Fugas - Motores

  • Rui Gaudêncio
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Bem equipado mas com interiores que podiam ser melhores

Por João Palma

Face a um equipamento bastante completo para um carro desta gama, a “orientalidade” deste citadino/utilitário da Mitsubishi evidencia-se na menor qualidade dos materiais usados nos interiores ou nos bancos pouco confortáveis. João Palma (texto) e Rui Gaudêncio (fotos)

Este misto de utilitário e de citadino da Mitsubishi, que vem substituir com vantagem o Colt, adoptou a designação de Space Star (um monovolume cujo fabrico foi descontinuado em 2005) em 36 países europeus por questões relacionadas com a patente do nome original, Mirage, que se mantém no resto do mundo. Tendo apenas em comum o nome com o Space Star original, este pequeno veículo é fabricado na Tailândia para ser comercializado em todos os mercados e não especificamente na Europa.

Por isso mesmo, ao contrário de outros modelos de marcas asiáticas que são fabricados na Europa, tem características que não se adequam inteiramente ao gosto dos europeus. Essa “orientalidade” não se manifesta no design exterior, com linhas sóbrias, mas em particular nos interiores, com plásticos duros (mas com aspecto resistente) e materiais de qualidade inferior – caso do fundo da mala em cartão prensado. Outras incongruências, sob o ponto de vista europeu, passam pelo facto de os sensores traseiros de estacionamento não serem de série ou por não dispor inicialmente de comandos no volante – mas este pormenor já foi corrigido pela Mitsubishi Motors Portugal e todos os veículos comercializados a partir de Setembro trazem de série comandos áudio no volante.

E quando se fala de incongruências isso deve-se ao facto de, fora estes pormenores, o novo Space Star vir bem equipado para a gama e classe de preço em que se insere, trazendo de série, entre outras coisas, entrada sem chave, arranque por botão, climatizador, sensores de chuva e de luminosidade, vidros traseiros escurecidos, Start & Stop (paragem e arranque automáticos do motor), um visor a cores Eco para indicação ao momento se o modo de condução é o mais adequado, indicador de mudança de velocidade e jantes de liga leve de 15’’.

Também no capítulo da segurança, apesar de não ter sido ainda sujeito aos testes do Euro NCAP, não fica atrás de modelos similares da mesma gama. Com controlo de estabilidade e de tracção, seis airbags, sinalização da travagem de emergência, carroçaria com 60% de aços de alta resistência, protecção dos peões graças à capota sobrelevada e deformável junto do pára-brisas, o Space Star aspira à obtenção de quatro estrelas (num máximo de cinco) face aos novos e mais exigentes parâmetros de 2013.

Outros pontos positivos: apesar das dimensões reduzidas, que o colocam entre um citadino e um utilitário, no interior espartano cabem cinco ocupantes e o motor 1.2 tricilíndrico a gasolina tem um comportamento adequado e consumos comedidos (apurámos uma média de 6,0 l/100km num percurso misto). Para além das ajudas a uma condução mais económica, isso também se deve à carroçaria aerodinâmica (Cd 0,27, em que se destaca o spoiler traseiro que também contribui positivamente para o visual do Space Star) e ao peso reduzido.

A caixa manual de cinco velocidades é algo dura de manusear, mas em compensação o arranque vivo, o diâmetro de viragem muito curto (apenas 9,2 metros entre passeios) e a boa visibilidade tornam este pequeno veículo muito apto para a condução em cidade. Mas tendo um espírito urbano, também se comporta bem em estrada, podendo fazer-se viagens mais longas sem problemas, pese embora ter bancos um pouco desconfortáveis.

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