Fugas - Motores

Espírito roadster, conforto coupé

Por Carla B. Ribeiro

Quando toda a gente achava que os roadsters tinham os dias contados, a Mazda lançou o MX-5, cuja primeira geração vendeu, entre 1989 e 1997, mais de 400 mil unidades. Agora, a marca de Hiroshima volta a dar cartas, apostando na versão de tejadilho rígido e retráctil.

A razão é simples: o MX-5 Roadster Coupe, lançado em 2006, foi muito bem acolhido pelo mercado, tendo conquistado clientes novos para o carro. Em Portugal, aliás, vendeu mais do que o seu mano soft top (222 contra 163 carros, entre 2007 e 2015).

O MX-5 RF (o R está para Retractable; o F para Fastback), que conquistou alguns suspiros quando a sua revelação no Salão de Nova Iorque, há cerca de um ano, chega ao mercado nacional a partir de fins de Fevereiro, servido pelas motorizações que também dão vida à versão convencional do roadster (os blocos a gasolina 1.5 de 131cv e 2.0 de 160cv) a partir de 29.840€.

Com hard-top, o MX está mais pesado, embora o inteligente uso de diferentes materiais (o tejadilho retráctil é composto por três partes independentes) tivesse permitido elevar o ponteiro da balança em somente 45 quilos, mantendo-se mais leve que qualquer modelo de outra geração. De destacar ainda o facto de o accionamento do tejadilho ser eléctrico — a marca diz que funciona até 10 km/h, mas apenas o conseguimos fazer com o automóvel imobilizado — e de a operação levar apenas 13 segundos.

Quando se decide recolher o tejadilho, as secções dianteira e central ocultam-se em conjunto com o vidro do óculo traseiro atrás dos assentos, mas os pilares traseiros regressam à sua posição original, criando uma espécie de compartimento quase estanque para os ocupantes e reduzindo a sensação de vento. Mesmo com o frio que se fazia sentir em Barcelona por altura da apresentação do modelo, arriscámos conduzir com o tejadilho recolhido, tirando partido de um soalheiro dia, e a experiência não pode ser descrita como desagradável. Além do mais, com aquele sistema, a recolha do tejadilho não interfere com a capacidade da mala de 127 litros: espartana, é verdade, mas que, confirmámos, permite a arrumação de dois trolleys e, com boa vontade, mais duas pequenas mochilas.

Porém, há mais novidades para lá do tejadilho, ainda que realizadas para fazer face às alterações que a capota rígida e o aumento do peso produziram no veículo. Há ainda  algumas mudanças, ainda que ligeiras, no design de forma a tornar o conjunto harmonioso. Por exemplo, a Mazda decidiu afinar tanto suspensões como direcção, tendo em vista o divertimento sem descurar o conforto. De acordo com as informações veiculadas, o MX-5 RF mantém o esquema de triângulos duplos à frente e de braços múltiplos atrás, com modificações ao nível da afinação da barra estabilizadora dianteira e das molas, braços e batentes traseiros. Já a pressão do gás dos amortecedores foi ajustada para compensar o peso adicional, melhorando o curso da suspensão e os níveis de aderência à estrada. As mexidas são facilmente reconhecidas, sobretudo em estradas sinuosas, onde o MX-5 RF tem um comportamento irrepreensível.

Porém, o modelo foi pensado sobretudo para quem passa a maior parte do tempo com o tejadilho fechado. E, por isso, a marca esforçou-se por minimizar o ruído no habitáculo, tornando assim a condução mais aprazível. Para tal, foi adoptado um filtro de três camadas nos painéis dianteiro e intermédio, para cortar o ruído do vento e da estrada, e materiais de isolamento e de amortecimento de vibrações nas cavas das rodas traseiras, guarnições das portas, painéis da carroçaria, túnel de transmissão e compartimento do motor.

Tal como acontece com a versão soft top, o RF pode ser equipado com os motores de tecnologia Skyactiv-G, a gasolina aspirados, que combinam potência a economia. No caso do propulsor de 1.5 litros, há à disposição uma potência de 131cv, que se revela às 7000rpm, com o redline marcado nas 7500 rotações, e um torque de 150 Nm às 4800rpm. Servido por uma caixa manual de seis relações, o consumo oficial é fixado nos 6,1 l/100km, enquanto as emissões de CO2 marcam 142 g/km.

Com esta motorização, o carro pode ser adquirido com equipamento Evolve (desde 29.840€, com volante e manípulo em pele, cruise control, ecrã táctil de 7’’, Mazda Sound System, seis colunas, duas portas USB e Bluetooth com controlo por voz) ou Excellence (que, a partir de 33.840€, junta ao pacote Evolve jantes em liga leve de 16’’, ar condicionado automático, estofos em pele, chave inteligente, sensores de chuva, luz e estacionamento traseiros, sistema áudio Bose, sistema de navegação e assistentes à manutenção da faixa de rodagem e às luzes de máximos).

O topo de gama, o 2.0 de 160cv, chega apenas na versão Excellence, que acrescenta ao equipamento do 1.5 jantes em liga leve de 17’’, i-Stop e i-ELOOP e diferencial autoblocante, com um preço que arranca nos 41.590€. Com este motor, chega ainda outra novidade: uma caixa automática de seis velocidades — uma opção exclusiva para o mercado europeu — que, de acordo com a Mazda, admite consumos e emissões mais baixos que a caixa manual: 6,4 l/100km e 149 g/km contra 6,6 l/100 km e 154 g/km. Com transmissão automática o preço do carro arranca nos 44.025€.

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