Fugas - Motores

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Modelo coreano apresenta-se cada vez mais ao gosto europeu

Por Carla B. Ribeiro

Com uma história de mais de duas décadas, o Sportage não parece dar sinais de cansaço. E nesta nova geração pisca o olho ao mercado europeu. Em Portugal, a aposta recai no bloco a gasóleo 1.7 CRDi.

Quando o alemão Peter Schreyer se juntou à Kia, depois de se ter celebrizado com o design do Audi TT, era fácil antever que a gama da marca sul-coreana ganharia um toque cada vez mais europeu. Exemplo máximo disso é o cee’d, fabricado na e para a Europa desde 2006 e que a partir de 2010 começou a ser alvo do toque de Schreyer. No entanto, mesmo estando presente em vários mercados pelo mundo fora, o Kia Sportage, cujas unidades são produzidas na fábrica de Zilina, na Eslováquia, tem conquistado a simpatia europeia.

Nesta quarta geração, o Sportage reafirmou-se ao tornar-se muito depressa no modelo mais vendido da marca no Velho Continente — no primeiro trimestre do ano, a Kia anunciou ter sido este a conquistar o título de best-seller. Acumulando as vendas das últimas unidades da anterior geração e a chegada da nova, a Kia registou 39.096 carros comercializados só na Europa. Em Portugal, onde o carro chegou em Março, foram registadas 118 matrículas ao longo desse mesmo mês.

O sucesso do Sportage passa por uma combinação de vários factores, entre os quais o preço e a garantia de sete anos não são pormenores de somenos. O veículo está à venda a partir de 28.640€ no caso do gasolina 1.6 GDi. Já o propulsor ensaiado, o 1.7 CRDi de 115cv, consegue-se a partir dos 31.141€ (com o equipamento de topo, com o qual se apresentava o carro que conduzimos, o preço escala para os 34.140€, excluindo os pacotes de equipamento especial, como a pintura metalizada ou os interiores em pele, com os quais pode atingir os 36.000€).

Mas há outros trunfos que permitem que o Sportage se apresente como uma verdadeira opção para quem está a ponderar a aquisição de um utilitário desportivo compacto de características familiares. Sobretudo no seu interior, onde se verifica um bom salto qualitativo da marca na atenção aos detalhes e nos materiais seleccionados. E, ainda mais relevante, na montagem, que permite andar com o Sportage em estradas esburacadas sem incomodativos barulhos parasitas.

O tablier também foi repensado e agora divide-se em duas zonas: a superior, onde se podem encontrar as informações relativas a todos os aspectos do veículo, com destaque para a inclusão de um ecrã táctil de 7’’ com ligação à Internet, Bluetooth e sistema de navegação TomTom, com informações de trânsito em tempo real; e a inferior, que se destina a controlar todas as funções do mesmo.

Nota positiva também pode ser atribuída ao espaço para bagagem e à habitabilidade, ambos superiores ao veículo que veio substituir. O feito foi conseguido pelo crescimento do carro — 4480mm de comprimento (mais 40mm) e 2670mm de distância entre eixos (mais 30mm) — mas também pelo facto de a marca ter optado por baixar o piso e subir a posição da linha de cintura, tornando a posição de viagem mais confortável. A somar a isto, passa a haver possibilidade de reclinar os bancos traseiros.

Para o condutor, além de ter um banco muito fácil de regular (meio caminho para uma boa posição de condução), é de valorizar o trabalho no sentido de aumentar o campo de visão, com o reposicionamento do pilar A. Mas o capítulo em que quem se senta ao volante é verdadeiramente beneficiado é o das ajudas à condução, em que se destaca a inclusão da travagem de emergência, os máximos automáticos ou o alerta de saída involuntária de faixa.

