Fugas - Motores

PremiumContact 6, tão igual e tão diferente

Por João Palma

Um pneu novo e outro de há 20 anos têm quase o mesmo aspecto: pretos, redondos, com um buraco no meio. Porém, tecnologicamente, são tão distintos como dois veículos com a mesma diferença de idades.

A Continental acaba de apresentar o PremiumContact 6, um novo pneu UHP (Ultra Alta Performance) para um amplo leque de berlinas e SUV, que vão da gama média à de luxo. O novo produto vai substituir dois modelos, o ContiPremiumContact 5 e o ContiSportContact 5 e estará disponível no início de 2017 em 70 medidas para jantes de 16’’ a 21’’ e índices de velocidade que vão do V (até 240 km/h) ao Y (até 300 km/h). O seu preço será igual ao de um pneu ContiPremiumContact 5 com a mesma medida.

Este pneu, que se destina tanto a equipar de origem diversos veículos (sendo novo, ainda está a aguardar aprovação das marcas) como ao mercado de substituição, combina as características e propriedades de um pneu para berlinas com elevado nível de conforto na condução (espaço até agora ocupado com o ContiPremiumContact 5) com as de um pneu para carros desportivos (coutada do ContiSportContact 5). Para superdesportivos topo de gama já existe o SportContact 6.

Quando se olha para um qualquer veículo, aprecia-se o design, as características, as performances. A última coisa em que se repara é nos pneus — afinal, eles têm mantido o mesmo aspecto e forma ao longo de décadas. E, no entanto, é uma apreciação errada: sob quase um mesmo aspecto, há um universo a separar um pneu novo e outro com apenas cinco anos. A evolução tecnológica é tão vertiginosa como a que se verifica nos automóveis.

Não é por acaso que no desporto motorizado se dá tanta importância aos pneus. Eles são o único ponto de contacto entre carro e solo — das suas performances resulta a diferença entre vitória e derrota. O que é bom para a competição também se aplica à condução no dia-a-dia, embora as exigências sejam distintas e variem de veículo para veículo — as necessidades de um utilitário não são as mesmas de um estradista de luxo ou de um desportivo. Assim, os “sapatos” de um automóvel têm de se adaptar ao exigido. E com a crescente sofisticação dos carros, as exigências aumentam exponencialmente. Um exemplo: em 1980, o Land Rover D90 tinha uma única medida de pneu aprovada para equipamento original, o Porsche Macan de 2014 tem 20!

Para substituir dois pneus de sucesso, o novo produto tinha de superar as características e qualidades de ambos. Na imagem abaixo, numa comparação entre PremiumContact 6 e ContiSportContact 5, utilizando um gráfico em “teia de aranha”, é possível verificar que o novo pneu tem igual comportamento nas travagens a seco e molhado, é 3% superior em manobrabilidade, 15% em quilometragem (vida útil do pneu), 5% na resistência ao rolamento (com consequente redução de consumo de combustível), origina menos 10% de ruído exterior e menos 2% de ruído interior.

O único ponto em que fica a perder, 5%, é na hidroplanagem, mas, como os responsáveis da Continental frisaram, na produção de um pneu há factores em conflito e conseguir uma solução equilibrada, o mais perto possível do requerido, em termos de construção, compostos usados, perfil e banda de rodagem do pneu, não existe uma receita fácil — se se aumenta aqui, perde-se ali. Por isso, a capacidade de contrariar a hidroplanagem foi um pouco sacrificada para se obterem melhores resultados noutros aspectos.

Nos critérios de classificação usados na etiquetagem de pneus, o PremiumContact 6 obteve o máximo A, na travagem em molhado; C, na resistência ao rolamento (um valor médio/alto, bom para um pneu do tipo do PremiumContact 6) e 2 riscas, 72 dB (bom), no nível de ruído.

O novo pneu da Continental (cuja fábrica no Lousado, em Vila Nova de Famalicão, é uma exportadora líquida, produzindo quatro vezes o consumo total anual de pneus em Portugal) combina com sucesso segurança, conforto, desportividade e sustentabilidade. Graças a novos compostos, construção e padrão da banda de rodagem, o PremiumContact 6 tem excelente comportamento em travagem (em especial no molhado), proporcionando uma condução desportiva, com resposta rápida às manobras do volante, sem descurar a segurança e o conforto. O desenho assimétrico da banda de rodagem, com grandes blocos nos ombros exteriores do pneu, oferece equilíbrio, em particular ao curvar. Junte-se a estes predicados uma maior durabilidade e uma menor resistência ao rolamento e temos um pneu com performances superiores face aos que vem substituir, mas mais económico nos consumos e com maior intervalo requerido entre substituições.

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