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Entrevista: “2020: ano um da revolução eléctrica na Volkswagen”

Por João Palma

Ricardo Tomaz, director de Marketing da SIVA, explica nesta entrevista como pretende a marca ser líder global na área dos eléctricos.

Foram dois os temas que deram azo a uma conversa com Ricardo Tomaz, director de Marketing e Comunicação da SIVA, a representante das marcas Audi, Bentley, Lamborghini, Skoda e Volkswagen em Portugal: o relançamento do Volkswagen Passat GTE, um híbrido plug-in; e a futura política sobre mobilidade eléctrica da Volkswagen, reafirmada no Salão de Paris, tendo o protótipo I.D. como cabeça-de-cartaz.

A conversa iniciou-se com uma declaração bombástica: “Em 2025, queremos ter vendas anuais de um milhão de veículos 100% eléctricos.” Ricardo Tomaz repetiu as declarações de Herbert Diess, presidente da Volkswagen (VW), no Salão de Paris. “Queremos ser os líderes globais nesta área e isso é muito importante para cumprirmos com o limite de 95 g/km de emissões de CO2 que será imposto pela UE em 2020”, acrescentou.

Como irá conseguir a VW o objectivo proposto de ser líder global na área dos eléctricos?

O protótipo I.D., apresentado agora no Salão de Paris, será a base de um veículo eléctrico a comercializar em 2020 com o tamanho do Golf, mas com mais espaço interior que o Passat (estará preparado para condução autónoma e, nessa situação, o volante recolhe-se no tablier), uma autonomia superior a 500km e um preço abaixo dos 30.000€. Esse será o ponta-de-lança de toda uma nova geração de veículos 100% eléctricos.

As outras marcas do grupo, como Audi ou Skoda, que já têm híbridos eléctricos, também irão ter veículos eléctricos puros?

Não. A estratégia passa por concentrar todos os esforços de electrificação numa só marca, a Volkswagen. Numa primeira fase, de transição, vamos apostar nos híbridos plug-in (que não são exclusivos da Volkswagen), mas 2020 marcará o início de uma nova era em que a primazia será dada a veículos 100% eléctricos, com maior autonomia, mais facilidade de carregamento e preços mais acessíveis.

Também aguardamos a alteração da legislação dos diversos estados, com a Alemanha à cabeça, que crie um quadro com medidas de discriminação positiva para veículos eléctricos (fiscais, estacionamento gratuito, utilização de corredores Bus, restrições à entrada em centros históricos de veículos com motor de combustão, etc.), tornando-os mais apetecíveis.

Qual o tipo de clientes que compra em Portugal híbridos plug-in como o Golf GTE ou o Passat GTE e quantos se venderam até agora?

Empresas. Aliás, 80% de todos os Passat são adquiridos por empresas. Do Golf GTE, lançado em Maio, foram vendidos até à data 36. O Passat GTE já tinha sido lançado, mas só há 15 dias é que se iniciou a sua comercialização a sério. Neste momento, já vendemos 20 unidades, entre berlina e carrinha. As vantagens fiscais para empresas dos veículos eléctricos e híbridos plug-in face ao diesel podem resultar num benefício total de até oito mil euros num renting a quatro anos. Curiosamente, já vendemos mais Golf GTE que os desportivos GTI e GTD.

Um factor importante para a expansão de vendas de veículos eléctricos e híbridos e eléctricos é o alargamento da rede de concessionários qualificados e autorizados. Até Setembro, só tínhamos dois (em Lisboa e no Porto), agora temos dez, que cobrem todo o país e isto com perspectivas de aumento da rede.

Tendo a Volkswagen uma tradição no fabrico de motores diesel, porquê a opção por um propulsor a gasolina em vez de um a gasóleo para complementar a motorização eléctrica?

Para além de razões políticas e ambientais (emissão de partículas, etc.), os motores a gasolina são menos custosos no fabrico e na manutenção. Além disso, como têm uma temperatura de funcionamento mais baixa, a intermutação entre os motores de combustão e eléctrico é mais fácil e rápida, com vantagens para o funcionamento do veículo.

Qual a razão de os Golf GTE e Passat GTE, com todos os benefícios fiscais, custarem mais quase 10.000€ que os veículos equivalentes com motores diesel? Há marcas que têm preços quase iguais para o mesmo modelo, seja ele híbrido plug-in ou com motor a gasóleo…

Nós somos representantes, mas discutimos preços com a casa-mãe tentando obter as melhores condições. A verdade é que, apesar das vantagens fiscais, a tecnologia plug-in ainda é cara. Agora, se há marcas que praticam uma política de esmagamento de preços isso é com elas. Ainda assim, para as empresas, a aquisição de um plug-in traz mais vantagens que um veículo equivalente a gasóleo. E, claro, com o inevitável aumento de produção, os custos irão baixar.

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