O Volkswagen Jetta sempre foi uma espécie de patinho feio. O modelo entalado entre o bem sucedido Golf e o reputado Passat já leva três designações e costuma ser olhado como a versão de quatro portas do familiar compacto alemão. A nova geração procura afirmar-se como uma berlina com argumentos próprios para responder às necessidades do mercado. A motorização 1.6 TDI, com 105cv, pode contribuir para consolidar uma posição, com ou sem a eficiente caixa automática DSG de sete velocidades.
O Jetta apresenta um percurso de sucesso no mercado norte-americano. Na Europa, o nome lançado em 1979 foi substituído por Vento, em 1991, e por Bora, em 1998. A designação antiga seria recuperada em 2005, mantendo-se na nova geração. A marca alemã assume que pretendeu alterar a imagem do Jetta apenas como uma derivação do Golf. Para fazer valer a promessa, o novo modelo cresceu no comprimento em comparação com o antecessor (passou de 4,55m para 4,64m). Os ganhos na maior distância entre eixos traduziram-se em mais 6,7 centímetros de espaço livre para as pernas dos ocupantes dos bancos posteriores. Quem viajar atrás só poderá queixar-se da dureza do lugar do meio e do incómodo do túnel central, uma vez que os passageiros de estatura acima da média escapam de tocar com a cabeça no tecto.
A nova geração alinha pelo apelativo visual dianteiro da marca e troca os farolins traseiros, pedidos emprestados ao anterior Passat, pela linguagem estilística da Audi. O upgrade estético das ópticas posteriores remete, assim, para a marca premium do grupo Volkswagen.
O reforço de estatuto por fora estende-se ao interior. No entanto, aqui as referências continuam a pertencer ao Golf, o que em nada deslustra o resultado final, antes pelo contrário. Descontando os plásticos rijos junto à janela, a generalidade dos revestimentos são de qualidade e exibem uma boa montagem. Já a deslocação do fecho centralizado para a porta do condutor, sem possibilidade de ser instalado como extra, na consola central ou na porta do passageiro - segundo o importador "por razões conceptuais e de segurança" - merece apreciação negativa. Porquê? Torna-se incómodo para os ocupantes quando precisam de trancar as portas durante breve ausência do condutor.
A motorização 1.6 litros TDI, de 105cv, afigura-se como a mais adequada ao mercado nacional. Para quem lá chegar também está disponível o 2.0 TDI, de 140cv. O bloco mais pequeno pode ser associado a uma transmissão manual de seis velocidades ou automática de dupla embraiagem com sete relações (DSG). Esta última solução estava presente na unidade ensaiada pela FUGAS e também pode beneficiar da tecnologia BlueMotion. Porém, isso não é possível no nível de equipamento de topo (Highline), devido às jantes em liga leve de 17 polegadas montadas de origem, que não são compatíveis com a tecnologia de melhor eficiência energética.
O comportamento progressivo do motor casa bem com a rapidez da transmissão automática. As prestações, que só vacilam nas recuperações a partir da quarta relação, rendem mais no modo Sport, que transmite mais confiança através dos comandos manuais. A direcção, de bom tacto, permite uma condução aprumada por trajectos mais sinuosos, com o programa electrónico de estabilidade a deixar alguma margem antes de intervir. A suspensão podia dar melhor conta dos pisos mais degradados, embora cumpra q.b. em andamento vivo.
Com uma ampla possibilidade de escolha a partir das duas motorizações a gasóleo e (para já) uma a gasolina (1.2 TSI, 105cv) - está ainda prometida uma versão híbrida no próximo ano -, e de entre três níveis de equipamento (Trendline, Confortline e Highline), o novo Jetta pode bem ser uma receita à medida dos tempos de crise que prometem não abalar tão cedo.
+ Comportamento dinâmico, caixa automática, equipamento, consumos
- Recuperações, alguns plásticos, posição do fecho centralizado, acesso à bagageira
À altura
O turbodiesel 1.6 TDI, de 105cv, precisa de algum tempo para vencer a inércia, mas em estrada aberta mostra-se à altura da maioria das solicitações. A elasticidade do suave bloco de quatro cilindros possibilita até um registo mais folgado desde que a lotação não esteja esgotada ou a mala carregada. A resposta pronta da transmissão automática também contribui para um desempenho que, sem se mostrar demasiado fulgurante, não deslustra o emblema. O isolamento acústico apresenta-se num patamar muito aceitável e, no compartimento do motor, só se estranha que o capot seja sustentado por uma vareta um pouco periclitante, em vez dos já algo banalizados amortecedores.
