Fugas - Motores

Renault Clio: A recusa em dormir sobre os louros

Por João Palma

É o carro mais vendido em Portugal, mas, face a numerosa e qualificada concorrência, não pode estagnar se quiser manter a liderança. Foi por isso que os responsáveis da Renault decidiram renovar o Clio IV, lançado em 2013.

Há carros que, para os menos conhecedores e interessados no mundo automóvel, podem ser perfeitos desconhecidos. Não é o caso do Renault Clio. Com mais de 432 mil unidades vendidas em Portugal nos seus 26 anos de existência, este veículo do segmento B, o dos utilitários, dispensa apresentações — todos conhecem o Clio. Porém, mesmo um campeão de vendas não pode dormir sobre os louros se não quiser ser ultrapassado pelos seus competidores. Por isso, a Renault decidiu actualizar o Clio IV de 2013.

A versão renovada da quarta geração do Clio será posta à venda em meados de Setembro, ocorrendo o lançamento simultâneo da berlina de cinco portas, da carrinha Sport Tourer e da variante desportiva RS Trophy, com motor 1.6 turbo a gasolina de 220cv (a versão RS com o mesmo motor 1.6 de 200cv não será comercializada em Portugal).

Com 4062mm de comprimento (4267mm na carrinha), 1731mm de largura, 1448mm de altura (1475mm na carrinha) e uma distância entre eixos de 2589mm, o Clio tem uma mala de 300 litros na versão berlina e de 445 litros na carrinha. A distância ao solo é de 120mm, mas o RS Trophy tem uma suspensão específica, com uma redução da altura ao solo em 20mm à frente e 10mm atrás.

O Renault Clio de 2016 apresenta modificações no visual, no equipamento, nos materiais utilizados no interior, nos motores e nas caixas de mudanças.

No que se refere ao aspecto exterior, há alterações nos grupos ópticos, com novos faróis de nevoeiro, nas luzes de dia e de presença atrás (em LED), na grelha frontal, nos pára-choques e na traseira. Às seis cores actualmente existentes, são adicionadas quatro novas tonalidades (Vermelho Intenso, Cinzento Titânio, Branco Nacarado e Azul Iron). Há também novas jantes de liga leve e mais possibilidades de personalização do carro (30 combinações diferentes).

No equipamento, o ar condicionado (manual ou automático) passa a ser de série em toda a gama. Os faróis são de LED a partir do nível GT Line. De série no RS Trophy e opcional no resto da gama GT Line, há um novo sistema de iluminação inteligente RS Vision, composto por nove LED e seis reflectores com a forma de uma bandeira de xadrez. O Clio RS Trophy também dispõe de um sistema de escapes exclusivo.

Há também melhorias no que toca à conectividade e na informação e entretenimento, sendo introduzido um sistema mais básico, R & Go, com função mirror link (emparelhamento com um smartphone) que se soma aos já existentes — Media Nav e a mais recente evolução do R-Link. Em opção, está disponível um sistema de som Bose com uma qualidade que só se encontra em veículos de segmentos superiores.

No interior, nota-se a melhor qualidade dos materiais utilizados, com predominância de plásticos macios e agradáveis ao tacto. Os bancos estão mais envolventes e com maior sustentação lateral.

No que toca aos motores disponíveis para o renovado Clio, continuam a ser comercializadas as versões menos potentes de 75cv, 1.2 a gasolina e 1.5 a gasóleo, embora a marca aposte nas outras motorizações mais recentes. A maior novidade é a introdução na gama de uma variante do 1.5 dCi a gasóleo de 110cv (até aqui, o motor diesel mais potente do Clio era o 1.5 dCi de 90cv), acoplado a uma suave e eficiente caixa manual de seis velocidades. Esta mesma caixa passa também a estar disponível com o motor Energy TCe a gasolina de 120cv, que, até ao presente, só vinha com uma caixa automática de seis relações: para além de representar uma poupança de cerca de 2000€, embora os consumos médios e emissões ainda não estejam homologados, é de prever que, com a caixa manual, haja uma ligeira redução desses valores.

Ainda em relação ao motor dCi de 110cv, novo no Clio, cujos consumos e emissões também aguardam homologação, não se prevêem dados muito diferentes dos anunciados para a variante de 90cv do mesmo propulsor. Um pormenor: com o mesmo nível de equipamento, GT Line, a diferença em preço do Clio a gasóleo de 110cv para o de 90cv é de 900€ (22.820€ para 21.920€).

No caso da versão com caixa automática EDC de seis relações do Clio 1.5 dCi de 90cv, a situação inverte-se: custa mais 1000€ (23.820€) que o de 110cv, que só traz caixa manual. Face a isto e às performances superiores do propulsor de 110cv, citando um anterior primeiro-ministro português que é actual candidato a secretário-geral da ONU, “é só fazer as contas”.

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