Fugas - Motores

Nuno Ferreira Santos

Um bonito SUV numa guerra de gigantes

Por Carla B. Ribeiro

É difícil olhar para o carro sem encontrar alguma linha que nos seduza. O Tucson, com um design consensual, pretende vingar num segmento de gigantes.

É o que mais salta à vista quando se tem um primeiro contacto com o carro. O novo Hyundai Tucson, que veio substituir o ix35, é um SUV bem conseguido ao nível da estética, facto que já lhe granjeou prémios, pensado e concebido ao gosto europeu. Com o bloco 1.7 CRDi de 115cv fica também ao gosto português, um mercado em que predomina a preferência pelos diesel.

Já conhecido de outros veículos Hyundai, o propulsor a gasóleo de 1.7 litros a debitar 115cv de potência exibe sem complexos as suas grandes mais-valias quando se está perante um veículo sem quaisquer aspirações desportivas. A condução progride, assim, de forma traquila e confortável. No entanto, há que ter em conta que para uma ultrapassagem não é o carro mais rápido. A aceleração dos 0 aos 100 km/h faz-se em 13,7 segundos, um tempo que descreve bem a dificuldade em ter reacções rápidas. Por isso, o melhor, antes de encetar uma ultrapassagem, é fazer bem as contas às distâncias, e fazê-lo em segurança.

Ainda assim, as recuperações não estão entre as mais morosas, tirando proveito do binário máximo de 280 Nm logo às 1250 rpm, que se mantém totalmente disponível até às 2500 rotações. O torque é ainda um bom amigo se se pretender levar o Tucson por outras incursões fora de estrada, sendo que se a brincadeira for leve o veículo não se negará praticamente a nada.

A boa suspensão (a dianteira é do tipo McPherson, com novas molas de ressalto e quatro casquilhos montados na subestrutura para aumentar o conforto e reduzir os níveis de ruídos, vibrações e aspereza; a traseira multilink foi melhorada para elevar a qualidade global da dinâmica do modelo) e a estabilidade com que segue caminho também ajuda a que se arrisque a sair do asfalto. No entanto, é sobre este que o Tucson melhor rolará. E, apesar do seu tamanho — com 4475mm de comprimento, 1850mm de largura e 1645mm de altura, o Tucson está maior que o seu antecessor ix35, embora mais baixo —, não é carro para se acanhar no caos urbano.

A transmissão, uma manual de seis relações, mostra-se bastante elástica e é fácil de trabalhar com a mesma, revelando até uma boa dose de suavidade nas passagens.

No que toca a consumos, a marca avança com uma média ponderada de 4,6 litros a cada cem quilómetros e com emissões de CO2 de 119 gramas, cumprindo a norma Euro 6.

No meio disto tudo há um traço negativo a registar: o bloco 1.7 revela-se mais barulhento do que seria desejável, sobretudo quando ainda a frio. O que, somado aos plásticos duros que pululam pelo interior, denuncia futuras viagens ruidosas, quando os barulhos parasitas começarem a surgir.

Onde o Tucson conquista elogios sinceros é na habitabilidade, sendo esta superior à do carro que substitui. Tirando partido de uma distância entre eixos de 2670 mm, os passageiros traseiros não terão grandes razões de queixa — nem mesmo o que tiver de se sentar no lugar do meio. Ficará sempre mais acanhado, mas nada o impede de fazer uma viagem tranquila. Na bagageira conseguem-se arrumar 513 litros desde que se opte pelo kit de reparação de pneus no lugar de um sempre mais aconselhável pneu de emergência, que reduz o espaço para uns ainda confortáveis 488 litros, como era o caso da viatura ensaiada. Com os bancos traseiros rebatidos, a capacidade cresce para entre 1478 e 1503 litros.

