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Apertem os cintos: esta viagem tem um destino bué, bué longe

Por Maria José Santana

O ogre mais acarinhado do mundo dá nome e essência a um parque de diversões em Londres que está a conquistar miúdos e graúdos, proporcionando uma experiência que se pode resumir a uma única palavra: “Shrektacular”.

Aviso à navegação: para embarcar neste desafio, terá de aceitar viajar num autocarro conduzido por um burro que não consegue evitar um embate com uma bruxa montada numa vassoura e quase manda o veículo contra o Big Ben. Assustado? Se lhe dissermos que esse burro tem voz de Eddie Murphy e é amigo inseparável do ogre que conquistou milhões de corações por esse mundo fora, talvez os receios comecem a desvanecer-se. Sim, falamos de personagens da saga produzida pela DreamWorks — e inspirada no livro Shrek!, escrito por William Steig —, que há muito nos habituámos a ver no pequeno e no grande ecrã.

A “turma” protagonizada pelo Shrek, pela Princesa Fiona, pelo Burro, bem como pelo Gato das Botas ou o Lacha, entre outros, está, agora, a viver uma nova aventura, que assentou arraiais na cidade de Londres, em Inglaterra, mais concretamente no Shrek’s Adventure! London, um parque temático que abriu portas recentemente ao grande público — foi inaugurado no passado mês de Julho. Situado na zona de County Hall, na margem Sul do rio Tamisa, mesmo ao lado de outras atracções que já dispensam apresentações — London Eye e o Sea Life Aquarium —, o Shrek’s Adventure! London constitui mais um bom motivo para viajar até à cidade em família e, acima de tudo, vem comprovar que o Shrek e os seus amigos continuam a ser fonte de boa disposição e uma boa dose de gargalhadas.

Pronto para descobrir um destino bué, bué de longe? Para entrar, vai precisar de aprender uma palavra mágica, que terá de repetir várias vezes até que as portas se abram — e que, no final da visita, bem poderá usar para resumir toda a aventura. “Shrektacular”, “Shrektacular”, “Shrektacular” (com pronúncia inglesa, por favor) e eis que a aventura começa. À espera dos visitantes está a Princesa Fiona, a quem cabe fazer o devido enquadramento sobre o reino e as personagens que os esperam.

A viagem, anuncia Fiona, vai ser feita num típico autocarro londrino: vermelho e com dois andares, como manda a tradição. A única diferença é que este bus consegue voar bem alto, para além das nuvens — a DreamWorks apresenta-o como sendo um autocarro “4D”, combinando animação a três dimensões com efeitos especiais multi-sensoriais. Ah!, e importa não esquecer que ao volante está o Burro.

Subimos a bordo, munidos de óculos especiais, e tentamos que os nossos pensamentos não sejam afectados pelos avisos prévios: “Caso se sintam mal, levantem os braços, que a viagem será interrompida”. É apenas um simulador, pensamos, mas, assim que as portas se fecham e o autocarro começa a rolar (ou seria a descolar?), agarramos a barra que nos prende ao assento com toda a força. O Burro só pode estar louco. Acelera ao máximo, aponta na direcção do London Eye, perde o controlo do autocarro e não consegue evitar que o veículo e os passageiros mergulhem no Tamisa — e não é que sentimos a água fresca do rio londrino a tocar as nossas cabeças? Volta a apontar o autocarro em direcção ao céu e, por pouco, não choca contra a torre do Big Ben — ok, é verdade que é apenas um simulador, mas já estamos com um friozinho no estômago. Finalmente, o Burro consegue acertar no rumo, atravessando a camada de nuvens, em direcção às estrelas — uau, como é bonita a vista aqui a partir do alto! Somos brindados com a presença de vários seres que tentam acompanhar o voo do autocarro londrino e que levam os seus passageiros a mergulharem, em definitivo, no mundo da fantasia. Exemplos? Um panda que viaja montado num dragão (não são também eles personagens da DreamWorks?) e um grupo de bruxas montadas em vassouras são apenas algumas das personagens que fazem questão de dar o ar da sua graça ao longo desta viagem até bué, bué de longe.

Oh, não! O Burro volta a fazer asneiras. Acabou de bater contra uma bruxa — e, a avaliar pelas reacções das suas companheiras, o descuido vai sair-lhe caro —, e, como se isso não bastasse, não consegue evitar um embate no chão algo catastrófico, que deixa o malvado Rumpelstiltskin enfurecido. Menos mal: já chegámos ao reino bué, bué de longe e, ao que parece, aterrámos precisamente no pântano do Shrek. Está na altura de colocar os pés em terra firme e começar a desbravar caminho. O cheiro a terra molhada é intenso, mas do ogre mais famoso do mundo, nem um sinal. Quem recebe os visitantes é a Cinderela, que tem uma advertência para o grupo recém-chegado ao pântano. Rumpelstiltskin está furioso e só nos resta uma alternativa: correr daqui para fora.

