Fugas - Motores

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Ágil e aguerrido

Por Maria Lopes

A marca modernizou o seu utilitário para chamar a atenção de um público mais jovem: equipou-o com mais tecnologia, pincelou o exterior com adornos metálicos e aposta no preço. Quer descolar do fundo da tabela das vendas dos citadinos.

Um citadino quer-se leve, despachado, ágil, económico, prático, facilmente manobrável. Podia juntar-se mais um punhado de características mas é preciso não ser demasiado ambicioso numa gama de entrada onde os carros custam, em média, cerca de 15 mil euros. Há que saudar, porém, o contínuo aumento da oferta de equipamento e de tecnologia que os construtores usam como isco para tentar esticar a quota de mercado. E nesta estratégia a Mitsubishi não quer ficar atrás.

Por isso, três anos depois de ter lançado o novo Space Star, o seu modelo tradicional de entrada — se não se contar com o eléctrico i-MIEV — a Mitsubishi refrescou o citadino que em 2013 substituiu o Colt mas se apropriou do nome do monovolume que fora descontinuado em 2005. Ou seja, tendo contornos de star, space é coisa que, embora não abunde num carro deste segmento, até é bem gerido neste modelo do construtor asiático.

A marca insere o Space Star no segmento B, onde se incluem líderes de vendas como o Renault Clio e o Peugeot 208, ou ofertas de peso como o Opel Corsa, o VW Polo e o Citroën C3. O que torna o desafio do pequeno Mitsubishi muito maior: continua a dispor apenas de um bloco de 1,2 litros com 80cv, ao passo que qualquer dos modelos da concorrência tem uma gama extensa de ofertas. Mas se compararmos as ofertas das várias marcas pela motorização, então o Space Star ganha muitos pontos pelo equipamento de série que oferece.

As alterações no visual tornaram o Space Star num carro mais moderno e atraente: o capot ganhou nervuras centrais, os retrovisores têm também pisca embutido, o símbolo aninha-se agora no centro de uma grelha preta perfurada com lambrim metálico e ao pára-choques foi acrescentada uma linha também metálica que termina em garfo de ambos os lados, onde estão encaixados os faróis de nevoeiro redondos. Na traseira as mudanças são menos perceptíveis — lá continua o spoiler que empresta ao carro um ar desportivo (agora com luzes LED) e o pára-choques foi alvo de pequenos retoques. Terão sido essas mudanças do invólucro exterior, em especial nos pára-choques, que explicam o aumento do tamanho do Space Star em 8,5 centímetros no comprimento. Também ficou 5,5 centímetros mais alto.

A tentativa de aproximar o Space Star do público mais jovem nota-se muito no interior, com enfoque para o equipamento de entretenimento, que inclui a possibilidade de emparelhar, por Bluetooth, o smartphone com o sistema de áudio e de navegação. Mantiveram-se de série, entre outros equipamentos, os comandos no volante, a chave inteligente com arranque por botão, os sensores de luz e chuva, o ar condicionado automático, rádio com CD e MP3 e computador de bordo com cruise control. O modelo mantém também o sistema Start/Stop, que desliga e arranca o motor consoante o carro está parado no trânsito ou se solta o travão e se toca na embraiagem. Este sistema pode, no entanto, ser desligado. No painel de bordo há ainda outro sistema que incentiva o condutor a ter uma atitude mais eficiente ao volante, com um indicador do nível de economia da condução praticada.

A posição de condução elevada, que permite uma boa visibilidade dos limites do carro — ideal para a condução em cidade e estacionamento em espaços pequenos — é, no entanto, prejudicada por alguma falta de apoio lateral dos bancos que, sendo um pouco mais confortáveis, ainda nos fazem sentir muito as irregularidades da estrada. O banco traseiro tem espaço suficiente para três passageiros — incluindo um banco de criança — e apesar de não ser bonito o assento ser todo plano, é também verdade que assim é mais aproveitado. Os 235 litros da mala não dão para todos os carrinhos de bebé, mas também é certo que quem compra um carro destes não procura grande capacidade de bagagem — e, já agora, ainda bem que não há pneu suplente ou o espaço ainda seria menor…

O motor a gasolina de 1,2 litros, com 80cv e três cilindros é o mesmo do lançamento do carro, há três anos, e continua a mostrar-se cumpridor, embora um pouco ruidoso em mudanças mais baixas — um reforço da insonorização talvez ajudasse. O consumo combinado anunciado de 4,3 litros/100 km não é nada difícil de atingir por quem tiver uma condução conscienciosa — fizemos uma média de 4,5l sem qualquer preocupação de poupança. A velocidade máxima anunciada é de 180 km/h. A Fugas experimentou a versão base de caixa manual, mas existe uma caixa automática opcional por mais 1100 euros. No capítulo da segurança mantêm-se os sistema de controlo activo de estabilidade (ASC) com controlo de tracção (TCL), ABS com EBD, sistema de assistência à travagem e ainda o sistema de ajuda ao arranque em subida (HSA) que permite a muitos condutores deixarem de usar a pouco prática mania de fazer ponto de embraiagem com o travão de mão.

Um dos trunfos da marca é o preço de lançamento, que coloca o carro com um custo inferior ao praticado em 2013. Durante a campanha o Space Star custa 11.350 euros com caixa manual e 13.500 com automática, ao passo que o preço de venda normal passará a ser de 14.250 euros para a primeira e 15.350 para a segunda — uma diferença de 1050 euros que não se entende. Como opcionais, além do rádio com sistema de navegação (500 euros), há a pintura metalizada (350) e os sensores de estacionamento traseiros (260).

Ficha técnica*

Motor: 1193cc, 3 cil., 12 v., gasolina
Potência: 80cv às 6000rpm
Binário: 106 Nm às 4000rpm
Transmissão: Manual de 5 velocidades
Velocidade máxima: 180 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h: 11,7s
Consumo médio: 4,3 l/100km
Emissões CO2: 100 g/km
Preço: 14.250€
Preço da unidade ensaiada: 14.750 euros

*Dados do construtor

 

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