Fugas - Motores

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Suave como veludo, rijo como ferro

Por João Palma

O substituto do Freelander é um luxuoso SUV compacto, que, apesar do visual atraente e elegante, enfrenta sem receio rudes e íngremes trilhos com piso irregular.

O irmão menor do Range Rover, com a frente inspirada no Evoque e a traseira no Range Rover, capta as atenções pela beleza e elegância das suas linhas. Mas sob esse visual esconde-se o temperamento de ferro de um veículo que, sendo suave e confortável em asfalto, está preparado para enfrentar situações fora de estrada já com algum grau de dificuldade — veja-se as suas aptidões para o todo-o-terreno na ficha técnica, como a capacidade para transpor linhas de água com até 60cm de profundidade.

Com 4589mm de comprimento, 2069mm de largura e 1724mm de comprimento, não é um veículo pequeno. No entanto, tendo 11,6m de diâmetro de viragem entre passeios (11,9m entre paredes), ressalta a facilidade de condução (com boa resposta às manobras do volante), para o que também contribuem os dispositivos de auxílio à condução e estacionamento de que vinha dotada a viatura que nos disponibilizaram (sensores, câmaras, etc.). Este Discovery Sport, sucessor com vantagem do Freelander, despacha-se muito bem nas estreitas vielas de cidades velhas e arruma-se com facilidade, desde que haja espaço disponível.

No asfalto, surpreende pelo conforto e suavidade de condução proporcionados pelo novo motor turbodiesel 2.0 de 180cv, acoplado a uma caixa automática de conversor de binário com nove relações: o veículo desliza silenciosamente como sobre algodão, graças a uma suspensão eficiente e uma boa insonorização. Quem vai ao volante tem a sensação de conduzir um veículo mais pequeno e maneirinho.

A viatura que conduzimos tinha capacidade para cinco ocupantes no amplo habitáculo, de fácil acesso. Há uma variante com sete lugares, mas os dois lugares da terceira fila de bancos são pequenos e ocupam o espaço da roda sobresselente. Esta é muito recomendável no caso do veículo que conduzimos, com tracção integral. É que é quase um crime não aproveitar as potencialidades para todo-o-terreno deste SUV compacto premium, que dispõe de controlo de descida em declives, controlo de estabilidade com inclinação e do sistema Terrain Response da Land Rover, que adapta a condução a todos os tipos de terreno: relva, gravilha, neve, lama e areia.

Como é regra geral no caso das viaturas que as marcas nos disponibilizam, este Land Rover Discovery Sport trazia a motorização mais potente, tracção 4x4 e o nível superior de equipamento, HSE Luxury. Daí o preço-base de 64.691€, quando este Discovery Sport com motor 2.0 diesel de 150cv e tracção 4x2 custa 41.800€ no nível de entrada, Pure. As versões 4x2 com tracção dianteira pagam classe 1 nas portagens.

Frise-se que, sendo uma marca premium, a política de preços da Land Rover é mais transparente do que a da maioria dos fabricantes de veículos de luxo no mercado português. No caso concreto, o Discovery Sport tem quatro níveis de equipamento, Pure, SE, HSE, HSE Luxury, duas motorizações 2.0 a gasóleo (150cv e 180cv), tracção 4x2 ou 4x4. Mesmo no nível de entrada, Pure, o Discovery Sport já traz o essencial, não sendo necessário adquirir aqueles “opcionais”, que, sendo indispensáveis, engordam o preço final do veículo. No capítulo da segurança, este SUV obteve em 2014 o máximo de 5 estrelas nos testes do Euro NCAP, com 93% na protecção dos ocupantes adultos, 83% nas crianças, 69% nos peões e 82% nos dispositivos auxiliares de segurança.

No referente ao Discovery Sport 2.0 diesel 180cv 4x4 HSE Luxury que conduzimos, com equipamento de série bastante completo, isso é ainda mais evidente: os extras que trazia, como o tecto panorâmico, os vidros fumados ou o alarme, são mesmo opcionais e não essenciais para o desempenho ou o conforto e a vida a bordo.

Pese embora o seu design atraente, o Discovery Sport não deixa de ser um SUV que pesa cerca de 1,8 toneladas. Ainda assim tem um cd de 0.36 — bom para uma viatura deste tipo. Mas claro que isso se reflecte nos consumos: num percurso misto em estrada e cidade com cerca de 200km obtivemos uma média de 6,7 l/100km, distante da média oficial, mas muito aceitável. É evidente que, fora de estrada, os consumos sobem exponencialmente, mas o prazer de condução proporcionado compensa largamente o gasto extra.

FICHA TÉCNICA*

Motor: 4 cil., 16v, 1999cc, gasóleo

Potência: 179cv às 4000 rpm

Binário: 430 Nm às 1750 rpm

Transmissão: Caixa automática de 9 relações

Ângulo de entrada: 25,0º

Ângulo de saída: 31,0º

Ângulo ventral: 21,0º

Altura livre ao solo: 212mm

Altura de vadeação: 600mm

Veloc. máxima: 188 km/h

Aceleração 0/100 km/h: 8,9s

Consumo médio: 5,3 l/100 km

Emissões CO2: 139 g/km

Norma de emissões: Euro 6

Preço: 64.691€ (veículo ensaiado, 71.469€)

* Dados do construtor

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