Face a um passado com períodos pouco brilhantes, era costume dizer-se que os Alfa Romeo eram carros de duas alegrias: quando se compravam e quando se vendiam. Refazer uma reputação custa muito, mas os mais recentes modelos saídos da fábrica de Cassino contradizem a anterior imagem negativa. E quanto ao Giulia, uma luxuosa berlina do segmento D, é caso para se dizer que só a primeira parte da frase continua válida. E isso ainda é mais verdade no que toca ao superdesportivo Quadrifoglio Verde.
O novo modelo é o ponta-de-lança de um plano da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) para relançar a Alfa Romeo a nível mundial, mas de momento só será comercializado na Europa, esperando-se por 2017 para o introduzir no mercado norte-americano. Em Portugal, as vendas terão início a 24 de Junho e o Giulia terá três versões: a gasóleo, duas variantes do novo bloco de 2143cc com 150cv e 180cv; a gasolina, o superdesportivo Quadrifoglio Verde, dotado do motor de 2891cc V6 biturbo com 510cv. Estes motores estão acoplados a uma caixa manual de seis velocidades, podendo, nas versões a gasóleo, optar-se por uma caixa automática de conversor de par com oito relações, de funcionamento suave e eficiente, com performances similares às da caixa manual, mas proporcionando conforto adicional. Todas as motorizações (até mesmo a superdesportiva) apresentam bons níveis de consumos e emissões.
O novo Giulia está fabricado com materiais ultraleves: por exemplo, os blocos dos motores são em alumínio e o eixo de transmissão em fibra de carbono, material também usado noutros componentes, em especial na versão superdesportiva (como a aba dianteira que baixa com o aumento de velocidade para maior aderência ao solo). Esta berlina de quatro portas e cinco lugares tem tracção traseira, para, segundo a marca, oferecer melhores performances, mais divertimento e emoção na condução.
É costume dizer-se que não se deve construir uma casa a começar pelo telhado, mas no caso do Giulia foi mesmo assim: primeiro foi desenvolvida a versão superdesportiva Quadrifoglio Verde (QV), com o motor 2.9 V6 biturbo a gasolina de 510cv, 600 Nm de binário e caixa manual de seis velocidades. Indo beber tecnologia à Ferrari, este propulsor faz com que o Giulia QV acelere dos 0 aos 100km em 3,9s e atinja os 307 km/h de velocidade máxima, o que o torna o mais potente Alfa Romeo de estrada jamais produzido, superando máquinas como o BMW M3 ou o Mercedes-AMG C 63 S.
Todas as versões são construídas sobre uma nova plataforma “em sanduíche” de três camadas: duas de aço e uma intermédia de borracha para filtrar ruído e vibrações. A suspensão activa usa a tecnologia Alfalink, há uma boa distribuição de peso entre os dois eixos e a resposta às manobras da direcção é muito directa, o que faz com que um veículo com 4,64m de comprimento, 1,86m de largura e 1,46m de altura pareça muito menor. Isso nota-se especialmente em estradas estreitas e sinuosas. Destaque ainda para o Integrated Brake System, sistema de travagem by wire, que faz com que o espaço de imobilização de 100 a 0 km/h seja 38,5 metros para o Giulia normal e 32,0 metros para o Quadrifoglio.
O Alfa Romeo Giulia tem três níveis de equipamento: Giulia para a versão de 150cv; Giulia Super para a de 180cv; Quadrifoglio para a de 510cv. De entrada, oferece jantes de 16’’, travagem automática de emergência com detecção de peões, aviso de saída de faixa de rodagem, climatizador bizona, sensores de estacionamento traseiro, sistema de infoentretenimento, selector Alfa DNA com três modos de condução Dynamic, Natural e Advanced Efficiency (o QV adiciona um modo superdesportivo, Race), etc. O Super acrescenta, entre outras coisas, revestimento em pele e tecido, acabamentos específicos e jantes de 17’’. A Quadrifoglio acrescenta coisas como a aba dianteira amovível em fibra de carbono, o spoiler traseiro, travões distintos, Chassis Domain Control (gestão electrónica do chassis), faróis de xénon com gestão automática de máximos, distribuição automática de binário, etc., etc.
Há casos em que o “embrulho” não faz justiça ao “recheio” e vice-versa. No que se refere ao Alfa Romeo Giulia, mesmo nas versões “normais”, o casamento é perfeito. O interior é espaçoso, os materiais utilizados são de qualidade e há cuidado nos acabamentos, isto é, tudo de nível premium. Talvez se note algum conservadorismo no visual do painel de instrumentos e no do ecrã táctil central. Mas, no que diz respeito ao design, tanto exterior como interior, o Giulia tem o ADN das viaturas italianas, com o estilo e a elegância que as fazem repositórios de bom gosto.