Um BMW é um BMW, com todas as qualidades que distinguem os seus diversos modelos, dos mais acessíveis aos mais sofisticados. Este 518d que conduzimos não foge à regra, tanto nos aspectos positivos, como segurança, conforto de condução, economia de consumos, performances, qualidade percebida nos materiais e acabamentos, como na prática (que não é só apanágio da BMW) de salgar o preço-base com alegados opcionais que deviam ser equipamento de série num carro que custa 50.300€ com caixa manual.
A gama dos série 5 é vasta, com 25 versões que incluem uma híbrida e uma superdesportiva M5 com motor a gasolina de 4395cc de 560cv e um preço-base de 138.200€. O BMW 518d é o mais acessível dos série 5 e o modelo que conduzimos, dotado da excelente caixa automática Steptronic de 8 relações da BMW, tinha um acréscimo de 2328€ face à versão com caixa manual de seis relações.
Para quem ainda tenha alguns preconceitos face a caixas automáticas, nada melhor que experimentar uma das modernas, como é o caso desta. É muito fácil ficar “viciado”: com mudanças de relação instantâneas e adequadas ao momento de condução, o conforto que oferecem em situações de pára-arranca e a eficiência traduzida nos consumos e performances são muito superiores aos da caixa manual. E quem gosta de ter na mão as rédeas dos cavalos do carro pode sempre optar pelo accionamento manual das mudanças, no caso do 518d através da alavanca de velocidades.
Esta caixa é um dos equipamentos opcionais que recomendamos e que se justifica ser um extra. Outro, no caso do veículo que conduzimos, é o sistema de navegação Business (1905€). Já ser pago à parte o rebatimento dos bancos traseiros (550€) ou o climatizador (447€) é um exagero num veículo que custa mais de 50 mil euros. Por isso, mesmo sem vir carregado de opcionais, o preço final do veículo que conduzimos chegava aos 60 mil euros.
Porém, honra seja feita à BMW: no que toca à segurança, do modelo de entrada ao de topo de gama, o equipamento é comum e todo de série (aliás, não é só o fabricante bávaro: as outras marcas premium seguem exactamente a mesma política tanto em relação aos dispositivos de segurança como ao equipamento opcional). Como foi alvo de um restyling, mantêm-se os resultados obtidos em 2010 pelo série 5 nos testes do Euro NCAP — 95% na protecção de adultos, 83% nas crianças, 78% nos peões e 100% nos dispositivos auxiliares de segurança, resultados que, mesmo face aos mais recentes parâmetros de 2013, lhe valeriam a manutenção com larga margem do máximo de 5 estrelas se fosse submetido a testes hoje.
O 518d traz uma nova variante do bloco com 1995cc usado no 520d, só que em vez de 184cv tem a potência reduzida para 143cv. Com performances inferiores, apresenta médias oficiais de consumos e emissões iguais: a única vantagem do 518d é custar menos 2950€ que o 520d. Então, significa isso que os 143cv de potência não são suficientes para deslocar este “porta-aviões” com 4,91 metros e 1700kg de peso? Muito pelo contrário: até no modo de condução Eco sentimos sempre haver força disponível para qualquer manobra que se revelasse necessária. E em Eco é bastante frugal nos consumos: em cerca de 300km de um percurso misto, cumprindo, mas sempre nos limites de velocidade máxima permitida, obtivemos uma média de 6,2 l/100km. Para este valor também contribui um sistema Start/Stop de funcionamento impecável e a recuperação de energia nas travagens. Aliás, no modo Eco, em auto-estrada e a 120 km/h, podem-se conseguir médias na ordem dos 5,0 l/100km. Já se se usar o modo Sport, o consumo sobe rapidamente mas isso também se nota na resposta do carro. O terceiro modo de condução, Confort, foi o menos usado: para economia é melhor o Eco; querendo uma condução mais dinâmica, opte-se pelo Sport.