O Mercedes-Benz GLC 350e 4Matic é a variante híbrida plug-in gasolina/eléctrica do SUV intermédio da gama do fabricante alemão de Estugarda. O GLC substituiu o GLK em 2016, tendo a versão 350e chegado mais tarde, mas em boa hora. Esta é a proposta mais apelativa do GLC: com um preço-base de 59.900€, é um pouco mais caro que a versão de entrada GLC 250d a gasóleo (57.550€) e bem abaixo do irmão diesel 350d (76.850€), que é bem menos potente (258cv para 320cv). O segredo: os benefícios fiscais.
Só no Imposto sobre Veículos (ISV) o ganho é enorme: o 350e paga 1068€; o 350d, 17.718€. Depois, além da dedução integral do IVA para as empresas e empresários em nome individual (ENI), as taxas de Tributação Autónoma são reduzidas em 64% para as empresas e 50% para os ENI. Isso permite uma poupança considerável e faz com que as aquisições de híbridos plug-in (e também os eléctricos) por parte de empresas e ENI tenham crescido exponencialmente. No caso do GLC, a variante plug-in, exceptuando vendas a particulares – que só beneficiam da isenção do ISV, pagando o IVA e não podendo fazer quaisquer outras deduções fiscais, ganha de goleada face a todas as outras.
Os híbridos são um found link, uma combinação entre motores de combustão e energias alternativas que veio para ficar. Pelo menos nas previsões dos responsáveis da Continental, que prevêem que em 2025 25% dos veículos serão híbridos (10% eléctricos puros e 65% só com motor de combustão. E na verdade, enquanto não se resolverem por completo os problemas levantados pelas formas alternativas de propulsão, são a solução mais racional, combinando uma certa disponibilidade em modo 100% eléctrico com a autonomia proporcionada pelos actuais motores de combustão interna. No caso do GLC 350e, a autonomia teórica em modo 100% eléctrico é 34 quilómetros que na prática se reduzem para 20 a 25 quilómetros na vida real.
Não é uma referência – já há vários híbridos plug-in no mercado com autonomia superior. No entanto, para a grande maioria das deslocações diárias casa-trabalho, desde que se disponha de possibilidades de carregamento da bateria, o consumo real é inferior a 2,0 l/100km. Claro, esgotada a bateria, em viagens mais longas, as duas toneladas de peso fazem-se sentir nos consumos. Mas, mesmo com a bateria descarregada, com a recuperação de energia nas descidas e travagens, em breves troços regressa ao modo eléctrico, fazendo médias muito aceitáveis na casa dos 7,0 l/100km. Tivemos este veículo durante uns dias e fizemos cerca de 300km, com a média final a quedar-se nos 5,2 l/100km – um consumo referencial para um “bicho” de duas toneladas, 320cv, 560 Nm e tracção integral. Os modos de propulsão são quatro: Hybrid, E-mode (100% eléctrico), E-Save (poupa electricidade para uso futuro) e Charge (carrega a bateria com o motor de combustão, o que não é muito económico e só é útil quando se circula em zonas de zero emissões em que o modo eléctrico é obrigatório e a bateria não tem carga).
Apesar da sua potência, peso, dimensões e formato, este SUV é surpreendentemente suave no arranque (sempre em modo eléctrico), confortável, com boa suspensão, muito estável em curva (sente-se como um pequeno utilitário), com uma boa brecagem e muito fácil de conduzir, algo a que não é alheia a eficiente caixa automática de 7 relações e a suspensão integral 4Matic. Em ruas estreitas, graças também aos dispositivos auxiliares de condução opcionais que equipavam a viatura que conduzimos, até parecia um carro mais pequeno.
Porém, a potência está lá e mesmo em modo de condução Eco (os outros são Confort, Sport, Sport+ e Individual), quando se pisa o acelerador a resposta é instantânea, proporcionando fáceis ultrapassagens e recuperações. Depois, mesmo sendo um plug-in tem as mesmas potencialidades e características dos outros GLC (mais até, graças à sua maior potência), nomeadamente a sua capacidade para circular fora de estrada em pisos difíceis como se pode ver na ficha técnica (claro que, nesta situação, os consumos sobem facilmente para os dois dígitos).
Sendo este, sem dúvida, o mais apelativo dos GLC, pelo preço, potência e consumos (mesmo para particulares, desde que haja possibilidade de carregamento da bateria), também tem pontos menos bons. Específico do GLC 350e é a redução do volume da bagageira em 155 litros, devido à colocação da bateria sob o banco traseiro. Mesmo assim, os 395 litros sem bancos rebatidos e uma lotação de 5 lugares dão para meter lá dentro muita coisa.
Já menos agradável, sendo isto uma pecha comum às marcas premium, é que há sempre uns milhares de euros a somar ao preço-base para se ter uma viatura pronta a funcionar em termos de conforto e vida a bordo (apesar de este GLC 350e já vir dotado de algum equipamento de série). No caso vertente, mais 12 mil euros a somar aos 60 mil euros de preço de entrada.
Ficha Técnica*
Motor de combustão 4 cil., 16v, 1991cc, gasolina
Potência 211cv às 5500 rpm
Binário máximo 350 Nm às 1200-4000 rpm
Motor eléctrico Síncrono de magneto permanente
Potência 116cv
Binário máximo 340 Nm
Bateria: Iões de lítio
Capacidade da bateria 80 Ah, 8,7 kWh
Tempo de carga: de 2h (400 V/16 A) a 4h10 (230 V/ 8 A, tomada doméstica)
Sistema combinado de propulsão
Potência total combinada 320cv
Binário máximo 560Nm
Tracção Integral
Transmissão Automática de dupla embraiagem com 7 relações
Prestações*
Ângulo de entrada: 28,4º
Ângulo de saída: 26,0º
Ângulo ventral: 21,0º
Ângulo máximo de inclinação: 35º
Altura livre ao solo: 202mm
Altura de vadeação: 300mm
Veloc. máxima: 235 km/h (135 km/h em modo eléctrico)
Aceleração 0/100 km/h: 5,9s
Consumo médio: 2,5 l/100 km
Emissões de CO2: 59 g/km
Autonomia em modo eléctrico: 34km
Norma de emissões: Euro 6
Preço-base: 59.900€ (47.622€ sem IVA)
Veículo ensaiado: 71.970€ (58.512€ sem IVA)
* Dados do construtor