Fugas - Motores

  • Nuno Ferreira Santos
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A pick-up que se transformou num luxo

Por Carla B. Ribeiro

Luxo e pick-up parecem ser termos que não combinam. No entanto, a Ford, que no país de origem domina com grandes veículos do género, aposta na Ranger para conquistar a Europa. Para isso, juntou-lhe mimos e equipamento próprios de outros segmentos.

Assim que se entra nesta Ford Ranger, de cabina dupla e equipamento de topo Limited, percebe-se que, se por fora a pick-up continua a ser uma besta de trabalho, por dentro tudo foi pensado no conforto de todos os seus cinco ocupantes. 

No conforto, mas também na segurança: não à toa, a Ford Ranger foi a primeira pick-up a atingir em 2012 a pontuação máxima de cinco estrelas nos testes Euro NCAP, o organismo independente que avalia a segurança dos veículos automóveis comercializados na Europa, com 96% na segurança dos ocupantes adultos, 86% na das crianças; 81% na dos peões e 71% nos dispositivos auxiliares) — um feito igualado este ano pela Toyota Hilux. 

Nesta nova Ranger nota-se que a preocupação não só foi mantida como aprimorada, com a possibilidade de equipar o carro, por mais 915€, com uma série de ajudas à condução nada comuns ao segmento: controlo automático de velocidade adaptativo com alerta de colisão, que além de mostrar um aviso sonoro e luminoso, pré-activa os travões em caso de colisão iminente; sistema de aviso de saída de faixa de rodagem, que inclui alerta do condutor e faróis máximos automáticos; e reconhecimento de sinais de trânsito. De série, a Ranger chega com assistências ao arranque em subida, de detecção de deflacção de pneus, com controlo electrónico de estabilidade com mitigação de capotamento, controlo de carga adaptativo, de descida, de tracção e de balanço do reboque. 

Claro que no meio do mato nenhuma daquelas ajudas extras faz sentido — até atrapalham, como pudemos verificar, com o carro a queixar-se de cada ervinha ou desnível, mesmo que pouco acentuado. E, por essa razão, a possibilidade de as desligar completamente está à distância de um pequeno botão. 

Mas voltemos ao conforto, É que entre estar dentro da Ranger ou de qualquer veículo de quatro ou cinco portas não há grandes diferenças (a não ser talvez as entradas e saídas, dificultadas pela elevada altura ao solo, mas apoiadas pela inclusão de estribos laterais). Todo o painel de instrumentos é novo e tripartido, com a possibilidade de configurar os ecrãs: à esquerda encontramos as informações do computador de bordo ou optar por visionar o conta-rotações. No da direita, exibe-se por exemplo informações de navegação. Ao centro do tablier, um ecrã táctil integra todas as funções de info-entretenimento, acumulando ainda a gestão do ar condicionado (que também pode ser ajustado nos botõezinhos mais abaixo) que se caracteriza por ser bizona. 

Já os materiais usados um pouco por todo o habitáculo distinguem-se por serem de boa qualidade nesta versão de equipamento, evidenciando-se ainda a excelente montagem dos diversos módulos, não se registando quaisquer barulhos parasitas, mesmo quando nos aventuramos fora do asfalto. Os bancos, em pele, garantem um bom apoio, sobretudo aos passageiros dianteiros. Atrás, o conforto não é o mesmo, muito por causa dos assentos serem demasiado verticais, mas três pessoas irão encontrar espaço suficiente para que não haja razão para queixumes. Nota positiva para o facto de ser possível ajustar o banco do condutor recorrendo a comandos eléctricos. 

Ao volante, o motor 2.2 TDCi com 160cv não se nega a praticamente nada — excepto talvez na poupança de combustível, mesmo tendo em conta o facto de chegar com sistema Start&Stop, e é difícil conseguir registar os valores anunciados pela marca de 6,5 l/100 km (andámos sempre entre os oito e os nove litros). Com tracção integral e caixa manual de seis velocidades, esta Ranger pode ser configurada para reagir como um 4x2 ou como um 4x4. Por traçados mais difíceis, o sistema de baixas permite aproveitar mais binário (o máximo é de 385 Nm entre as 1500 e as 2500rpm) a uma menor rotação do motor. 

Nesta aventura, porém, há algo a reter: os seus 5362mm de comprimento, nada fáceis de estacionar.

BARÓMETRO

+ Qualidade de acabamentos e materiais, segurança, desenvoltura do motor

- Consumos reais vs. anunciados, dificuldade em encontrar espaço de estacionamento em cidade

FICHA TÉCNICA

Cilindrada: 2198cc

Potência: 160cv às 3700 rpm

Binário: 385 Nm às 1500-2500 rpm

Cilindros: 4 em linha

Válvulas: 16

Alimentação: Gasóleo, injecção directa por rampa comum. Turbo de geometria variável. Intercooler

Tracção: Integral

Caixa: Manual de 6 velocidades

Sistema Start/Stop: Sim

Suspensão: Paralelogramo deformável, à frente; eixo rígido e molas

Direcção: Pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica

Diâmetro de viragem: 12,4m entre passeios

Travões: Discos ventilados à frente; tambor atrás

Dimensões

Comprimento: 5362mm

Largura: 1860mm

Altura: 1815mm

Distância entre eixos: 3220mm

Peso: 2177kg

Pneus: 255/70 R17

Capac. depósito: 80 litros

Prestações*

Ângulo de entrada: 28º

Ângulo de saída: 28º

Ângulo ventral: 25º

Altura livre ao solo: 232mm

Altura de vadeação: 800mm

Veloc. máx.: 175 km/h

Aceleração 0-100 km/h: 11,8s

Cons. misto: 6,5 litros/100 km

Emissões CO2: 171 g/km

Nível de emissões: Euro 6

*Dados do construtor

Preço: 41.950€

Viatura ensaiada, 44.716€, valor que inclui entre os extras o já mencionado Pack Driver Plus, além de câmara de visão traseira; sensores de estacionamento (à frente e atrás); pack Off-road (protecção do motor e da caixa de transferência, protecção do depósito de combustível e bloqueio do diferencial traseiro); Ford SYNC 2 com sistema de navegação e Ford MyKey; e pintura metalizada)

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