"O que mais me agrada neste carro é a suavidade e o facto de ser fácil para qualquer pessoa conduzir."
Quem nos diz isto é Gilles Panizzi, piloto de ralis da Peugeot, durante a apresentação do novo modelo (que decorreu em simultâneo com o Peugeot 208 XY), enquanto nos leva por uma sinuosa estrada, fechada ao trânsito automóvel, com o ponteiro das rotações a namorar a red line.
Tudo neste novo Peugeot transmite desportividade: desde o seu visual — de traços agressivos, volante pequeno e cortado, pedais cromados — até ao chassis ou ao ronco do motor a gasolina de 1.6, servido por 200cv, que se deixa ouvir e sentir. Mas, subitamente, ao entrar num caminho com alguns buracos e já com trânsito, transforma-se. Passa a comportar-se como qualquer outro 208.
“Um carro desportivo serve para uma condução desportiva. Mas, depois, o resto do tempo é duro; está sempre a pedir que se exija mais dele. Não é o caso deste: tanto se comporta como um desportivo como um utilitário comum.”
Não é apenas Gil Panizzi que tem esta percepção. O carro parece mesmo comportar-se de acordo com os desejos de quem o conduz: não obriga ninguém a acelerar, mas também não se faz rogado quando se exige um pouco mais das suas prestações. A aceleração dos 0 aos 100km/h, afiança a marca, faz-se em 6,8 segundos (percorrendo-se mil metros em 27 segundos), com o binário máximo, de 275 Nm, disponível logo a partir das 1700rpm. Mas não é apenas a aceleração que impressiona; a recuperação consegue revelar valores interessantes ao conseguir, em 5.ª, passar dos 80 aos 120km/h em menos de sete segundos.
Apesar destes números, para a condução do dia-a-dia não demonstra nenhum carácter nervoso: nem nas acelerações e muito menos nas travagens. A ajudar nesta missão, o trabalho feito ao nível das suspensões e de estabilização: por exemplo, são usadas molas mais rígidas e a barra estabilizadora é mais larga, tanto à frente como atrás.
A Peugeot procura, assim, um bom compromisso entre alguma emotividade na condução — que tenta “regenerar o mito [do 205] GTi” que conquistou alguns fãs na década de 1980 — e a tranquilidade do uso quotidiano, numa altura em que põe de parte a ideia de criar um carro para um uso desportivo exclusivo. “Não é um carro desportivo radical”, assegura a Peugeot. É antes “um polivalente”. “Uma berlina compacta” — resume a marca — “com um posto de condução inovador”, usufruindo de um chassis “envolvente”.
Já o aspecto não engana ninguém: no exterior, destaca-se a silhueta de três portas, o alargamento das vias, a robustez dos guarda-lamas, assim como o escape de duas ponteiras; no interior, o realce vai para os apontamentos em vermelho (usado, em alguns objectos, como os puxadores das portas de PVC, em degradé, o que poderá não ser muito consensual na reunião de gostos) ou bancos desportivos reforçados.
Entre o equipamento de série, aileron traseiro desportivo, ar condicionado automático bizona, cruise control, ESP (com possibilidade de desactivação), jantes em liga leve de 17’’ Carbone Storm, sistema de ajuda ao estacionamento traseiro, e ecrã táctil de 7’’.