Uma silhueta a lembrar os clássicos que pululam nos filmes dos anos 1950/60. Uma dinâmica comparável aos ágeis italianos, com ronco a condizer. Apenas dois lugares e capota em lona. Por muito aliciante que possa parecer, até aqui nada de novo. É que tanto poderíamos estar a falar deste modelo da 4.ª geração do MX-5 como de outra versão qualquer do mesmo carro.
Mas a marca de Hiroshima não se limitou a modernizar ligeiramente o seu roadster. Repensou-o verdadeiramente e decidiu até mudar-lhe um pouco o cunho que muitos acusavam de ser demasiado feminino. Não que tivesse deixado de o ser. Mas consegue continuar a deslumbrar mulheres enquanto conquista terreno entre os gostos masculinos. E, ao mesmo tempo que redesenhou toda a aparência, apresenta um chassis também redesenhado do carro que beneficiou o MX-5 de maior agilidade e com a nova plataforma SkyActiv, que, este ano, partilhará com o Fiat 124 Spider.
Também está mais magro, em cerca de cem quilos, e isso é bem notório quando decidimos acelerar a fundo, mesmo com o bloco menos expedito de 1.5 litros e 131cv. O propulsor atmosférico de quatro cilindros cumpre os requisitos a que se propõe sem inflacionar em demasia a conta nas bombas de combustível. Além disso, consegue apresentar-se por um preço bem apetecível: desde 24.450€. No caso do modelo testado, com nível de equipamento Excellence Navi, que inclui Human Machine Interface, sistema sem chave, sensores de chuva e de luz, máximos automáticos, estofos em pele, aviso de saída de faixa de rodagem, sensor de estacionamento traseiro, audio premium Bose e sistema de navegação GPS, o custo final da viatura acaba por se fixar nos 30.550,80€, caso se opte por pintura sólida.
Mas vamos ao que interessa: pô-lo em estrada e provar do que é capaz. A verdade é que é bastante confortável de conduzir na malha urbana e em curvas mais sinuosas consegue surpreender em algumas respostas. Já em auto-estrada, se o que estiver em causa for trajectos curtos, consegue mostrar-se bem divertido — e é deveras espantoso o trabalho efectuado na anulação dos ruídos e dos ventos mesmo de capota aberta devido à posição mais elevada dos apoios para a cabeça. Esta, refira-se, é extremamente fácil de abrir, mesmo tendo em conta o facto de ser manual: até em andamento se faz sem qualquer esforço.
No entanto, não é carro com que se faça uma viagem de mais de duzentos quilómetros e se saia como novo, como pudemos comprovar. É que se é muito interessante conduzir tão perto do chão, sobretudo por traçados sinuosos, por outro lado, sentir toda e qualquer irregularidade da estrada pode tornar-se bastante cansativo.
No habitáculo, a marca continua a apostar no conforto a bordo, com um habitáculo reduzido mas aconchegante e ergonómico. Depressa se percebe que o espaço que há é o absolutamente necessário para que nem mesmo um condutor mais alto ou mais largo se sinta “enlatado”. O absolutamente necessário, repita-se. E nada mais.
Para o condutor, que, apesar da posição de condução baixa, beneficia de mais espaço para os joelhos, o carro pode ser considerado muito amistoso, com o volante, o painel de instrumentos e pedais centrados nele. Já a posição da alavanca de mudanças não é consensual. No entanto, para nós é a ideal, ajudando a um enorme controlo sobre as seis curtas relações.
E se é verdade que num carro tão pequeno — 3915mm de comprimento, 1735mm de largura e apenas 1230mm de altura — poder-nos-íamos sentir mais fragilizados, também não é menos certo que o trabalho da marca nipónica ao nível da segurança é o suficiente para relaxarmos, mesmo quando se tem um ameaçador camião colado à traseira: foi aplicado o sistema Mazda Proactive Safety, tendo o SkyActiv-Body sido repensado para a arquitectura descapotável do MX-5, baseando-se numa estrutura contínua para dispersar as forças de impacto.
Já os assentos e a guarnição das portas foram desenhados para prevenir ferimentos e os airbags dianteiros e laterais são de série. No caso do carro ensaiado, com nível de equipamento de topo, tínhamos disponível toda a gama de tecnologia de segurança activa i-ActivSense que inclui assistente de ângulo morto, de saída involuntária da faixa de rodagem, assistente de luzes de máximos ou luzes dinâmicas em curva.