Também pelo habitáculo não faltam pequenos espaços para guardar objectos do dia-a-dia: telemóvel, garrafa de água, jornal, bloco. Tudo tem um lugarzinho. Até alguns bens mais perecíveis por causa do porta-luvas refrigerado, um detalhe que pode fazer a diferença numa viagem de longa distância e com crianças a bordo.

Ao nível da segurança, o Tucson passou com distinção nos testes Euro NCAP, o organismo europeu independente, com 86% na segurança dos ocupantes adultos, 85% na dos ocupantes crianças, 71% na dos transeuntes e 71% da dos dispositivos auxiliares. A contribuir para as cinco estrelas, o Tucson ensaiado contava com ABS com EBD, com gestão da estabilidade do veículo (VSM), controlo electrónico de estabilidade (ESC), sinalização de travagem de emergência e assistência à travagem, faróis de nevoeiro dianteiros, sistema de ajuda ao arranque em subidas, alarme periférico, câmara traseira de auxílio ao estacionamento, rede de retenção de bagagem e alerta de baixa pressão dos pneus.

O Hyundai Tucson beneficia da habitual garantia da marca de cinco anos sem limitação de quilómetros, com assistência em viagem e check-ups anuais durante esse período. Até 30 de Abril acresce o serviço de cinco anos de manutenção programada e uma campanha de desconto de 3707€ em caso de financiamento e de 2034€ para compras a pronto pagamento.

Ruidoso mas cumpridor

O bloco turbodiesel 1.7 CRDi de 115cv cumpre bem os desígnios do Tucson, conseguindo manter os consumos em números interessantes, ainda que longe dos 4,6 litros anunciados. No entanto, pode — e deve — ser trabalhado no sentido de o tornar menos ruidoso. O barulho do motor, sobretudo em frio, invade com facilidade o habitáculo.

Bem equipado

Com sistema de navegação disponível num ecrã de 8’’, que reúne ainda sistema áudio com rádio, porta USB, AUX e Bluetooth, o carro chega muito bem equipado. De lamentar apenas o uso de plásticos de fraca qualidade que denunciam barulhos parasitas.

A Dar nas vistas

Com a inclusão da nova geração da grelha hexagonal, a frente do carro dá bem nas vistas sem que a visibilidade conferida pelo grupo de ópticas tenha sido beliscada. Uma barra horizontal, que inclui as luzes diurnas em LED, ajuda a reforçar visualmente a robustez que o veículo almeja.

FICHA TÉCNICA

Mecânica

Cilindrada: 1685cc
Potência: 115cv às 4000 rpm
Binário: 280 Nm às 1250-2750 rpm
Cilindros: 4, em linha
Válvulas: 16
Alimentação: Gasóleo, injecção directa por rampa comum, turbo de geometria variável, Intercooler
Tracção: Dianteira
Caixa: Manual, 6 relações
Suspensão: Tipo Macpherson, à frente; Multi link, atrás
Direcção: Pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica
Diâmetro de viragem: 10,6 metros entre passeios
Travões: Discos ventilados, à frente; discos sólidos, atrás

Dimensões

Comprimento: 4475mm
Largura: 1850mm
Altura: 1655mm
Distância entre eixos: 2670mm
Peso: 1500kg
Pneus: 225/60 R17
Capac. depósito: 62 litros
Capac. mala: 488* (1478 com a segunda fila de bancos rebatida)

Prestações

Veloc. máx.: 176 km/h
Aceleração 0-100 km/h: 13,7s
Cons. misto: 4,6 litros/100 km
Emissões CO2: 119g/km
Nível de emissões: Euro 6

Preço

34.273€ (viatura ensaiada, 35.754€). Entre o equipamento, sistema de navegação com ecrã de 8’’, sistema dinâmico de iluminação em curva, vidros laterais traseiros escurecidos, controlo de travagem em descidas íngremes, cruise Control c/ limitador de velocidade e punho da alavanca de velocidades e volante em pele. Como opcional, pintura metalizada (480€) e tecto panorâmico (1000€). 

* com pneu de socorro de dimensões “normais”

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