Investimento
A transmissão automática DSG de sete velocidades tira bom partido do mais pequeno turbodiesel montado no Jetta. A função sequencial pode ser accionada nas patilhas do volante ou na alavanca na consola central. A caixa DSG, com um custo acrescido na ordem de mais 2500 euros, faz subir a factura, mas pode representar um bom investimento, quanto mais não seja em termos de comodidade. Os consumos anunciados, de 4,7 l/100 km no ciclo misto, não diferem muito dos 4,2 apontados para a versão com a tecnologia BlueMotion. Porém, neste caso, a diferença justifica-se não pela transmissão mas pelas jantes do nível Highline (maiores do que as de série nas versões Trendline e Confortline, de apenas 16 polegadas). Seja como for, os consumos registados no computador de bordo, com uma utilização exigente, andaram pelos sete litros.
Desafogada
A capacidade da bagageira do Jetta é de 510 litros, uma das mais generosas em viaturas do mesmo segmento. O transporte de cargas volumosas só estará limitado pela configuração do acesso à mala. Embora este não seja dos mais acanhados, muitas vezes constituiu o principal obstáculo na opção por este tipo de carroçarias. A distância ao solo também não ajuda. Seja como for, além de abrigar sob o piso uma roda sobressalente, em vez do cada vez mais comum kit de reparação, está facilitado o transporte de objectos compridos com a possibilidade de rebatimento dos bancos posteriores.
Alumiar caminho
As luzes de tecnologia xénon ainda não estão disponíveis no Jetta, mas a berlina alemã já dispõe de luzes diurnas e de alguns pacotes de iluminação que podem fazer a diferença. É o caso dos faróis de nevoeiro com luzes de curva estáticas, que custa 157 euros na versão Trendline e é de série nas restantes, que funciona como um sistema simplificado da iluminação activa em curva. Basta mover o volante e o farol ilumina o lado para onde está virado. Ao pacote Lights & Vision, que inclui os sensores de luzes e de chuva e os espelhos anti-encadeamento, de série na versão Highline, pode ainda ser associado o assistente de luzes de máximos (128 euros), que desliga de forma automática os máximos à aproximação de um veículo ou de uma área iluminada.
FICHA TÉCNICA
Mecânica
Cilindrada: 1598cc
Potência: 105cv às 4400 rpm
Binário: 250 Nm entre as 1500 e as 2500 rpm
Cilindros: 4 em linha
Válvulas: 16
Alimentação: turbodiesel de injecção directa por conduta comum
Tracção: dianteira
Caixa: automática de 7 velocidades
Suspensão: independente, tipo McPherson, com barra estabilizadora, à frente; independente, multibraços, com barra estabilizadora, atrás
Direcção: pinhão e cremalheira, assistida
Travões: discos ventilados, à frente; discos maciços, atrás
Dimensões
Comprimento: 464,4 cm
Largura: 177,8 cm
Altura: 148,2 cm
Peso: 1412 kg
Pneus: 205/55 R16
Capac. depósito: 55 litros
Capac. mala: 510 litros
Prestações
Velocidade máxima: 190 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,7s
Consumo misto: 4,7 litros/100 km
Emissões CO2: 123 g/km
Preço: 31.437 euros (versão ensaiada: 34.775 euros)
*Dados do construtor
EQUIPAMENTO
Segurança
ABS: Sim, com assistência à travagem
Airbags frontais: Sim
Airbags laterais: Sim
Airbags laterais traseiros: Opção (287 euros)
Airbags de cortina: Sim
Airbag de joelho para condutor: Não
Controlo de tracção: Sim
Programa Electrónico de Estabilidade: Sim
Vida a bordo
Vidros eléctricos: Sim
Fecho central: Sim
Comando à distância: Sim
Direcção assistida: Sim
Retrovisores eléctricos: Sim
Ar condicionado: Sim, automático
Abertura do depósito interior: Não
Abertura da mala interior: Sim
Bancos traseiros rebatíveis: Sim
Jantes de liga leve: Sim
Rádio CD: Sim
Comandos no volante: Sim
Volante regulável em altura: Sim
Volante regulável em profundidade: Sim
Computador de bordo: Sim
Alarme: Sim
Bancos dianteiros eléctricos: Não (apenas nos bancos em couro)
Estofos em pele: Opção (2450 euros)
Bancos aquecidos: Não (apenas nos bancos em couro)
Tecto de abrir: Opção, (853 euros)
Navegação por GPS: Opção (desde 429 euros)
Telefone integrado: Opção (desde 247 euros)
Regulador de velocidade: Sim
Sensores de chuva: Sim
Sensores de luminosidade: Sim
Sensores de parqueamento: Sim
Faróis de nevoeiro: Sim
Faróis de xénon: Não
Lava Faróis: Opção