Fugas - Motores

O regresso de um mito amadurecido

Por Carla B. Ribeiro

O 205 GTi deixou saudades e ainda hoje há um culto à volta do emblemático modelo da Peugeot. Por isso, depois de um intervalo de duas décadas, a marca decidiu adaptar o 208 às características GTi. Sem comprometer a funcionalidade.

Se quem passar os olhos por estas linhas tiver mais de trinta anos seguramente se recordará do 205 GTi. Um “portento”, lançado inicialmente em 1984, com um expedito motor de 1600 servido por 104cv, que deixou saudades quando a Peugeot avançou com uma profunda renovação de gama: criou o 206 em 1998 e o 207 em 2006, mas sem GTi à vista. Até que o novo 208 pareceu à marca merecedor da árdua tarefa de “regenerar o mito”.

Tal como acontecia com o original 205, o 208 GTi, com um motor de 1600 com 200cv (o mesmo do RCZ, por exemplo) não é um “desportivo radical”. E esta opção revela alguma sapiência, dando ao condutor o prazer da condução quando segue sozinho, ao mesmo tempo que não se esquece da comodidade do dia-a-dia. “É um polivalente”, descreve a marca e o facto é fácil de comprovar quando nos sentamos atrás do volante.

O carro parece mesmo comportar-se de acordo com os desejos de quem o conduz. Porque se, já fora da cidade, o desejo for para acelerar, este GTi não se faz rogado: atinge os 100km/h em menos de sete segundos e disponibiliza o binário máximo de 275 Nm logo a partir das 1700rpm. Para mais, o trabalho feito ao nível das suspensões e de estabilização — por exemplo, são usadas molas mais rígidas e a barra estabilizadora é mais larga, tanto à frente como atrás — revela-se útil para uma condução mais agressiva em curva e contracurva. É que mesmo com o ESP (programa electrónico de estabilidade) desligado, não será fácil deixar o carro fugir.

No interior, houve um trabalho significativo na criação de “um posto de condução inovador”, ao qual é fácil o corpo adaptar-se. Aliás, aos comandos, adaptabilidade poderia ser uma palavra para descrever este GTi, cujo pequeno volante se deixa manusear sem qualquer pudor. Para mais, é confortável e os materiais revelam uma preocupação com a qualidade e estética, com os vários apontamentos a vermelho, como o pesponto visível, a transmitirem a ideia de fulgor. De lamentar, porém, a opção de usar um efeito degradé, que vai do vermelho ao preto, em vários objectos (como nos puxadores das portas de PVC ou no aro do ecrã táctil).

Ainda no habitáculo, a registar o espaço que faz deste GTi um desportivo com algumas ambições familiares. É certo que quem segue no banco traseiro não tem acesso directo nem janelas, mas dois viajam de forma muito confortável (até pela altura até ao tejadilho). E se se tratar de crianças, três conseguem arranjar espaço. Já a mala disponibiliza uns bem arrumados 285 litros.

Já do lado de fora, que, esse sim, revela nas suas linhas todo o espírito aguerrido, sobressaem a robustez dos guarda-lamas e o escape de duas ponteiras.

Entre o equipamento de série, aileron traseiro desportivo, ar condicionado automático bizona, cruise control, ESP, jantes em liga leve de 17’’ Carbone Storm, sistema de ajuda ao estacionamento traseiro, e ecrã táctil de 7’’.

 

Cilindrada: 1598cc

Motor: gasolina com turbocompressor de geometria variável

Potência máxima: 200cv às 5800rpm

Binário: 275 Nm a partir das 1700rpm

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