Este misto de utilitário e de citadino da Mitsubishi, que vem substituir com vantagem o Colt, adoptou a designação de Space Star (um monovolume cujo fabrico foi descontinuado em 2005) em 36 países europeus por questões relacionadas com a patente do nome original, Mirage, que se mantém no resto do mundo. Tendo apenas em comum o nome com o Space Star original, este pequeno veículo é fabricado na Tailândia para ser comercializado em todos os mercados e não especificamente na Europa.
Por isso mesmo, ao contrário de outros modelos de marcas asiáticas que são fabricados na Europa, tem características que não se adequam inteiramente ao gosto dos europeus. Essa “orientalidade” não se manifesta no design exterior, com linhas sóbrias, mas em particular nos interiores, com plásticos duros (mas com aspecto resistente) e materiais de qualidade inferior – caso do fundo da mala em cartão prensado. Outras incongruências, sob o ponto de vista europeu, passam pelo facto de os sensores traseiros de estacionamento não serem de série ou por não dispor inicialmente de comandos no volante – mas este pormenor já foi corrigido pela Mitsubishi Motors Portugal e todos os veículos comercializados a partir de Setembro trazem de série comandos áudio no volante.
E quando se fala de incongruências isso deve-se ao facto de, fora estes pormenores, o novo Space Star vir bem equipado para a gama e classe de preço em que se insere, trazendo de série, entre outras coisas, entrada sem chave, arranque por botão, climatizador, sensores de chuva e de luminosidade, vidros traseiros escurecidos, Start & Stop (paragem e arranque automáticos do motor), um visor a cores Eco para indicação ao momento se o modo de condução é o mais adequado, indicador de mudança de velocidade e jantes de liga leve de 15’’.
Também no capítulo da segurança, apesar de não ter sido ainda sujeito aos testes do Euro NCAP, não fica atrás de modelos similares da mesma gama. Com controlo de estabilidade e de tracção, seis airbags, sinalização da travagem de emergência, carroçaria com 60% de aços de alta resistência, protecção dos peões graças à capota sobrelevada e deformável junto do pára-brisas, o Space Star aspira à obtenção de quatro estrelas (num máximo de cinco) face aos novos e mais exigentes parâmetros de 2013.
Outros pontos positivos: apesar das dimensões reduzidas, que o colocam entre um citadino e um utilitário, no interior espartano cabem cinco ocupantes e o motor 1.2 tricilíndrico a gasolina tem um comportamento adequado e consumos comedidos (apurámos uma média de 6,0 l/100km num percurso misto). Para além das ajudas a uma condução mais económica, isso também se deve à carroçaria aerodinâmica (Cd 0,27, em que se destaca o spoiler traseiro que também contribui positivamente para o visual do Space Star) e ao peso reduzido.
A caixa manual de cinco velocidades é algo dura de manusear, mas em compensação o arranque vivo, o diâmetro de viragem muito curto (apenas 9,2 metros entre passeios) e a boa visibilidade tornam este pequeno veículo muito apto para a condução em cidade. Mas tendo um espírito urbano, também se comporta bem em estrada, podendo fazer-se viagens mais longas sem problemas, pese embora ter bancos um pouco desconfortáveis.
Com um único nível de equipamento, Intense, as opções são reduzidas (sensores de estacionamento, kit Bluetooth, roda de emergência e pintura metalizada), pelo que o preço anunciado corresponde praticamente ao que o cliente vai pagar. Assim, apesar de o preço do nível de entrada de outras marcas poder ser um pouco inferior, nas contas finais temos de considerar o acréscimo de equipamento disponibilizado de série pelo Mitsubishi Space Star.
BARÓMETRO
+ Relação preço/equipamento, com muito equipamento de série e pouco em opção; bom diâmetro de viragem
- Qualidade dos materiais usados no interior; kit de reparação de pneus
PORMENORES
Elogiámos demasiado cedo
Pois é… Temos de morder a língua e pedir desculpa aos leitores. Na apresentação do Space Star, o veículo que conduzimos trazia uma roda sobresselente de emergência, o que mereceu o nosso elogio. Qual não foi o nosso espanto quando agora, ao levantarmos o forro do fundo da mala deste carro, descobrimos no espaço circular da roda de emergência um kit de “reparação” de pneus – uma óptima solução para os fabricantes de carros e de pneus mas péssima para os consumidores: não só por ser ineficiente quando se trata de um furo um pouco maior (há muitos testemunhos), como por implicar a compra de um pneu novo para substituir o “reparado” bem como uma nova carga para o kit. A Mitsubishi diz que irá disponibilizar em opção a roda de emergência, mas ainda não tem preço para esta muito recomendável opção.
