mas equipado com o bloco 1.6 BLUEHDI de 100cv, geridos pela caixa manual de cinco velocidades, há razões de sobra para torcer pela primeira opção.

As opiniões não são unânimes. Num curto trajecto é possível ouvir de tudo sobre este carro. Menos um “tanto faz”. Aliás, indiferença é sentimento que o Citroën C4 Cactus não gera, conseguindo despertar emoções — boas ou más — em todos quantos se cruzam com o veículo. Até mesmo entre quem habitualmente escreve estas linhas, não havendo consenso sobre se este é um modelo que vingará ou se passará de moda em três tempos.

Mas mesmo para quem não aprecia a estética, como é o meu caso particular, é difícil não encontrar motes interessantes para, ao fim de alguns dias, começar a olhar o mesmo carro com outros olhos. É certo que as cores — conduzi um amarelo-esverdeado com airbumps (os painéis de película plástica com bolsas de ar incorporadas, além de protegerem as portas e os pára-choques de pequenos toques, são uma característica distintiva do visual) em castanho que lembravam uma apetitosa tablete de chocolate (bom para a tablete, menos delicioso para um carro), um vermelho-bem-vivo que me pareceu mais vistoso e, por fim, um roxo difícil de descrever… — só interessarão a quem não quiser passar despercebido. Mas toda a sua envergadura poderá criar algum impacto a quem busque uma viatura tanto pela sua funcionalidade como pelo status que a mesma imprime.

Aliás, funcionalidade poderia ser o nome do meio do C4 Cactus. Trata-se de um carro que tão depressa é um familiar espaçoso e versátil como a seguir se consegue converter numa viatura divertida para longos passeios. E ao “longos” ajuda uma suspensão que prima pelo conforto. Já os bancos, não sendo desconfortáveis, poderiam ser trabalhados para criar uma envolvência mais cómoda. A verdade é que, mesmo após alguns dias atrás do volante, continuo a sentir-me uma estranha aos comandos.

A desvantagem deste ambiente frio de tão despido (no painel de instrumentos temos mesmo de acreditar no indicador de mudança de velocidade porque o conta-rotações foi suprimido) é que dificilmente nos conseguimos sentir “em casa”. A vantagem é que tão depressa não nos fartaremos do bicho. Até porque, mesmo estando completamente despido de acessórios e botõezinhos (enquanto alguns carros parecem uma “árvore de Natal”, este prima pelo absoluto oposto), surge apoiado no eficiente sistema touch do ecrã de 7’’ colocado ao centro do tablier que integra os comandos dos sistemas de informação, entretenimento, câmara traseira, ar condicionado e navegação, estreado precisamente pelo mano C4 Picasso. Ou seja, mesmo sem todo o estímulo visual, nada foi feito ao acaso e está tudo muito bem arrumado para que seja fácil de encontrar. Isto para o condutor. Para restantes ocupantes não há muito a saber, à excepção de que há espaço de sobra para que todos, isto é, mais quatro, encontrem lugar e posição para uma viagem descansada. Atrás, o banco corrido ajuda a que três se sentem sem dificuldade. Já a mala, com 348 litros (1170, se for possível rebater os bancos), também é funcional graças às formas regulares e ao seu facilitado acesso.

Mas o mais interessante deste Cactus é o que se esconde sob o capot. O bloco diesel 1.6 BlueHDI com 100cv consegue revelar prestações muito interessantes, sobretudo quando é convocado a recuperar de uma qualquer necessidade de travagem ou desaceleração imprevistas. Para tal podemos contar com o apoio da caixa manual de cinco velocidades — uma transmissão muito fácil de trabalhar e que consegue ser muito mais emotiva e precisa que a caixa semiautomática pilotada de seis relações que se pode encontrar noutras versões do mesmo modelo e que decepciona pelo soluço na passagem de relações que penaliza as recuperações e ultrapassagens.

Associado às interessantes performances, um consumo muito contido. Mesmo sem conseguir cumprir a previsão da marca de 3,4 litros/100 km, uma média de consumo à volta dos cinco litros na cidade consegue ser interessante q.b. para encarar este modelo com a seriedade que o mesmo merece. A parca média também não é alheia ao irrepreensível sistema de Start/Stop de paragem e arranque automáticos do motor.

Perante tantas qualidades, de ressalvar que, face aos exigentes parâmetros do Euro NCAP, o organismo independente que avalia a segurança dos veículos automóveis comercializados na Europa, o C4 Cactus falhou a angariação das cinco estrelas, ficando-se pelas quatro, com 82% na segurança dos ocupantes adultos, 79% na dos ocupantes crianças, 80% na dos transeuntes e 56% da dos dispositivos auxiliares.

