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Mazda2 com novo e económico motor diesel

Por João Palma

A Mazda cumpriu a “ameaça” feita no lançamento da nova geração do seu utilitário e juntou agora às três variantes do bloco 1.5 a gasolina um motor a gasóleo. Com baixos consumos, é uma opção adequada para quem faça muitos quilómetros.

A quarta geração do Mazda2, um hatchback de cinco portas e cinco lugares do segmento B, o dos utilitários, lançado em Março deste ano com três variantes de 75cv, 90cv e 115cv de um mesmo bloco de 1496cc a gasolina, recebe agora uma (já prometida no lançamento) nova adição à gama de motores, com um propulsor a gasóleo de 1499cc e 105cv de potência. O Mazda2 diesel só está disponível a partir do nível médio de equipamento, Evolve, com preços a começar nos 19.297€.

É, no fundo, uma questão psicológica, mas os portugueses dão muito mais importância ao que pagam na hora de abastecer o carro do que ao investimento inicial na compra do mesmo. Por isso, segundo um estudo da revista Auto Hoje, 66,6% dos veículos vendidos em Portugal no 1.º semestre de 2015 eram a gasóleo. E embora a tendência se pareça a estar lentamente a inverter, em especial nos citadinos e utilitários, as marcas vêem-se forçadas a procurar satisfazer os gostos dos potenciais clientes.

Por isso, a Mazda pegou neste novo bloco 1.5 a gasóleo, estreado recentemente no pequeno crossover CX-3, e incluiu-o na gama de motores disponíveis para o Mazda2. Mas há que fazer bem as contas: se não se trocar de carro regularmente (e aí há também que contar com o valor de retoma mais alto dos veículos a diesel), quantas dezenas de milhares de quilómetros é preciso fazer para compensar a diferença de mais de 3000€ entre o Mazda 2 Evolve com o motor 1.5 a gasolina de 90cv e o mesmo carro com o propulsor 1.5 a gasóleo de 105cv?

Já para quem faça muitos quilómetros anualmente esta motorização diesel é uma opção a considerar. O novo propulsor é uma evolução do motor 2.2 diesel da Mazda e cumpre a norma Euro 6 de emissões sem necessitar de um catalisador (sempre é menos um componente para substituir a médio/longo prazo).

A taxa de compressão deste motor, 14.0:1, é muito baixa para um diesel (o normal, em média, é 16.0:1) e similar a um propulsor a gasolina. Tendo menos compressão, o bloco pode ter menor peso e dimensões. Os problemas de pressão e temperatura de ignição do gasóleo, decorrentes da menor taxa de compressão, foram solucionados recorrendo a tecnologias inovadoras, nomeadamente novos injectores de combustível.

Na prática, isto traduz-se por maior rapidez de resposta, mesmo a baixas rotações (binário máximo a partir das 1400 rpm), e economia de consumos: num percurso variado, obtivemos uma excelente média de 4,5 l/100km. A inclusão de um sistema Start/Stop de paragem e arranque automáticos do motor, apoiado na tecnologia i-Stop da Mazda que o torna ainda mais eficiente, também contribui para a redução de consumos. O motor vem acoplado a uma caixa manual de seis velocidades, de relações longas, precisa e de fácil manuseio.

Outro atributo deste propulsor de nova geração é a baixa emissão de ruído, o que contribui para o conforto de condução, em conjunção com uma suspensão que absorve bem as irregularidades do piso mas não deixa o carro adornar em curva — a estabilidade é muito boa tanto em recta como em curva.

No habitáculo, destaque para o bom espaço à frente e razoável atrás. A posição de condução é boa, bem como a visibilidade. Nos níveis de equipamento Evolve e Excellence, o Mazda2 vem equipado com um ecrã táctil de 7’’ que inclui as funções de infoentretenimento, as quais também podem ser reguladas por um botão situado na consola atrás da alavanca de velocidades. Com tudo isto, talvez fosse possível eliminar alguns dos muitos comandos situados no volante.

O Mazda2 obteve 4 num máximo de 5 estrelas em testes de Abril de 2015, superando os mínimos requeridos na protecção de ocupantes adultos (86% para 80%), crianças (78% para 75%), peões (84% para 65%), mas sendo penalizado nos dispositivos auxiliares de segurança (64% para 70%) por não dispor de um sistema autónomo de travagem de emergência (AEB – Autonomous Emergency Braking).

No nível Evolve, este utilitário já vem bem equipado, incluindo auxílio ao arranque em subida, cruise control, aviso de saída involuntária de faixa de rodagem, monitor da pressão de pneus além de diversos dispositivos de conforto e vida a bordo. O veículo que conduzimos trazia um sistema de navegação opcional, por uns acessíveis 400€.

Com tudo isto, surpreende que, num nível médio de equipamento como o Evolve, o Mazda2 não traga uns simples sensores de estacionamento, algo de extrema utilidade nas manobras de estacionamento e que já é equipamento comum mesmo em veículos mais baratos de segmento inferior: é que nem sequer está disponível como opção (só existe de série no nível superior, Excellence).

Outro ponto negativo é o facto de a Mazda, neste seu utilitário, ter aderido à lamentável tendência actual de várias marcas de inclusão de um denominado kit de “reparação” de pneus, armazenado onde deveria estar uma roda sobresselente, no espaço sob a bagageira (que tem um prático revestimento amovível de borracha).

FICHA TÉCNICA*

Motor: 1499c, 4 cil., 16 válv.
Potência: 105cv às 4000 rpm
Binário: 220 Nm às 1400-3200 rpm
Transmissão: Caixa manual com 6 velocidades
Veloc. máxima: 178 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h: 10,1s
Consumo médio: 3,4 l/100km
Combustível: Gasóleo
Emissões de CO2: 89 g/km
Norma de emissões: Euro 6
Preço: 19.697€ (veículo ensaiado, 19.747€)

* Dados do construtor

 

 

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