Fugas - Motores

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Um aventureiro para a cidade

Por Carla B. Ribeiro

Conforto e segurança. Serão estas as palavras-chave que poderão traduzir melhor a sensação de conduzir a 4.ª geração do Honda CR-V. Sobretudo em ambientes urbanos. É que aí, sim! - revela-se um verdadeiro temerário.

Se a ideia é arranjar um carro para subir um monte ou para arriscar um passeio fora do asfalto, então o melhor é ir directo para o segmento dos SUV (Sports Utility Vehicle), aos quais este novo CR-V vai buscar a roupagem mas muito pouco do espírito. É um crossover no verdadeiro sentido do termo, desenrascando-se em várias situações e aproveitando um pouco de vários segmentos. O que fez com que já tivesse conquistado alguns milhões um pouco por todo o mundo: as três gerações anteriores venderam cerca de cinco milhões de unidades (em Portugal, a Honda informa que vendeu mais de 4200).

Mas é na cidade que parece peixe na água, o que se torna mais evidente nesta quarta geração, em que não foi mantido muito da anterior (distância entre eixos, largura e pouco mais). E, tendo em conta o agravamento das condições do asfalto urbano que se pode observar um pouco por toda a parte, não é mais-valia que se despreze.

A sua missão para a cidade torna-se ainda mais evidente quando accionado o sistema ecológico Econ (o botãozinho verde que sobressai claramente entre os vários comandos — todos, refira-se, bem explícitos e de leitura fácil) que alinha todos os sistemas em prol da poupança deste 2.2 diesel com 150cv e tracção integral (há apenas mais um bloco, a gasolina, de dois litros e 155cv, só com tracção dianteira).

Assuma-se então o lugar ao volante: arranjar posição não é difícil e mais fácil ainda é compreender tudo o que se passa à nossa volta. No painel, em linha com a visão, desenha-se um generoso velocímetro e, ao centro do tablier, dois ecrãs (um de dados fixos, incrustado na consola; outro, táctil, com informações do computador de bordo, do sistema de som e de navegação i-MID). Mesmo ao lado, a alavanca do travão de mão convencional, rompendo com o pedal de travão de estacionamento da última geração, e uma consola de arrumos a separar condutor de conduzido.

Desligue-se o botão verde para percebermos o que se pode retirar deste motor que, com um binário de 350 Nm, tem de mover mais de dois mil quilos (2250kg é o peso bruto), contando com carro e passageiros. A conclusão não tarda: de emocionante tem pouco. Mas consegue revelar-se expedito q.b.. Seja numa pequena ultrapassagem, numa escalada mais acentuada ou mesmo para fugir a algum obstáculo. É que, não obstante o seu tamanho (e arranjar lugar para estacionar os seus mais de 4,5m nem sempre é fácil), deixa-se mexer bem, revelando uma agilidade surpreendente para o seu porte.

Numa rua mais estreita, atenção aos espelhos retrovisores exteriores: é verdade que o seu tamanho ajuda (e muito) à visibilidade traseira, mas, sendo culpados pelo aumento da largura do carro em 27,2cm, podem constituir um verdadeiro empecilho, pelo que a função para recolher os espelhos é usada mais vezes em andamento do que se possa imaginar. Nota positiva, porém, para a inclinação automática dos espelhos retrovisores quando em marcha-atrás — mesmo com a presença da câmara de estacionamento, ajuda bastante a tornar a manobra mais rápida.

Não é só para o condutor que o CR-V pode ser uma experiência agradável. A bordo, o conforto é garantido para cinco ocupantes. É que, embora as medidas exteriores estejam praticamente inalteradas face à geração anterior, lá dentro há espaço para pernas, ombros, cabeças — mesmo para alguém com 1,90m. Tanto nos bancos dianteiros como nos traseiros, onde, beneficiando da ausência do túnel de transmissão a meio, três ocupantes (mesmo com cadeirinhas infantis) cabem sem quaisquer transtornos.

Já para a carteira, a sensação está longe de ser confortável. Sobretudo pelo preço: 42.900 euros, para a versão de entrada (a testada, Lifestyle, custa mais três mil euros). Os consumos prometem ser mais comedidos, mesmo que o valor avançado pela marca, de 6,7 l/100 km em circuito urbano, não tenha sido alcançado ao longo dos dias em que nos movemos a bordo do carro. O valor obtido andou na casa dos 7,5 litros. O que, tendo em conta o pára-arranca e o piso por vezes íngreme de Lisboa, nem é exagerado.

Ainda assim, o bloco de 2.2 litros deverá ser relegado para segundo plano quando o CR-V integrar, ainda este ano (como afiança a Honda), o novo motor a diesel de 1600cc e 120cv, que acabou de se estrear no Civic, conseguindo um preço mais convidativo, consumos mais baixos e menores emissões de CO2.

