Fugas - Motores

Carro britânico de casa alemã e identidade lusa

Por Carla B. Ribeiro

ID de identidade, mas também de identificação. É assim que se apresenta a edição nacional do Mini, jogando com a cor, equipamento e preço para conquistar fatias jovens do mercado.

Diz a BMW, que detém a histórica marca britânica, que o Mini ID é uma “Edição Nacional que não é normal”. Para lá da felicidade ou não da frase promocional, certo é que há algo de invulgar neste modelo: não é preciso gastar nem mais um cêntimo para lá do preço-base para se conseguir um carro bem apetrechado.

O facto poderá ser comum na prática de muitas marcas, mas no que à BMW (e, por consequência, ao Mini) diz respeito está-se sempre à espera de ver o valor inicial crescer à medida que se vão juntando opcionais que nos fazem quase sempre pensar que deveriam estar incluídos de série. E isto não acontece neste Edição Nacional. Não é que o equipamento incluído deixe alguém maravilhado. Mas é mais do que suficiente para fazer alguém ponderar aderir à febre do Mini. Sobretudo gente jovem, ainda sem encargos e sem filhos para darem uso ao banco traseiro — cabem até quatro adultos neste pequeno carro, como experimentámos, mas o conforto é muito sacrificado.

Mas centremo-nos no equipamento: além de Bluetooth básico (telefone funciona, mas acesso a ficheiros no telemóvel, nomeadamente de música, nem por isso; compensa com Rádio MINI Boost CD e interface de áudio USB), o Mini ID+ traz volante multifunções e jantes de liga leve de 16’’ (no nosso caso, 6-Star Twin Spoke). Incluído foi ainda o Pacote Pepper II, que junta, entre outras coisas, volante desportivo em pele, spoiler traseiro (que lhe confere uma aparência desportiva), faróis de nevoeiro, sensores de luz e de chuva e ar condicionado automático.

Uma das suas mais-valias poderá ser a possibilidade de o personalizar sem custos acrescidos. Para conjugar, há seis novas cores tanto para as capas dos espelhos retrovisores exteriores como para as faixas de capot e de tejadilho: Lemon Yellow, Shocking Blue, Energy Pink, Alien Green, Flash White ou, no caso da viatura ensaiada, Vitamin Orange. Isto para colocar sobre o Midnight Black em pintura metalizada (também incluída). O efeito não passa despercebido e é comum o carro ser gabado, tanto por amigos como por desconhecidos.

Já o interior é marcado por uma elegância contida. Há conforto nos materiais e até alguma nobreza num toque ou outro. Como o caso do volante em pele. Já os bancos, em tecido Cosmos Carbon Black, primam pela comodidade. Por toda a parte observa-se ainda um interessante trabalho na manutenção do design original dos Mini, com os gigantescos mostradores em redondo a marcarem a vida a bordo. No entanto, o efeito vintage não é consensual e tanto atrai elogios como origina manifestações de desagrado.

Esta ambiguidade de opiniões, porém, não se revela no que toca aos seus desempenhos. Os 90cv de potência máxima num bloco de 1.6 litros (no Mini ID+ está ainda disponível o mesmo bloco diesel com 112cv e caixa manual e uma motorização de 2.0 e 112cv com caixa automática) mostram-se suficientes para que o veículo consiga revelar um carácter inquieto que agrada e que se dá a brincadeiras, beneficiadas por um torque de 215 Nm em baixas rotações (entre as 1750 e as 2500rpm), tornando o trabalho de caixa (de seis velocidades e muito fácil de manusear) bastante rápido.

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