Fugas - Motores

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Quando se é mais do que se aparenta

Por Carla B. Ribeiro

Equipado com o bloco diesel de baixa cilindrada, o 1.6 TDI de 110cv, poder-se-ia pensar que este seria um carro algo insípido. Mas o comportamento em estrada surpreende na agilidade, na dinâmica e na segurança. Já por dentro, uma miríade de tecnologias não engana: o Audi A3 é um carro do presente.

Não é incomum concluir que algo parece ser mais do que é na realidade, fazendo jus ao ditado popular de que as “aparências iludem”. Com o novo Audi A3, a sensação que fica é a oposta. Este carro é bem mais do que os primeiros sentidos me levam a crer. Até porque, tendo em conta que a unidade ensaiada vinha equipada com o bloco diesel de baixa cilindrada, o 1.6 TDI de 110cv, tudo parecia indicar que sob a aparência desportiva, conseguida pelo pacote de equipamento Sport, se escondia um tímido e até algo insípido automóvel.

Não podia estar mais errada: assim que me faço à estrada compreendo que a alma desta Audi A3 vai para lá do tamanho e desenho do seu motor e também da sua potência declarada. A começar pela forma como se agarra à estrada, qual lapa, desenhando curvas perfeitas, mesmo quando a velocidade que o painel (e que painel!, mas já lá vamos) de instrumentação revela estar bem para lá da que supunha ser a ideal para o trajecto em questão. É que se de série chega com direcção com assistência variável em função da velocidade, o pacote S Line, que não é meramente uma operação de maquilhagem, apresenta o carro com suspensões rebaixadas. Dois detalhes que podem justificar o comportamento observado.

Mas há mais surpresas, tal como a forma como gere a performance. Não tanto pelo facto de ser ultraveloz — acelera, diz a marca, dos 0 aos 100 km/h em 10,7 segundos e consegue atingir uma velocidade máxima de 200 km/h —, mas pela maneira como não se nega praticamente a nada. Sobretudo quando accionado o modo mais dinâmico através do sistema Audi Drive Select, que permite configurar as características do veículo ao gosto do condutor, influenciando a variação da desmultiplicação da direcção, da curva do acelerador e dos pontos de comutação da caixa de velocidades nos modelos com caixa S tronic, como era o caso. Além do modo de condução Dymanic, estão disponíveis os perfis Comfort, Auto, Efficiency e Individual.

De espantar ainda os consumos — tanto o oficial, de 3,9 l/100km em circuito misto, como o real obtido e que pode ser considerado muito comedido dada a utilização dada ao carro. Sem quaisquer preocupações de poupança, e sempre a tentar explorar o que o pequeno propulsor tinha para oferecer mais, registámos uma média de 5,4 litros.

Mas como foi feita a referência logo de início: os olhos são os primeiros a inspirar-se com este modelo. Sem que a marca de Ingolstadt tenha criado uma ruptura com o desenho anterior (até porque este A3 não representa uma nova geração, mas um facelift) e com as dimensões a manterem-se quase inalteradas em todas as quotas, o carro aparenta estar maior e mais largo muito pela inclusão da grelha Singleframe, de contornos bem vincados, e, no caso, pelos faróis em LED com indicador de direcção traseiro dinâmico, um extra que aumenta a conta em 1145€.

O pacote desportivo S Line (2215€), além das alterações dinâmicas já descritas, junta pozinhos estéticos: jantes de liga leve 18’’ com design de cinco raios paralelos, spoiler traseiro, faróis de nevoeiro, ponteiras de escape cromadas...

No interior, há conforto a rodos e detalhes que comprovam a qualidade tanto dos materiais como dos acabamentos. Mas acima de tudo há tudo o que a Audi pode oferecer em termos tecnológicos, a começar pelo virtual cockpit, estreado em 2014 com a terceira geração do Audi TT, que transforma todo o tablier ao concentrar todas as informações num ecrã de alta resolução TFT de 12,3’’ que, mesmo à frente dos nossos olhos, vai alternando a visualização ao nosso gosto e necessidades. O carro vem equipado de série com MMI rádio plus com um ecrã eléctrico de 7’’ de série, mas os opcionais MMI e MMI plus com MMI Touch (2905€) permitem visualizar a navegação com o Google Earth, obter informações de tráfego do Google Street View em tempo real ou fazer uma ligação individual à internet através do hotspot.

Entre as várias ajudas disponíveis, destaque para o Audi Pre Sense à frente, que inclui a protecção dos peões por antecipação, e o Audi Active Lane Assist, isto é, o apoio à permanência na faixa de rodagem. Muito útil para o condutor é o assistente de trânsito que, em conjunto com o Audi Adaptive Cruise Control (ACC), inclui a função Stop&Go. Recorrendo a este sistema é possível manter, com mínima interferência do condutor, uma distância segura do carro da frente. E, com a caixa de dupla embraiagem S tronic, além da velocidade ser regulada pela distância do veículo à nossa frente, a marcha do Audi pode ser estancada que o próprio reinicia o movimento sozinho.

Revolução Virtual
Com o cockpit virtual, a Audi deu um gigantesco passo em frente, sendo possível ter todas as informações mesmo em frente aos nossos olhos sem que os tiremos da estrada. Na navegação, porém, há ainda por onde melhorar — a começar por excluir o excesso de informações do mapa que se tornam ruído.

Luxo sóbrio
Pelo habitáculo, uma série de detalhes cromados remetem para um ambiente sofisticado. A sensação é amplificada pela boa utilização de materiais de qualidade e pelo cuidado de construção que os acabamentos revelam.

Desportivo de alma
O pacote S Line é um extra dispendioso. Mas, além de juntar uma boa dose de maquilhagem, tem o dom de, de facto, tornar a condução mais animada ao transformar, por exemplo, as suspensões, aproximando o veículo do solo ao qual se cola que nem uma lapa.

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