Se a ideia é arranjar um carro para subir um monte ou para arriscar um passeio fora do asfalto, então o melhor é ir directo para o segmento dos SUV (Sports Utility Vehicle), aos quais este novo CR-V vai buscar a roupagem mas muito pouco do espírito. É um crossover no verdadeiro sentido do termo, desenrascando-se em várias situações e aproveitando um pouco de vários segmentos. O que fez com que já tivesse conquistado alguns milhões um pouco por todo o mundo: as três gerações anteriores venderam cerca de cinco milhões de unidades (em Portugal, a Honda informa que vendeu mais de 4200).
Mas é na cidade que parece peixe na água, o que se torna mais evidente nesta quarta geração, em que não foi mantido muito da anterior (distância entre eixos, largura e pouco mais). E, tendo em conta o agravamento das condições do asfalto urbano que se pode observar um pouco por toda a parte, não é mais-valia que se despreze.
A sua missão para a cidade torna-se ainda mais evidente quando accionado o sistema ecológico Econ (o botãozinho verde que sobressai claramente entre os vários comandos — todos, refira-se, bem explícitos e de leitura fácil) que alinha todos os sistemas em prol da poupança deste 2.2 diesel com 150cv e tracção integral (há apenas mais um bloco, a gasolina, de dois litros e 155cv, só com tracção dianteira).
Assuma-se então o lugar ao volante: arranjar posição não é difícil e mais fácil ainda é compreender tudo o que se passa à nossa volta. No painel, em linha com a visão, desenha-se um generoso velocímetro e, ao centro do tablier, dois ecrãs (um de dados fixos, incrustado na consola; outro, táctil, com informações do computador de bordo, do sistema de som e de navegação i-MID). Mesmo ao lado, a alavanca do travão de mão convencional, rompendo com o pedal de travão de estacionamento da última geração, e uma consola de arrumos a separar condutor de conduzido.
Desligue-se o botão verde para percebermos o que se pode retirar deste motor que, com um binário de 350 Nm, tem de mover mais de dois mil quilos (2250kg é o peso bruto), contando com carro e passageiros. A conclusão não tarda: de emocionante tem pouco. Mas consegue revelar-se expedito q.b.. Seja numa pequena ultrapassagem, numa escalada mais acentuada ou mesmo para fugir a algum obstáculo. É que, não obstante o seu tamanho (e arranjar lugar para estacionar os seus mais de 4,5m nem sempre é fácil), deixa-se mexer bem, revelando uma agilidade surpreendente para o seu porte.
Numa rua mais estreita, atenção aos espelhos retrovisores exteriores: é verdade que o seu tamanho ajuda (e muito) à visibilidade traseira, mas, sendo culpados pelo aumento da largura do carro em 27,2cm, podem constituir um verdadeiro empecilho, pelo que a função para recolher os espelhos é usada mais vezes em andamento do que se possa imaginar. Nota positiva, porém, para a inclinação automática dos espelhos retrovisores quando em marcha-atrás — mesmo com a presença da câmara de estacionamento, ajuda bastante a tornar a manobra mais rápida.