Fugas - Motores

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    A Renault divulgou o Trezor, um protótipo de um superdesportivo eléctrico DR
  • O novo Nissan Micra quer reafirmar-se entre os citadinos
    O novo Nissan Micra quer reafirmar-se entre os citadinos DR
  • O Land Rover Discovery entra na 5.ª geração
    O Land Rover Discovery entra na 5.ª geração DR
  • O Opel Ampera-e apresenta uma autonomia de 500km
    O Opel Ampera-e apresenta uma autonomia de 500km DR

Uma grande exibição marcada por ausências de peso

Por Carla B. Ribeiro e João Palma

Paris é um dos três grandes salões automóveis europeus, alternando anualmente com Frankfurt. O terceiro destes eventos, e talvez o mais importante, é o Salão de Genebra, que se realiza todos os anos em Março. A mostra parisiense traz muitas novidades mas também tem ausências de vulto.

O Salão Automóvel de Paris, o Mondial de L’Automobile, cuja primeira edição remonta ao longínquo ano de 1898, realiza-se no Outono de todos os anos pares, alternando com o de Frankfurt, que decorre nos anos ímpares. O certame de 2016 abriu as portas no passado dia 1 de Outubro e prolonga-se até ao dia 16. Confirmando a tendência dos mais recentes salões automóveis, há uma aposta das marcas em veículos híbridos e eléctricos. Com muitas novidades, regista também ausências importantes.

Ford, Mazda e Volvo são três fabricantes de automóveis de relevo que não estão presentes na edição deste ano do Salão Automóvel de Paris. Mais marcante ainda é que, sendo Paris uma das capitais mundiais da moda e do requinte, se verifica uma debandada de marcas de luxo: os visitantes do evento não encontrarão stands de Bentley, Lamborghini, Rolls-Royce, Aston Martin, McLaren, Lotus, Bugatti, Cadillac...

Quer isto dizer que Paris está a perder importância? Talvez. Ainda assim, são mais de uma centena os novos veículos apresentados. Damos aqui conta dos que mais nos cativaram.

A expansão dos eléctricos

Paris confirma a tendência dos últimos anos: cada vez mais, os fabricantes de automóveis se empenham em apresentar alternativas aos motores de combustão interna. Um dos mais falados é o Opel Ampera-e, que, segundo a marca, tem uma potência de 204cv e autonomia superior a 500 km (em teste percorreu 417km, de Londres a Paris, e ainda sobrou carga na bateria). O Ampera-e chega ao mercado europeu na primeira metade de 2017 por um preço abaixo dos 40.000€.

Menos revolucionária, mas inteiramente adequada, é a electrificação da totalidade da gama de citadinos da Smart, que, além dos fortwo coupé e cabrio, passa a incluir o forfour. Terão uma autonomia de 160km e estarão disponíveis no início de 2017.

No pólo oposto está o superdesportivo eléctrico GLM-G4 da japonesa Green Lord Motors. Com quatro lugares, tem 400km de autonomia, 536cv de potência, vai dos 0 aos 100km em 3,7s e atinge os 250km/h (velocidade limitada). O preço também é estratosférico: cerca de 200.000€ no Japão e em Hong Kong.

Por sua vez, a Renault, um dos líderes no fabrico de veículos eléctricos, apresenta o protótipo Trezor, que faz jus ao nome: um deslumbrante superdesportivo eléctrico de dois lugares, com 350cv, que vai dos 0 aos 100km em menos de 4,0s, mas cuja autonomia não foi revelada. Em contrapartida, o Zoe vai receber, até ao final deste ano, uma nova bateria de 41 kWh da LG Chem, que tem o mesmo peso e ocupação de espaço da actual de 22 kWh, mas que permitirá aumentar autonomia de 240km para 400km.

A Volkswagen revela o I.D., um protótipo que será a base de um futuro veículo eléctrico que está previsto para 2020, com 400km de autonomia e um preço abaixo dos 30.000€.

Enquanto isso, a Mercedes-Benz apresenta o Generation EQ, um protótipo de SUV eléctrico que tem 402cv de potência e uma autonomia até 500km, que anuncia um modelo de produção em série para 2019. EQ será a submarca da Mercedes-Benz para os seus futuros modelos eléctricos.

Híbridos, os consensuais

Além dos veículos eléctricos exibidos na mostra parisiense, dos quais damos conta apenas de alguns, as variações híbridas continuam a ser uma aposta forte. Ao combinarem um motor de combustão com um motor eléctrico conseguem reunir o melhor de vários mundos: são recatados na emissão de poluentes, contidos nos consumos (para não falar dos que surgem com autonomia para algumas dezenas de quilómetros em modo 100% eléctrico) e os seus condutores não sofrem de range anxiety, expressão inglesa que define o receio do condutor de um veículo eléctrico de ficar parado na estrada se as baterias se descarregarem.

Entre os híbridos em destaque no Salão de Paris, e num patamar superior, esteve o Porsche Panamera 4 E-Hybrid, híbrido plug-in gasolina/eléctrico com 462cv de potência conjunta, 50km de autonomia em modo eléctrico e um preço bem acima dos 100.000 euros.