BARÓMETRO

+ Economia de consumos, preço competitivo, equipamento de série
- Ambiente interior pouco envolvente

Pormenores

Simples...
O C4 Cactus pode ser um carro completamente fora dos parâmetros conhecidos. E é verdade que em inovação o modelo consegue surpreender. Mas se isso é verdade também o é o facto de essa mesma inovação surpreender pela simplicidade. Caso disso é o tablier, de linhas direitas e limpas, no qual se evidencia a estrutura texturada capaz de “agarrar” as papeladas que se vão acumulando. Note-se ainda a inclusão do airbag do navegador no tecto do carro, permitindo a abertura do porta-luvas para cima. Ou seja, quem segue no lugar do lado não tem de ser torturado de cada vez que se precisa de aceder ao porta-luvas.

... até de mais
É verdade que a simplicidade é um dos atributos positivos do C4 Cactus. No entanto, há situações em que a dita é levada a um extremo que pode ser considerado um exagero. É o caso do painel de instrumentos resumido a um pequeno ecrã digital sem grande informações. Apenas as essenciais. Aliás, até o conta-rotações foi suprimido, dando lugar a um mero quadrado com indicador de mudança de velocidade.

Vistoso
Há quem só lhe teça elogios. E há quem não consiga sequer esboçar um esgar de satisfação. As opiniões sobre a estética do Cactus são completamente díspares. Mas não há quem não tenha opinião sobre o mesmo. É que se há coisa que é inegável, seja qual for a conjugação de cores, é que o carro é muito vistoso. No caso desta edição especial, a Shine Edition Midnight, em roxo (Deep Purple) com os Airbumps em preto, os detalhes sublinhados a branco, como é o caso das capas dos retrovisores ou das barras de tejadilho, vêem-se ao longe e identificam depressa o modelo que se conduz.

Luminoso 
Com as luzes incrustadas na horizontal e afastadas umas das outras, a frente do Cactus consegue ser bem distinta de qualquer outro C4. Até porque a grelha foi totalmente anulada — a entrada de ar é feita por uma abertura na base da carroçaria que passa completamente despercebida. O efeito é visível em algumas manifestações que julgam o carro bem mais alto do que é na realidade.

FICHA TÉCNICA*

Mecânica

Cilindrada: 1560cc

Potência: 100cv às 3750rpm

Binário: 254 Nm às 1750 rpm

Cilindros: 4

Válvulas: 8

Alimentação: Gasóleo, com sistema de injecção directa por rampa comum. Turbo e intercooler

Tracção: Dianteira

Transmissão: Manual de 5 relações

Suspensão: à frente, Pseudo Mcpherson com molas helicoidais e barra estabilizadora; atrás, travessa deformável com molas helicoidais e barra estabilizadora.

Direcção: Pinhão e cremalheira, eléctrica assistida

Diâmetro de viragem entre passeios/paredes: 10,9m/11,2m

Travões: Discos ventilados à frente; discos,’ atrás

Dimensões

Comprimento: 4157mm

Largura: 1729mm

Altura: 1480mm

Distância entre eixos: 2595mm

Peso: 1070kg

Pneus: 205/55 R16

Capac. depósito: 45 litros

Capac. mala: 358 litros

Prestações

Veloc. máx.: 184 km/h

Aceleração 0-100 km/h: 10,7s

Cons. misto: 3,4 litros/100 km

Emissões CO2: 89/90g/km (6€)

Preço: 23.530€ (edição especial Shine Edition Midnight)

* Dados do construtor

EQUIPAMENTO

Segurança

ABS: Sim

Controlo electrónico de estabilidade: Sim

Controlo de tracção: Sim

Airbags dianteiros: Sim

Airbags laterais: Sim, à frente

Airbags de cortina: Sim

Airbag de joelhos para o condutor: Não

Auxílio arranque em subida: Sim

Aviso da pressão dos pneus: Sim

Sistema de fixação Isofix para cadeiras de crianças: Sim

Aviso de colocação do cinto de segurança: Sim

 

Vida a bordo

Vidros eléctricos: Sim, à frente

Vidros escurecidos: Sim, atrás

Fecho central: Sim

Comando à distância: Sim

Direcção assistida: Sim

Espelhos retrovisores com regulação eléctrica: Sim

Volante regulável: Sim, em altura

Volante multifunções: Sim

Volante e alavanca de velocidades em pele: Sim

Comandos de rádio e telefone no volante: Sim

Rádio/CD com MP3: Sim

Bluetooth e USB: Sim

Ar condicionado: Sim, automático

Bancos dianteiros ajustáveis em altura: Sim, do condutor

Bancos traseiros rebatíveis: Sim em bloco

Estofos e bancos em pele: Não

Reg./limitador de vel.: Sim

Travão de estac. eléctrico: Não

Função Start/Stop: Sim

Computador de bordo: Sim

Jantes em liga leve: Sim, 17’’

Alarme: Não

Sensores de luz e chuva: Sim

Sensores de estacionamento: Sim

Câmara de visão traseira: Sim

Faróis de nevoeiro: Sim

Luzes de dia: Sim, em LED

Faróis de xénon: Não

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