Arrumação compacta
Pode parecer estranho, num veículo de apenas dois lugares e com uma reduzida mala, mas a verdade é que se pode considerar este um carro espaçoso. Aliás, podemos considerar que tem o espaço necessário para o considerarmos assim. Tudo pensado ao milímetro e aproveitado ao milímetro. Caso do espaço entre os bancos, onde se esconde um porta-luvas, impossível de instalar no sítio habitual do mesmo. O compartimento pode acomodar à vontade um livro e outros objectos que sejam necessários guardar fora de vista.
Abertura fácil
Uma capota de lona manual foi durante muito tempo sinónimo de manobras e alguma ginástica. Isso não acontece com o novo MX-5, no qual a cobertura do carro pode ser aberta e fechada, mesmo em andamento, sem praticamente nenhum esforço. Basta soltá-la, puxá-la e dar um empurrão para que fique presa. Tudo em escassos segundos e recorrendo apenas a um braço.
Elegante e musculado
Mais curto e mais baixo, a volumetria da frente do carro inspira alguma agressividade e revela um corpo tão elegante quanto musculado. As ópticas dianteiras guiam-nos o olhar pela linha do capot, de ombros bem levantados, enquanto a volumosa grelha parece sorrir-nos. Atrás, a marca parece ter optado por honrar o passado, com os grupos ópticos traseiros a remeterem para as anteriores gerações.
De cabelos ao vento?
Seguimos de cabelos soltos e não foi só por uma vez. É que, apesar da época, os dias em que andámos com o MX-5 foram brindados com bastante sol. Mas ao vento? Nem por isso. Tirando partido da posição mais elevada dos apoios para a cabeça e beneficiando de um exaustivo trabalho de construção no sentido de anular os efeitos do ar, tanto ao nível do ruído como do vento, o MX-5 apresenta-se como o carro ideal para andar de capota para baixo.
FICHA TÉCNICA
Mecânica
Cilindrada: 1496cc
Potência: 131cv às 7000 rpm
Binário: 150 Nm às 4800 rpm
Cilindros: 4
Válvulas: 16
Alimentação: Gasolina, injecção directa
Tracção: Traseira
Caixa: Manual de 6 velocidades
Suspensão: paralelogramo deformável, com molas helicoidais, à frente e atrás
Direcção: Pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica
Diâmetro de viragem: 10,4 metros entre paredes
Travões: Discos ventilados à frente; discos sólidos atrás
Dimensões
Comprimento: 3915mm
Largura: 1735mm
Altura: 1230mm
Distância entre eixos: 2310mm
Peso: 1050kg
Pneus: 195/50 R16
Capac. depósito: 45 litros
Capac. mala: 130 litros
Prestações
Veloc. máx.: 204 km/h
Aceleração 0-100 km/h: 8,3s
Cons. misto: 6,0 litros/100 km
Emissões CO2: 139g/km
Nível de emissões: Euro 6
Preço: 24.450€ (viatura ensaiada, 30.550€)
EQUIPAMENTO
Segurança
ABS: Sim
Controlo electrónico de estabilidade: Sim
Controlo de tracção: Sim
Distribuição electrónica da força de travagem: Sim
Airbags frontais: Sim
Airbags laterais: Sim, com protecção para a cabeça
Airbag de joelhos para o condutor: Não
Aviso de mudança involuntária de faixa de rodagem: Sim
Aviso da pressão dos pneus: Sim
Sistema de fixação Isofix para cadeiras de crianças: Sim
Aviso de colocação do cinto de segurança: Sim
Vida a bordo
Vidros eléctricos: Sim
Vidros escurecidos: Não
Fecho central: Sim
Comando à distância: Sim
Acesso de mãos livres e arranque por botão: Sim
Direcção assistida: Sim
Espelhos retrovisores com regulação eléctrica: Sim
Espelhos retrovisores aquecidos: Sim
Volante regulável: Sim, em altura
Volante e alavanca de velocidades em pele: Sim
Comandos no volante: Sim
Rádio: Sim
Bluetooth, USB e AUX: Sim
Ar condicionado: Sim
Estofos e bancos em pele: Sim
Cruise control: Sim
Travão de estacionamento eléctrico: Não
Computador de bordo: Sim
Jantes em liga leve: Sim, 16’’
Alarme: Não
Navegação por GPS: Sim
Sensores de luz e chuva: Sim
Sensores de estac.: Sim, traseiros
Câmara de visão traseira: Não
Alerta ângulo morto: Sim
Comutação automática médios/ máximos: Sim
Faróis de nevoeiro: Sim, em LED
Luzes de dia: Sim, em LED