Nas propostas mais terrenas, o Mitsubishi GT-PHEV foi apresentado como um protótipo de SUV com sistema híbrido composto por três motores eléctricos — um à frente de 122cv e dois atrás de 61cv cada —, além de um propulsor de 2.5 a gasolina. Um sistema semelhante ao já conhecido do Outlander PHEV, sendo que neste caso a autonomia em modo eléctrico pode chegar aos 120km.

Enquanto isso, a Toyota apresentou a segunda geração do Prius Plug-in Hybrid, com o já conhecido motor 1.8 a gasolina e dois motores eléctricos que lhe proporcionam uma autonomia de 50km em modo 100% eléctrico. Ao lado, exibe o FCV Plus, um protótipo que funciona a pilha de combustível usando hidrogénio líquido.

A combustão também há novidades eficientes

Se é verdade que o centro das atenções em Paris são os eléctricos e as soluções híbridas, seria completamente falso dizer que as novidades movidas a combustíveis fósseis estão em vias de extinção. Pelo contrário: surgiram em força e revelando-se cada vez mais eficientes. Em destaque, a revelação de novas gerações de cinco modelos com história: Audi Q5, Honda Civic, Hyundai i30, Land Rover Discovery e Nissan Micra.

No caso do Q5, é visível a adaptação de muitos elementos estreados no Q7, sendo de destacar o facto de o SUV ser construído tendo por base a mesma plataforma do irmão maior (e que também foi adoptada pelo Audi A4). Já o Civic, que está prestes a entrar na sua 10.ª geração, contando com um respeitável historial de 43 anos, também irá estrear uma nova plataforma, além de um novo chassis e de melhoradas motorizações, sobretudo a gasolina: um tricilíndrico 1.0 turbo de 129cv e um 1.5 turbo, de quatro cilindros em linha, com 182cv. Surgindo mais largo e mais baixo, de forma a potenciar a aerodinâmica, o carro deverá chegar em Fevereiro de 2017.

Também novo é o Hyundai i30, cuja nova geração foi pensada no sentido de oferecer mais espaço, por um lado, mas também para ser uma solução mais eficiente e poupada de forma a fazer face aos gigantes do segmento, entre os quais o Volkswagen Golf. Nesse sentido, há novos motores, a gasolina de injecção directa, de 1.0 com 120cv e de 1.4 com 140cv. O familiar, que deverá chegar no primeiro trimestre do próximo ano, surge com uma nova suspensão traseira, assim como uma direcção ainda mais precisa e directa.

Para caminhos mais avessos, a quinta geração do Land Rover Discovery promete uma maior sofisticação sem que tenha havido um esquecimento das tecnologias de conectividade. O todo-o-terreno apresenta-se ainda superespaçoso, com uma bagageira que pode acomodar 2500 litros, e superversátil: a proposta é de sete assentos totalmente configuráveis.

Por fim, o Nissan Micra surge mais arrojado, adoptando as linhas mestras da nova linguagem de design da marca: grelha dianteira em V, faróis em bumerangue e capot flutuante. Quanto a motorizações, são esperados os blocos tricilíndrico a gasolina e o 1.5 a diesel. Haverá ainda lugar, mais tarde, para um propulsor  1.0 aspirado de 73cv.

Ainda no capítulo das novas gerações, embora estas devam chegar aos mercados antes do fim do ano, o Citroën C3 é um dos destaques do Salão, uma cobiça conquistada muito por causa dos Airbumps que herdou do Cactus, assim como o novel Peugeot 3008 que, segundo a marca francesa, surge menos monovolume crossover e mais SUV, estando maior e mais leve que o seu predecessor. Também a jogar em casa, a Renault voltou a exibir o monovolume Scénic e Grand Scénic, além de revelar um pouco mais sobre o SUV Koleos, cuja estreia ocorreu em Pequim, em Abril, e a pick-up Alaskan que marca a inauguração da marca neste segmento e que tem por base a Nissan Navara NP300.

Outra marca a reclamar atenções é a Skoda com o Kodiaq, um SUV de sete lugares que deverá começar a ser comercializado em Março e que chega com grandes ambições: promete a maior bagageira entre os seus pares, com espaço para acomodar mais de dois mil litros. Em termos de motores, o Kodiaq será servido por um bloco 2.0 TDI, nas declinações de 150 e 190cv, havendo ainda opção de escolha entre ter um 4x2 ou um 4x4, com caixa manual de seis relações ou uma DSG de dupla embraiagem, de seis ou sete velocidades.

Na casa da Seat, o recém-lançado Ateca continua a estar entre as maiores atracções, sobretudo com a garantia de uma versão X-Perience, com bloco 2.0 TDI de 190cv e caixa DSG de sete relações. Ainda no campo das intenções, mas de registar, a vontade de lançar um Ateca Cupra, com 300cv!

Outro carro que deverá ser introduzido no próximo ano é o Kia Rio, que entra na sua quarta geração maior em tamanho e em versatilidade, não tendo deixado de fora as evoluções tecnológicas de info-entretenimento.

Do lado da Toyota, além do seu forte posicionamento nos eléctricos, há a realçar a apresentação do renovado GT86, um modelo icónico que beneficiou de uma série de acertos — de suspensão, chassis, etc. — e que surgirá com um motor boxer 2.0 de 205cv.

Da Baviera chega o BMW X2, ainda em modo concept, mas que não deverá ser muito diferente do veículo preparado para entrar em produção: assente na mesma plataforma modular que o X1, exibe traços inspirados nos X4 e X6.

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