Pelo exterior foram executadas várias alterações no design, a começar pela frente. O típico “nariz de tigre” que forma a grelha frontal está posicionado mais abaixo, tendo-se separado das ópticas, e as luzes de nevoeiro surgem mais abaixo, num compartimento negro que surge desalinhado com os faróis dianteiros e que parece tornar o carro mais largo do que é. Na traseira, destaque para o spoiler alongado e para a posição rebaixada dos farolins que se ligam a toda a largura do veículo, o que volta a criar a ilusão de ser maior do que é. Tudo somado, o Sportage não é um veículo consensual quanto às opções estéticas do design exterior. Embora a marca evidencie o facto de as mesmas terem ajudado a criar uma maior aerodinâmica (este é o Sportage que apresenta o melhor coeficiente de resistência ao ar, de 0,33 Cd). Ainda assim, a confusão que poderá existir ao primeiro olhar é rapidamente dissipada assim que se entra no habitáculo.

No rolamento, o bloco 1.7 CRDi de 115cv, acoplado a uma caixa manual de seis velocidades, continua a cumprir satisfatoriamente todos os requisitos ao responder rapidamente às solicitações, fruto de um binário de 280 Nm com uma vasta utilização (entre as 1250 e as 2750 rotações). No entanto, com uma suspensão que prima pelo conforto, o veículo mostra-se mais à vontade em circuitos urbanos do que propriamente em viagens sinuosas. Já na economia dos consumos, a marca avança com 4,6 l/100km de consumo médio em circuito misto, mas em condições menos favoráveis àquelas em que os testes são realizados, ficámo-nos por um consumo médio em torno dos 6,6 l/100km.

PORMENORES

Espaçoso

Se há coisa em que o Sportage não falha é no espaço: para ocupantes e para bagagem. A mala, com 503 litros (1492, com a fila de bancos traseira rebatida), está entre as melhores face aos seus concorrentes mais directos e integra pneu sobresselente, facto que pode revelar-se útil sobretudo numa saída do asfalto. O acesso é fácil.

Requintado

Mesmo os mais resistentes à nova cara do Sportage, cujos traços aerodinâmicos não se mostram consensuais, não hesitarão em elogiar o interior do carro. Tudo parece ter sido pensado até ao mais ínfimo detalhe, proporcionando uma sensação de qualidade e de boa construção. É fácil encontrar uma boa posição de condução.

Baralhado

Não há nenhum detalhe que, isolado, possa ser descrito como menos conseguido. No entanto, o conjunto entre os vários elementos que constituem a frente está longe de poder ser considerado harmonioso. Seja como for, a marca reclama ter conseguido o melhor Sportage de sempre com um coeficiente de resistência ao ar de 0,33 Cd.

BARÓMETRO

+ Conforto, montagem e detalhes do habitáculo, equipamento, preço
Estética do design exterior pouco consensual 

FICHA TÉCNICA
 

Mecânica
Cilindrada: 1685cc
Potência: 116cv @ 4000rpm
Binário: 280 Nm @1250-2750rpm
Cilindros: 4, em linha
Válvulas: 16
Alimentação: Gasóleo, injecção directa por rampa comum. Turbo de geometria variável. Intercooler
Tracção: Dianteira
Caixa: Manual, 6 velocidades
Direcção: Pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica
Diâmetro de viragem: 10,6m entre passeios
Travões: Discos ventilados à frente; discos , atrás

Dimensões
Comprimento: 4480mm
Largura: 1855mm
Altura: 1635mm
Distância entre eixos: 2670mm
Peso: 1425kg
Pneus: 225/60 R17
Capac. depósito: 62 litros
Capac. mala: 503 litros

Prestações
Veloc. máx.: 176 km/h
Aceleração 0-100 km/h: 11,5s
Cons. misto: 4,6 l/100 km
Emissões CO2: 119 g/km
Nível de emissões: Euro 6

Preço
34.141,88€ (viatura ensaiada,
36.016,88€). Entre o equipamento extra, pintura metalizada (375€) e Pack Premium (1500€), integrando tecto panorâmico e estofos em pele. O valor do IUC (135,76€ para o 1.7 CRDi 115cv) relativamente ao primeiro ano é oferecido.

*Dados do construtor

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