Fugas - motores

Agora com carregamento na tomada lá de casa

Por João Palma

Os três portugueses que conduziram uma versão experimental do Prius Plug-in durante 18 meses revelaram que foram compelidos a mudar a sua forma de conduzir, algo que se reflectiu quando voltaram a pegar nos seus próprios carros.

 

O Toyota Prius Plug-in distingue-se do Prius convencional, em que a bateria só é recarregada pelo motor de combustão interna, por ser possível carregar a bateria numa tomada eléctrica de 220V (90m para atingir os 100% de carga a partir do 0). Assim, a autonomia em modo eléctrico puro sobe de 2 km para cerca de 20. Ambos os veículos têm recuperação de energia nas travagens, em descidas ou em desaceleração e o motor eléctrico pode complementar o motor a gasolina para reduzir os consumos.

Com o Prius Plug-in disponibilizado à Fugas percorremos um percurso de 35 km, dos quais 25 km em auto-estrada e o resto em cidade. Assim, para se optimizarem os consumos, a condução citadina foi em modo 100% eléctrico e em estrada usou-se o modo híbrido, em que o Prius Plug-in se comporta como o Prius normal. A média de consumos foi de 3,0 l/100 km de gasolina, sendo a média fora da cidade de cerca de 3,8 l/100 km.

Estas médias foram obtidas a velocidades que não excederam os limites legais. Isto porque o Toyota Prius Plug-in, mesmo numa curta experiência, é um carro que "domestica" o condutor: quando se carrega em demasia no acelerador, somos alertados pelas indicações no painel de bordo a avisar que estamos a desperdiçar combustível. Por isso, rapidamente nos habituamos a acelerações e travagens suaves e controladas, a uma condução estável. Mas a potência está lá e disponível se for requerida.

São três os modos de condução possíveis: EV (100% eléctrico), HV (híbrido, semelhante ao Prius normal) e EV-City (limitação da potência para aumentar a autonomia). Há ainda um modo ECO independente, que pode funcionar em conjunto com os outros três, limitando a resposta do acelerador e controlando a climatização para ajudar a reduzir consumos.

Com uma autonomia total anunciada de 1200 km, o maior problema são os 38.000€ que custa o Prius Plug-in. Assim, para além dos benefícios ambientais, há que fazer bem as contas para saber se compensa o acréscimo de preço face a um carro equivalente, a gasóleo ou gasolina. A tecnologia tem custos...

No habitáculo do Prius Plug-in cabem cinco pessoas e a mala com 443 litros (1118 litros com os bancos traseiros rebatidos) é grande. Em vez de pneu sobresselente, o carro tem um kit de "reparação", mas neste caso, com a bateria colocada sob o fundo da mala, esta teria de sofrer uma grande redução no seu volume para se poder ter uma roda sobresselente.

Outro pormenor negativo é o facto de, apesar de o Prius Plug-in estar bem equipado tanto em termos de conforto e vida a bordo como de segurança, terem sido usados na consola, no tablier e nos painéis das portas plásticos duros de qualidade inferior que não se coadunam com o nível de um modelo do segmento em que o Prius Plug-in se insere.

Um teste de 210.000 km

Antes de lançar a versão definitiva do Prius Plug-in, a Toyota levou a cabo um extenso programa de testes, envolvendo 600 veículos de pré-produção, que foram distribuídos por condutores de todos os continentes.

Para Portugal, num acordo de parceria entre a Toyota Caetano Portugal e a Galp Energia, sob a supervisão do Instituto Superior Técnico (IST), vieram cinco carros, dos quais três foram entregues a colaboradores da Galp Energia para utilização no seu dia-a-dia. Entre Maio de 2010 e Outubro de 2012, os cinco Prius Plug-in percorreram 210.000 km e dos ensaios em Portugal resultaram 23 sugestões que, a somar a outras dos restantes países, contribuíram para a melhoria do produto final.

No caso dos três colaboradores da Galp, eles fizeram 130.000 km no total, tendo um deslocações diárias inferiores a 10 km; outro, entre 10 e 20 km; e o terceiro entre 20 e 40 km. Além de se terem mostrado muito agradados com a experiência (incluindo os respectivos agregados familiares), todos eles referiram que o Prius Plug-in os tinha feito mudar o estilo de condução, que passou a ser menos agressiva e mais eficiente, mesmo depois de voltarem a conduzir a sua própria viatura. Após a análise dos dados recolhidos, o IST concluiu que o Prius Plug-in gasta menos 28% de energia do que um híbrido normal e menos 35% do que um veículo equivalente a gasóleo, com uma redução de, respectivamente, 35% e 40% nas emissões de CO2.

Toyota Prius Plug-in Hybrid*

Motor de combustão            4 cil., 16v, 1798cc, gasolina

Potência                                 99cv às 5200 rpm

Binário máximo                     142 Nm às 4000 rpm

Motor eléctrico                    Síncrono de magneto permanente

Potência                                 81cv       

Binário máximo                     207 Nm  

Bateria                                    Iões de lítio, 207V, 56 módulos

Capac. da bateria                  21,5 Ah/hora

Tempo de carga                    1h30 numa tomada doméstica de 220V.

  

Sistema Hybrid Sinergy Drive

Potência total combinada   136cv

Veloc. máxima                       180 km/h

Aceleração 0/100 km/h        11,4s

Consumo médio                   2,1 l/100 km

Emissões de CO2 49 g/km

Preço                                      38.000€

*Dados do construtor

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