Fugas - Motores

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O segundo elo da cadeia

Por João Palma

Juntar alma desportiva a economia de consumos, conciliar as características de estradista com as de citadino. Foi o que a Volkswagen conseguiu com o Passat GTE, um híbrido plug/in com autonomia de quase 50km em modo eléctrico.

O Passat GTE é o segundo veículo híbrido gasolina/eléctrico plug-in da Volkswagen. Partilha as mesmas qualidades e autonomia em modo eléctrico (50km com a bateria carregada) do primeiro plug-in do fabricante alemão — o Golf GTE. Após um lançamento em Março que ficou congelado por falta de veículos disponíveis, é relançado agora nas variantes Limousine (berlina de quatro portas, cinco lugares) e Variant (carrinha, que custa mais 2975€ e tem uma mala maior). Conduzimos a berlina, cujo preço-base é 46.878€.

Os híbridos plug-in são veículos dotados de um conjunto motor de combustão/motor eléctrico alimentado por uma bateria recarregável numa fonte externa (tomada de corrente doméstica ou industrial), o que lhes permite percorrer algumas dezenas de quilómetros em modo eléctrico puro com a bateria carregada. Os actuais veículos 100% eléctricos apresentam um problema de autonomia e originam o receio de ficarem parados no meio da estrada quando a bateria se descarrega (em inglês, range anxiety). Nessa situação, os híbridos plug-in continuam viagem socorrendo-se do motor de combustão. É verdade que a sua autonomia eléctrica é menor, 50km no caso do Passat GTE e do Golf GTE, mas ela é suficiente para suprir as necessidades diárias de cerca de 90% das pessoas.

Por isso, no que toca à mobilidade, são a melhor solução no presente, com encargos de utilização reduzidos (para o futuro, ver entrevista ao lado). O seu principal problema é o preço, devido ao ainda elevado custo das tecnologias usadas. No entanto, face aos incentivos e deduções fiscais proporcionados pela legislação portuguesa, podem ser uma proposta vantajosa, em especial no que toca a frotas e empresas. Aliás, as versões do Passat a gasóleo que têm equipamento e performances similares ao GTE custam quase o mesmo e não têm idênticos benefícios fiscais.

A versão híbrida partilha as linhas elegantes das outras versões do Passat, mas tem desenho específico dos pára-choques, formato das luzes de dia em “C” e elementos decorativos internos e externos a azul. O GTE tem quatro modos de condução: E-Mode (eléctrico), Hybrid (com motor de combustão a funcionar em conjunto, se a carga da bateria se esgota ou se as necessidades excedem o que o motor eléctrico sozinho pode prestar), Battery Charge (carregar a bateria com o motor de combustão, com penalização dos consumos) e GTE (privilegia as performances face aos consumos, com alteração da resposta do carro ao pisar do acelerador).

No modo GTE, a bateria carrega-se nas travagens ou em desaceleração, pelo que, em viagens longas por auto-estrada, se pode obter carga suficiente para depois circular em modo 100% eléctrico na parte urbana do percurso. Em estrada e auto-estrada, no modo GTE, fizemos uma média de 6,3 l/100km num percurso de cerca de 350 quilómetros. Em cidade, andámos sempre no E-Mode, pois, para além dos carregamentos externos efectuados, recuperámos carga de bateria ao conduzir fora das áreas urbanas em modo GTE. Acresce que a caixa automática DSG, no caso do GTE, tem uma posição específica, B, que aumenta a regeneração da carga da bateria em travagem ou desaceleração.

Muito bem equipado, este GTE destaca-se ainda pela qualidade dos acabamentos e dos materiais usados, que são de nível premium. Mais que as performances, ao nível das conseguidas pelas mais potentes versões diesel, este híbrido plug-in destaca-se pela suavidade e conforto que proporciona aos seus ocupantes em deslocações longas. O arranque é sempre em modo eléctrico e, sendo o Passat GTE um estradista por excelência, também tem características de citadino, graças à sua capacidade de se deslocar por várias dezenas de quilómetros sem recorrer ao motor de combustão.

PORMENORES

Económico em pequenos percursos

Com a bateria carregada, o Passat GTE pode percorrer até 50km em modo 100% eléctrico — o suficiente para a condução no dia-a-dia de cerca de 90% dos automobilistas. Em percursos mais longos, ou quando se quer andar mais depressa, há o modo GTE, que privilegia as performances, utilizando primordialmente o motor de combustão e poupando a carga da bateria (inclusive carregando-a por inércia e por energia de travagem). Há ainda um modo Battery Charge, que carrega a bateria com o motor a gasolina, penalizando os consumos.

Onde guardar carteira, telemóvel, etc.?

Não há carros perfeitos — há sempre uma serpente no paraíso. No Passat GTE, para além da inexistência de pneu sobresselente, substituído por um ineficiente kit de “reparação” de pneus, nota-se a falta de compartimentos no habitáculo (em especial à frente) para guardar pequenos objectos, como telemóvel, carteira, etc.

Sofisticação tecnológica

Num carro sofisticado tecnologicamente, a instrumentação também teria de estar à altura — ela é toda digital. Acresce que o veículo que nos disponibilizaram trazia o opcional (456€) Active Info Display, que, num ecrã atrás do volante exibe informações sobre o estado do automóvel, a carga da bateria, o trajecto carregado no sistema de navegação, etc., etc.

FICHA TÉCNICA

Mecânica

Motor de combustão: 4 cil., 16v, 1395cc, gasolina
Potência: 156cv às 5000-6000 rpm
Binário máximo: 250 Nm às 1500-3500 rpm
Motor eléctrico: Síncrono de magneto permanente
Potência: 116cv
Binário: 330 Nm
Bateria: Iões de lítio 9,9 kWh
Tempo de carga: 2h30m AC 3,6 kW/4h15m AC 2,3 kW
Potência total combinada: 218cv
Tracção: Dianteira
Transmissão: Automática DSG de embraiagem dupla e 6 relações
Suspensão: Tipo MacPherson, molas helicoidais e barra estabilizadora à frente; paralelogramo deformável, molas helicoidais e barra estabilizadora atrás
Direcção: Pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica
Diâmetro de viragem: 11,7 metros entre paredes
Travões: Discos ventilados à frente; discos sólidos atrás

Dimensões

Comprimento: 4767mm
Largura: 1832mm
Altura: 1456mm
Distância entre eixos: 2786mm
Peso: 1722kg
Pneus: 235/45 R18 (kit de reparação de pneus)
Capac. depósito: 50 litros
Capac. mala: 402 litros (968 litros com bancos traseiros rebatidos)

Prestações

Veloc. máxima: 225 km/h (130 km/h em modo 100% eléctrico)
Aceleração 0/100 km/h: 7,4s
Consumo médio: 1,7 l/100 km
Emissões de CO2: 39 g/km
Norma de emissões: Euro 6

Preço

46.878€ (viatura ensaiada, 47.875€)

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