Numa sala de espelhos
A fuga conduz o visitante ao encontro de Esmeralda, a cartomante que promete dar-nos uma ajuda através da sua bola de cristal. Surpresa! É o Shrek quem aparece dentro da bola a dizer aos visitantes para onde devem seguir, deixando o alerta: Rumpelstiltskin e as suas bruxas não desarmam e querem vingar-se. 

A aventura em terras bué, bué de longe segue, depois, para uma taberna algo assustadora. É o Bar da Maçã Envenenada, lugar de eleição de vilões e assassinos. Quem está atrás do balcão é Doris, a meia-irmã da Cinderela, que já dispensa apresentações junto dos seguidores da saga Shrek — apareceu em três dos quatro filmes já produzidos. Apesar do seu aspecto feioso, a Doris está aqui para auxiliar os visitantes na sua fuga e para isso decidiu chamar... ele mesmo, o valente Gato das Botas (o verdadeiro e original, com voz de António Banderas). 

A ordem que é dada aos visitantes é para seguirem para a Sala da Tortura (medo!), onde os espera uma missão muito especial: salvar o Pinóquio, que está suspenso na “roda da tortura”. Como? Teremos de responder correctamente às questões que serão feitas por Thelonius — conforme já deve ter percebido, estamos perante uma espécie de “roda da fortuna”, mas com um único prémio em jogo, que é poupar o pequeno rapaz de madeira. A missão é arriscada, especialmente para aqueles que têm de se sujeitar ao processo mental de traduzir de inglês para outra língua antes de procurar a resposta correcta. As perguntas são feitas a um ritmo alucinante e o tempo disponibilizado para carregar no botão adequado é muito curto — a opção pode sempre passar por não carregar em lado nenhum, evitando que o pinóquio sofra danos físicos. Felizmente, o grupo conseguiu passar no quizz — sem a nossa ajuda, diga-se — e acabou por ter direito a palmas, música e… a uma verdadeira “dança” das cadeiras (as surpresas nunca acabam por estas bandas). 

Qual o próximo destino? Um labirinto mágico de espelhos — parece brincadeira de crianças, mas não é. Por mais que os visitantes tentem, não conseguem encontrar a saída, esbarrando, consecutivamente, em paredes de espelhos — suspeitamos que anda por aqui gente de carne e osso a abrir e a fechar portas. Finalmente, eis que aparece alguém a indicar o caminho para a casa do padeiro, o criador do Homem-de-Gengibre (Lacha) — cheira a bolo acabado de fazer neste compartimento! — que, ao que parece, vai ser um dos heróis desta nossa aventura no reinado bué, bué de longe. Será ele quem irá “cozinhar” a poção mágica que nos permitirá regressar a casa, sãos e salvos. 

Aproxima-se a altura de dizer adeus a todo este mundo de fantasia — tudo o que é bom acaba rápido, não é? — e de personagens encantadas. Ou talvez não. Inesperadamente, ficamos encurralados, presos atrás das grades. Rumpelstiltskin pregou uma partida ao grupo, enjaulando-o, num compartimento cheio de ratos (caramba, parece que os sentimos a morder debaixo dos bancos). Eis senão quando o grande ogre – ele mesmo, o Shrek – aparece para salvar os visitantes. Para derrubar as paredes temos de gritar bem alto, e em uníssono, soltando o ogre que há dentro de cada um de nós. Conseguimos! Estamos livres e prontos para voltar ao mundo real. Não sem antes cumprimentarmos outras personagens do grande ecrã — as estrelas dos filmes Madagascar, O Panda do Kung Fu e Como treinares o teu dragão (também eles produzidos pela DreamWorks) estão à nossa espera, para as fotografias da praxe. Ficamos ansiosos, à espera do Shrek 5!

Shrek’s Adventure! London
County Hall, Riverside Building, Westminster Bridge Rd, Londres
Horários: 10h às 17h (aos sábados o horário estende-se até às 18h)
www.shreksadventure.com/london/

Os bilhetes adquiridos no local custam entre 20 (crianças) e 26 libras (adultos). Se optar por comprá-los online tem um desconto.

Como chegar
O metro pode ser a melhor opção para chegar ao parque. O Shrek’s Adventure! London está situado a escassos minutos a pé de várias estações (Waterloo, Embankment, Charing Cross e Westminster). Até Londres, há várias companhias aéreas a fazer ligações directas do Porto e de Lisboa: TAP, Ryanair, easyJet. Quanto mais cedo marcar a viagem, mais barata ficará a passagem.

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