Tendo começado a palmilhar caminho em 1983, o Corsa é até à data, segundo a própria marca, o modelo da Opel “com maior expressão em Portugal”. Para tal não contam apenas os veículos vendidos (520 mil unidades), mas o número de modelos que ainda fazem quilómetros pelas estradas nacionais: segundo a Opel, 346.000, isto é, 70% do total vendido. Por isso, não é de estranhar que a fabricante alemã volte a apostar em colocar o Corsa na vanguarda nesta que é a sua quinta geração, com a inclusão da nova Easytronic que equipa o motor turbodiesel 1.3 CDTI de 95cv e o 1.4 ecoFLEX a gasolina, de 90cv, que conduzimos.
A inovação vem na linha com o que a Opel tem feito nesta nova geração Corsa. Pouco mexeu visualmente num modelo muito bem-sucedido, dando apenas alguns toques — como com as ópticas em forma de asa por cima da grelha frontal ou com as linhas que se prolongam de frente para trás. Pelo contrário, não se poupou aos ajustes pelo coração do carro, quer com um novo chassis com subchassis mais rígido, centro de gravidade 5mm mais baixo, suspensões dianteira e traseira reformuladas e nova direcção, quer com a inclusão da sua nova gama de motores.
Agora, a novidade reside na Easytronic 3.0, uma caixa robotizada de cinco velocidades com a qual a Opel mata dois coelhos de uma cajadada: não só satisfaz os menos lestos em gerir o pedal da embraiagem como reduz emissões e consumos. E, melhor, ambos os resultados são conseguidos sem que o preço assista ao agravamento habitual quando se trata de uma transmissão automática. A versão de entrada do 1.4 custa 16.190€.
Claro que nem tudo são rosas. E se é verdade que se poupa a perna esquerda não é menos certeiro dizer que há que reaprender a conduzir para compreender as potencialidades desta transmissão. É que não é automática — e isso detecta-se imediatamente ao verificar, por exemplo, que lhe falta a posição P (Parque) — nem funciona com conversor de binário. É uma caixa manual, ainda que gerida por engenhos eléctricos de acordo com instruções de um sistema de gestão electrónica, e comporta-se como tal. Por isso, há que dar tempo ao pé direito para ganhar a sensibilidade necessária para não criar soluços entre relações nem passar o tempo a fazer o motor “cantar” com o conta-rotações sempre no máximo — que é o que acontecerá se insistirmos em acelerar desenfreadamente.
Honestidade oblige: foi precisamente isso que me aconteceu, sendo necessário uma aula de condução para verificar que afinal os “poços” que me levavam a torcer o nariz à nova Easytronic 3.0 não passavam do resultado de alguma inépcia.
O bloco 1.4 de 90cv comporta-se de forma diligente em qualquer tipo de traçado, revelando-se com força necessária para fazer frente ao relevo das estradas lusas e ágil para enfrentar a cidade como peixe na água. Já os consumos oficiais mostram um carro poupado – 5,8 l/100km na cidade, valor que não conseguimos cumprir mas do qual também não andámos muito longe. Fora da malha urbana, consegue-se, diz a Opel, baixar a fasquia para 4,1 l/100km.
Outro ponto a favor do modelo ensaiado é que, sendo a versão de entrada e sem quaisquer extras a inflacionarem o seu preço, o carro apresentava uma lista de equipamento suficiente para se fazer valer por esses atributos, incluindo airbags frontais para o condutor e o passageiro, airbags laterais e airbags de cortina para protecção da cabeça nos lugares dianteiros e traseiros, ar condicionado, vidros eléctricos, fecho centralizado de portas, computador de bordo, sistema de monitorização da pressão de pneus, assistência ao arranque em subida.
Ficha técnica
Motor: 1398cc, 4 cil., 16V. Gasolina. Injecção indirecta. Admissão variável
Potência: 90cv às 6000 rpm
Binário: 130 Nm às 4000 rpm
Transmissão: Easytronic 3.0 (manual robotizada de 5 velocidades)
Velocidade máxima: 175 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h: 13,9s
Consumo médio (100 km): 4,8 litros
Emissões de CO2: 112 g/km
Preço: 16.190 euros