O Jeep Wrangler continua fiel ao espírito do todo-o-terreno puro e duro e o revisto bloco turbodiesel de 2.8 litros, agora com 200cv, contribui para melhorar as prestações mecânicas de uma viatura feita para a terra, apesar do reforço de argumentos interiores proporcionaram mais conforto a bordo.
O modelo norte-americano está homologado no mercado nacional como pick-up. As vantagens na factura estão de acordo com a vocação deste jipe, que tem na versão Rubicon a mais talhada para um uso a toda a prova longe do asfalto. Embora disponível numa carroçaria de quatro portas, a unidade ensaiada pela Fugas apresentava apenas duas. Se por um lado esta configuração remete para a matriz original do modelo, a limitação mais evidente traduz-se na impossibilidade de transportar mais do que dois ocupantes. Pena não ser possível adoptar uma solução de dois bancos laterais rebatíveis no espaço de carga para uma ocupação ocasional, à semelhança do lendário Willys.
A estética exterior do Wrangler pouco se alterou, com a icónica frente composta pelos clássicos faróis redondos a enquadrarem a grelha de seis barras verticais. O robusto pára-choques projectado para a dianteira obriga a uma atenção redobrada nas manobras em espaços acanhados. O hard-top preto (de série nesta versão) pode ser pintado na cor da carroçaria, mas as vantagens de tal opção podem diluir-se nos riscos provocados numa utilização predominantemente "trialeira". Já os vidros escuros atrás custam 350 euros e reforçam a privacidade e o "estilo".
A Jeep aplicou-se na renovação interior. Os mais altos continuam a ter mais facilidade ao entrar, mas a percepção global de conforto aumentou. Seja pelos melhores materiais de revestimento, seja pela panóplia de mordomias como o volante em pele com comandos de rádio e do "cruise control", ar condicionado automático e os vidros eléctricos. O tecto facilmente desmontável (em duas metades), as portas removíveis e o pára-brisas rebatível ampliam a utilização ao ar livre. Existem diversos espaços para pequenos objectos, mas não se vislumbraram soluções adequadas para arrumar um blusão.
A robusta suspensão de eixos rígidos beneficia, na versão Rubicon, do bloqueio do diferencial. A barra estabilizadora da frente pode ser desactivada, aumentando a articulação dos eixos (ambos dotados de diferencial Dana 44) e as capacidades fora de estrada. A tracção traseira passa a integral mediante a inserção do modo 4x4 que, uma vez accionadas as redutoras, se mostra apta a vencer pisos e obstáculos de elevado grau de difi culdade. Isto desde que ao alcance dos ângulos máximos de ataque (38,1 graus), saída (31,3) e ventral (24,9).
O bloco 2.8 litros, que passou a debitar 200cv (antes ficava-se pelos 177), tira bem partido da precisa transmissão manual de seis velocidades. O rendimento progressivo só dá o braço a torcer nas recuperações mais exigentes. O sistema automático de paragem e arranque do motor Idle Stop&Go ajuda a conter os consumos para níveis aceitáveis, pouco acima da dezena de litros por cada 100 quilómetros. Este sistema pode ser desligado para não atrapalhar nas manobras "off-road". O efeito pick-up da carroçaria sente-se no arranque, mas a estabilidade em estrada aberta ou em curva mostra-se bem controlada. A direcção de bom tacto permite um desempenho desenvolto em meio urbano. Já o pagamento de classe 2 nas portagens das auto-estradas é sempre uma má notícia para a carteira.
O preço da versão Rubicon pick-up de dois lugares arranca nos 33.611 euros, aos quais há que acrescentar o custo da pintura metalizada (480 euros) e uma boa dose diária de espírito de aventura, esta a cargo do utilizador.
FICHA TÉCNICA
Mecânica
Motor: 2777cc, 4 cilindros em linha, turbodiesel de injecção directa por conduta comum
Potência: 200cv às 3600 rpm
Binário: 410 Nm às 2200-2600 rpm
Transmissão: traseira integral, manual 6 velocidades.
Veloc. Máxima: 172 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h: 11,1s
Consumo médio: 7,1 l/100 km
Emissões CO2: 187 g/km
Preço: A partir de 33.611 euros