Fugas - Motores

Uma aposta forte na economia e na redução de consumos

Por João Palma

O primeiro híbrido Toyota entra na quarta geração. Menos potente do que o antecessor, o Toyota Prius IV tem, porém, ganhos na eficiência, consumos e segurança que compensam a perda de potência.

O lançamento da quarta geração do Toyota Prius assemelhou-se à bíblica dança dos sete véus de Salomé: uma pequena amostra em Las Vegas, em 8 de Setembro de 2015; mais um pouco, uma semana depois, no Salão de Frankfurt; em final de Outubro, caiu outro véu no Salão de Tóquio; em Dezembro, iniciaram-se as vendas no Japão. Mas só agora, em Valência, é que os jornalistas dos meios de comunicação europeus se puderam sentar ao volante do novo Prius, já à venda em Portugal com preços desde 32.215€.

Tendo caído todos os véus, podemos dizer que o Prius IV é um veículo totalmente novo face ao seu antecessor, com a principal preocupação a centrar-se na eficiência, na redução de consumos e emissões. O design, sendo esteticamente controverso, obedece à eficiência aerodinâmica, com um baixíssimo Cd de 0,24, uma referência em veículos em comercialização. A grelha frontal também se fecha quando não é necessário estar aberta para arrefecer o motor. Tudo isso se reflecte nos consumos.

O sistema de propulsão híbrido, embora aparentemente similar ao do anterior Prius, tem profundas mudanças: o motor de combustão a gasolina tem a mesma potência e binário, mas melhorou a eficiência térmica de 38,5% para um valor referencial de 40% (o aproveitamento normal, nos motores a gasolina, está entre os 30% e os 35%). A bateria de hidretos metálicos de níquel aumentou em 60% a performance e 34% a durabilidade (a Toyota dá uma garantia de 10 anos); sendo mais pequena e compacta, situa-se agora sob os bancos traseiros em vez de na mala, o que aumentou a capacidade desta para 502 litros, um valor superior à da maioria dos veículos do segmento C em que o Prius se insere.

A potência e o binário do motor eléctrico baixaram de, respectivamente, 80cv e 207 Nm para 72cv e 163 Nm. Como consequência, a potência total combinada é agora 122cv face aos anteriores 136cv. Em contrapartida, as médias oficiais de consumos e emissões reduziram-se para 3,0 l/100km e 70 g/km de CO2. Mais: nos anteriores Prius, os consumos eram baixos em cidade, mas disparavam em estrada e principalmente em auto-estrada. Agora, já não é assim, graças à maior eficiência do sistema de propulsão (segundo a marca, mais 14% a altas velocidades), conduzindo nos limites legais de velocidade, são possíveis médias reais de 5,0 l/100km ou inferiores (até 110 km/h, quando não se carrega no acelerador, o Prius circula em coasting, “à vela”, com o motor de combustão desacoplado). De referir ainda a mais rápida capacidade de recarga da bateria. São três os modos de condução: Normal, Eco e Power (para uma condução mais dinâmica).

Outro “pormaior”: o Prius estreia a nova plataforma modular GA-C da Toyota New Global Architecture (TNGA), mais leve e com 60% de aumento de rigidez (melhora a guiabilidade e a estabilidade), que será no futuro utilizada não só em novos veículos híbridos mas também em modelos com motor de combustão interna.

Embora menos potente, a performance de condução melhorou com resposta mais rápida da caixa CVT, que, não sendo uma referência face a outro tipo de caixas automáticas, está bastante mais suave e eficiente do que a do Prius III.

No interior, os pilares A (os da frente) são mais estreitos, o que aumenta o espaço visual (na traseira, no entanto, mantém-se o aileron que corta ao meio a visibilidade para trás). Os bancos são mais confortáveis e também mais estreitos, o que se traduz em ganhos no espaço para os ocupantes.

No interior, evidencia-se a qualidade dos materiais utilizados e dos acabamentos. O sistema de infoentretenimento é bastante completo, quase em demasia, mas uma vez familiarizados com ele podemos desfrutar de todas as suas capacidades. O Prius pode ter dois níveis de equipamento: Exclusive e Luxury. Mesmo o Exclusive (32.215€) já é muito recheado: sistema de iluminação em LED, sensor de luz, sistema de infoentretenimento e navegação Toyota Touch 2 com ecrã táctil de 7’’, câmara de visão traseira, climatizador de duas zonas, cruise control adaptativo, reconhecimento dos sinais de trânsito, alerta de mudança involuntária de faixa de rodagem, sistema de pré-colisão, arranque por botão, etc.,etc. O nível Luxury (34.400€) acrescenta, entre outras coisas, head-up display (projecção sobre o pára-brisas de dados como navegação, velocidade, ou carga da bateria), alerta de ângulo morto, detecção traseira de aproximação de veículos, carregamento por indução de smartphones, pousando-os num espaço apropriado na consola, etc., etc. No lançamento, no nível Luxury ou Luxury+ Pack Techno são oferecidos bancos em pele no valor de 1600€. De referir que os preços anunciados podem sofrer um acréscimo com a entrada em vigor das alterações ao regime fiscal decorrentes do novo Orçamento do Estado.

FICHA TÉCNICA

Motor de combustão: 4 cil., 16v, 1798cc, gasolina
Potência: 98cv às 5200 rpm
Binário máximo: 142 Nm às 3600 rpm
Motor eléctrico: Síncrono de magneto permanente
Potência: 72cv
Binário máximo: 163 Nm
Sistema Hybrid Sinergy Drive
Potência total combinada: 122cv
Tracção:             Dianteira
Transmissão: Automática variável contínua (CVT)
Veloc. máxima: 180 km/h
Aceleração 0/100 km/h: 10,6s
Consumo médio: 3,0 l/100 km
Emissões de CO2: 70 g/km
Norma de emissões: Euro 6 W
Preço: A partir de 32.215€

* Dados do construtor para Prius com jantes de 15’’. Preços podem estar sujeitos a alterações decorrentes do novo regime fiscal a entrar em vigor

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