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Barómetro
+ Conforto, segurança, vida a bordo, qualidade dos materiais
- Perda do espírito SUV, condução pouco entusiasmante, preço

 

Fintar ângulos mortos
Sentados aos comandos, numa posição elevada como este tipo de veículo pede, é notório que a marca fez um bom trabalho no que à visibilidade dianteira diz respeito. O mesmo já não se pode falar da visão para trás: o vidro parece demasiado curto, acabando por gerar mais “ângulos mortos”. Por isso, além da existência de sensores, a inclusão, de série neste e em toda a gama diesel do CR-V, de uma câmara de apoio ao estacionamento parece uma opção certeira.

Luminoso e iluminado
Não é só a nova grelha, de três lâminas, que sobressai no nariz deste crossover. Mesmo tendo em conta o arrojado facelift da 3.ª geração em 2010, a nova fornada do CR-V parece abrir um novo capítulo na história deste modelo. Os faróis dianteiros foram alongados e agora parecem rasgar o corpo musculado do veículo, favorecendo a iluminação dianteira, mas também em curva. Já as luzes diurnas ocupam a base das ópticas, formando uma espécie de elegante moldura.

Espaçoso e arrumado
Malas, brinquedos, triciclo, carrinhos de passeio de bebés. Com jeitinho parece que tudo cabe. Não só graças ao espaço disponível — uns impressionantes 589 litros, mais quase 150 do que a versão anterior e um pouco mais, nove litros, que, por exemplo, o Fiat Freemont (embora este ganhe com bancos rebatidos) —, mas sobretudo às formas: não há buraquinho que não seja aproveitável. Já sobre o rebatimento dos bancos traseiros, pontos a favor na rapidez e facilidade com que se consegue transformar o carro.

Conforto em primeiro lugar
Sóbrio q.b., dentro do CR-V não se terá certamente a experiência do século (nem sequer da semana) ao nível de estética. Não é feio, atenção. Mas nada desperta vontade de elogiar as linhas criadas pela equipa de design. Não se desanime ainda: o interior não deixa nada a desejar no que toca a habitabilidade ou conforto. Desde os materiais utilizados (no caso, meia alcantara, meia pele) até às formas dos bancos — com uma ajudinha do apoio lombar facilmente ajustável —, não esquecendo a própria posição de condução. Já quem segue atrás tem espaço para acabar a viagem sem sequer se sentir maçado ou amassado.


FICHA TÉCNICA

Mecânica

Cilindrada:2199cc
Potência:150cv às 4000 rpm
Binário:350 Nm às 2000 rpm
Cilindros:4
Válvulas:16
Alimentação: Turbodiesel de injecção directa por conduta comum
Tracção:Integral
Caixa:Manual, 6 velocidades
Pneus:225/60 R18
Suspensão:Tipo McPherson, à frente; eixo independente multibraços atrás (molas helicoidais à frente e atrás)
Direcção: Pinhão e cremalheira
Travões:Discos ventilados, à frente; discos, atrás

Dimensões

Comprimento:457cm
Largura:182cm
Altura:168,5cm
Peso: 1653-1753kg
Capac. mala:589 litros
Capac. Depósito:58 litros

Prestações*

Velocidade máxima:190 km/h
Aceleração 0-100 km/h:9,7s
Consumo misto: 5,8 l/100 km
Emissões CO2: 154 g/km
Preço: 45.900€
* Dados do construtor


EQUIPAMENTO

Segurança

ABS:Sim
Controlo electrónico de estabilidade:Sim
Assistência à Estabilidade do Atrelado:Sim
Airbagsdianteiros: Sim
Airbagslaterais:Sim
Airbagsde cortina: Sim
Airbagde joelhos para o condutor: Não
Sistema de fixação Isofix para cadeiras de crianças:Sim
Controlo de Descidas Íngremes: Não

Vida a bordo

Vidros eléctricos:Sim (à frente e atrás)
Fecho central:Sim
Comando à distância: Sim
Auxílio ao arranque em subida:Sim
Espelhos retrovisores com regulação eléctrica e aquecidos: Sim
Volante regulável: Sim, em altura e profundidade
Volante em pele: Sim
Volante multifunções: Sim
Comandos de rádio e telefone no volante: Sim
Ar condicionado:Sim (duplo, com controlo da climatização e grelhas de ventilação traseiras)
Porta-luvas iluminado: Sim
Bancos dianteiros ajustáveis em altura: Sim (manual)
Bancos traseiros rebatíveis:Sim
Cruise control:Sim
Computador de bordo:Sim
Start & Stop:Sim
Bluetooth: Sim
Conexões AUX-IN e USB:Sim
Faróis Automáticos: Sim (com funçãoComing/Leaving Home)
Faróis bixénon: Sim
Luzes de Viragem Activas:Sim
Faróis de nevoeiro: Sim
Sensores de estacionamento:Sim
Câmara de estacionamento traseiro:Sim
Jantes em liga leve: Sim (18”)
Alarme: Sim

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