O mercado automóvel português é minúsculo, mas até parece que a BMW pensou nele quando desenhou o série 2 Gran Tourer (bem como o irmão menor, Active Tourer). Com uma frente mergulhante, este monovolume é sempre classe 1 nas portagens, ao contrário de outros veículos similares existentes no mercado, que, para terem esse estatuto, necessitam de um dispositivo de Via Verde. Podendo ter sete lugares, é grande (4,55m de comprimento), mas não excessivamente, e o espaço interior está bem aproveitado.
Num momento em que no mercado (e não só o português) se verifica o crescimento dos SUV em detrimento dos monovolumes, que parece terem passado um pouco de moda, a BMW não teve receio de lançar dois novos veículos desse tipo, estreando-se no segmento: primeiro com o Active Tourer, de cinco lugares, e depois “esticando-o” em 21,4cm para criar o Gran Tourer que pode acomodar sete lugares, num subsegmento, o dos monovolumes premium, onde a concorrência é praticamente inexistente.
As versões de entrada do BMW série 2 Gran Tourer são a 218i, com motor 1.5 a gasolina de 102cv (29.140€ com caixa manual) e 214d, 1.5 gasóleo de 95cv (31.190€), mas para deslocar este grande monovolume, que pesa em vazio 1530kg (a que se somam ocupantes e bagagem), estes propulsores não são suficientemente potentes para que este veículo se mova com agilidade. Nem mesmo os motores das versões imediatamente superiores, 218i (1.5 gasolina, 136cv, 32.880€) e 216d (1.5 gasóleo, 116cv, 32.190€).
À Fugas foi facultado o 218d Gran Tourer, com motor 2.0 diesel de 150cv, cujo preço, com caixa manual de seis velocidades, é 37.780€, mas que vinha equipado com a muito eficiente e confortável caixa automática Steptronic de oito relações (mais 2171€, num total de 39.951€), a qual, pelo conforto e economia que proporciona, é uma opção muito recomendável. Aliás, os veículos que as marcas disponibilizam para ensaios vêm geralmente muito bem equipados e o 218d Gran Tourer que conduzimos não foi excepção: com todos os extras, o preço do veículo testado era 56.035€, isto é, com o valor dos opcionais poder-se-ia adquirir um utilitário. Mas, como já referimos muitas vezes, esta é uma política seguida por todas as marcas premium: a pretexto de “personalizar” os seus modelos, quase tudo é opção: este monovolume tinha três páginas de equipamento de série e oito de opcionais. O único ponto onde as marcas premium não utilizam esses artifícios é no capítulo da segurança — aí, no essencial, tudo é de série.
Faça-se, no entanto, justiça: o BMW série 2 Gran Tourer até nem vem mal equipado de base, no que toca ao conforto e vida a bordo: cite-se, por exemplo, jantes de liga leve, sensores de estacionamento traseiros, cruise control com função de travagem, sensores de luz e de chuva, volante em pele multifunções, ar condicionado manual, vidros atérmicos, fecho automático do portão traseiro, ecrã multifunções de 6,5’’, sistema de som com seis altifalantes ou o BMW Service Inclusive (revisões e mudanças de óleo e filtros durante 5 anos ou 100.000km).
Em termos mecânicos e de performances, o 218d Gran Tourer que conduzimos revelou-se um veículo muito equilibrado: os 150cv de potência do motor diesel 2.0 aliados à eficiente caixa automática Streptronic proporcionam bons arranques e recuperações, facilitando as ultrapassagens. Não se esperem os desempenhos de um desportivo puro, mas, apesar da sua altura, é uma surpresa agradável o comportamento deste alto (1,60m) monovolume em curva. Para isso contribuem os sistemas de controlo dinâmico de condução, incluindo o diferencial autoblocante electrónico e o Performance Control, que distribui individualmente o controlo do motor e das travagens às rodas, facilitando a descrição das curvas. Sublinhe-se que tanto o Gran Tourer como o Active Tourer são os únicos veículos da BMW que, quando não têm tracção integral, têm tracção dianteira.
É fácil conseguir uma boa posição de condução e a visibilidade é boa. Os sensores de estacionamento dianteiros e traseiros (362€), bem como a câmara de visão traseira (413€), revelaram-se auxiliares preciosos na circulação por ruas estreitas e nas manobras de estacionamento.
A média de consumos anunciada é 4,3 l/100km. Num percurso variado com alguns engarrafamentos em cidade, mas também condução em auto-estrada, obtivemos 6,3 l/100km, longe dos números oficiais, mas ainda assim muito aceitável para este tipo de veículo. Refira-se que usámos preferencialmente o modo de condução Eco Pro (sendo os outros dois Comfort e Sport +). Onde, porém, este grande monovolume se destaca é no conforto de condução, o que, aliado à qualidade dos materiais, acabamentos e bancos, faz com que em deslocações longas se viaje em executiva.
O interior é espaçoso e na segunda fila de bancos (que se desloca longitudinalmente 13cm) é possível montar três cadeirinhas de crianças. A terceira fila é opcional (817€) e os dois bancos rebatem-se formando uma superfície plana na mala, que tem fundo duplo e uma capacidade de 560 a 1802 litros. O acesso é fácil mas os dois bancos suplementares são aconselháveis apenas a crianças ou pessoas com menos de 1,70m de altura. Rebatidos, ocupam o espaço de uma roda de emergência, substituída por um kit de reparação de pneus, mas há a opção de se montarem pneus run flat (à prova de furo, 269€).
FICHA TÉCNICA
Motor: 1995cc, 4 cil., 16 válv.
Combustível: Gasóleo
Potência: 150 cv às 4000 rpm
Binário: 330 Nm às 1750 rpm
Transmissão: Automática, 8 relações
Veloc. máxima: 205 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h: 9,3s
Consumo médio: 4,3 l/100km
Emissões de CO2: 114 g/km
Norma de emissões: Euro 6
Preço: 39.951€ (veículo ensaiado, 56.035€)