Até parecia estranho
Este utilitário oferece de série entrada sem chave e arranque por botão, sensores de chuva e de luminosidade, climatizador, etc., etc. Com um equipamento tão completo para a gama em que se insere, foi com alguma surpresa que verificámos a ausência de comandos no volante do veículo que conduzimos – algo de que dispõem modelos similares e não tão bem equipados. Mas esta lacuna será remediada nos Space Star comercializados a partir de Setembro, que já incluirão comandos áudio no volante.
É um pequeno pormenor mas faz diferença
Não raras vezes, os construtores de automóveis descuram pequenos pormenores de fácil solução, mas que podem causar incómodos ou transtornos aos ocupantes dos veículos. É o caso da pala de protecção do sol do lado do condutor: é grande e cumpre bem a sua função. Demasiado bem até, porque não só tapa os raios solares como a visão do espelho retrovisor interior – bastaria um simples recorte no seu formato rectangular para resolver o problema.
Pouca atenção ao “embrulho”
O cunho oriental deste modelo nipónico fabricado na Tailândia, um carro global destinado a mercados de vários continentes, ressalta na pouca qualidade dos materiais usados no interior (na velha tradição oriental, duros e com uma sensação de qualidade inferior) e da importância relativa dada ao conforto e vida a bordo. Um assento corrido atrás (sem separação dos lugares); bancos de conforto relativo à frente; um fundo de mala de aspecto frágil e baratucho em cartão prensado que esconde o kit de “reparação” de pneus, etc. etc. Os modelos de fabricantes asiáticos produzidos na Europa já levam em conta os gostos europeus. Mas atenção: se o “embrulho” é em “papel pardo”, já o “conteúdo” (equipamento de série, segurança inclusive) tem nível superior à “embalagem”.
FICHA TÉCNICA
Mecânica
Motor
Cilindrada: 1193cc
Potência: 80cv às 6000rpm
Binário: 106 Nm às 4000rpm
Cilindros: 3 em linha
Válvulas: 12
Combustível: Gasolina
Alimentação: Injecção multiponto
Tracção: Dianteira
Caixa: Manual de 5 velocidades
Suspensão: Tipo McPherson com molas helicoidais e barra estabilizadora, à frente; eixo de torção com molas helicoidais, atrás
Direcção: Pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica
Diâmetro de viragem: 9,2m
Travões: Discos ventilados à frente; tambores atrás
Dimensões
Comprimento: 3710mm
Largura: 1665mm
Altura: 1450mm
Peso: 845kg
Pneus: 175/55 R15. Kit de reparação de pneus
Capac. depósito: 35 litros
Capac. mala: 235 litros (912 litros com bancos traseiros rebatidos)
Prestações*
Velocidade máxima: 180 km/h
Aceleração 0 a 100 km/h: 11,7s
Consumo misto: 4,3 litros/100 km
Emissões de CO2: 100 g/km
* Dados do construtor
Preço: 13.750€ (viatura ensaiada, 14.100€)
EQUIPAMENTO
Segurança
ABS: Sim
Airbags dianteiros: Sim
Airbags laterais: Sim, à frente
Airbags de cortina: Sim
Airbag de joelhos para o condutor: Não
Aviso de colocação dos cintos de segurança: Sim
Controlo electrónico de estabilidade (ESP): Sim
Assistência ao arranque em subida: Não
Função Start/Stop: Sim
Indicador de pressão dos pneus: Não
Travão de estacionamento eléctrico: Não
Vida a bordo
Vidros eléctricos: Sim
Vidros escurecidos: Sim, atrás
Fecho central: Sim, entrada sem chave
Comando à distância: Sim
Retrovisores rebatíveis electricamente: Não
Ar condicionado: Sim, automático
Abertura do depósito no interior: Sim
Abertura da mala no interior: Não
Bancos em pele: Não
Bancos eléctricos: Não
Fixações Isofix: Sim
Jantes em liga leve: Sim, 15’’
Rádio/CD com MP3: Sim
Conexão Bluetooth: Opção (148€)
Entrada USB: Sim
Comandos no volante: Sim a partir de Setembro
Volante em pele: Não
Volante regulável em altura: Sim
Volante regulável em profundidade: Não
Computador de bordo: Sim
Alarme: Não
Navegação por GPS: Não
Regulador/limitador de velocidade: Não
Sensores de luz e de chuva: Sim
Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros: Opção (à frente, 216€, frente e traseiros, 370€)
Faróis de nevoeiro dianteiros: Sim
Luzes de dia: Sim
Faróis xénon: Não
Tecto de abrir: Não