Fugas - Motores

V60 Plug-in Hybrid, um carro três-em-um

Por João Palma

Os veículos 100% eléctricos têm autonomia limitada. Já os híbridos plug-in, que aliam as vantagens de um carro eléctrico às de um de motor de combustão interna, têm sido penalizados por um preço pouco competitivo. Porém, o cenário está a mudar

A Volvo V60 Plug-in Hybrid é uma variante da carrinha V60, modelo do segmento D premium da marca sueca. A principal diferença é que ao motor 2.0 diesel com 215cv se soma um propulsor eléctrico com 70cv que não só aumenta a potência disponível para 285cv como possibilita a deslocação do veículo durante 50km em modo 100% eléctrico. Com nível de equipamento equivalente ao Summum (superior) da versão normal, a V60 Plug-in Hybrid estará disponível no próximo Verão por 62.700€.

São conhecidas as limitações dos veículos 100% eléctricos. Para além do seu preço elevado devido ao custo das baterias, têm uma autonomia limitada a menos de 200km (depois há que esperar meia dúzia de horas até que as baterias sejam recarregadas – a não ser que se tenha a sorte de se estar a passar por um dos poucos postos de abastecimento rápido que permite um semicarregamento em 30 minutos). Mesmo numa utilização em cidade, para a qual estão vocacionados, no condutor de um carro eléctrico existe sempre a “range anxiety”, o termo inglês que designa o receio de as baterias se descarregarem e o veículo parar antes de chegar ao seu destino. Por isso, um veículo eléctrico será sempre um segundo carro.

Soluções que procuram conciliar as vantagens dos dois modos de propulsão são os veículos com extensor de autonomia (como o Opel Ampera) ou os híbridos plug-in, que, com funcionamentos distintos, oferecem vantagens idênticas em termos de custos de utilização: uma autonomia em modo 100% eléctrico que satisfaz as necessidades de condução no dia-a-dia e recurso a motor de combustão quando é necessário fazer viagens longas, isto é, dispensando a existência de um segundo carro. Porém, até agora, o custo das tecnologias usadas onerava de tal forma o preço deste tipo de veículos face a modelos idênticos apenas com motor de combustão interna, que só depois de percorridos mais de 100.000km é que a diferença era compensada.

Porém, o cenário está a mudar. O primeiro fabricante a desfazer esse nó górdio foi a Mitsubishi com o híbrido plug-in gasolina/eléctrico Outlander PHEV. Graças à menor carga fiscal, foi possível oferecer um veículo com tracção integral e caixa automática por um preço 10.000€ inferior ao seu equivalente só com motor diesel de combustão interna. Claro que isso só foi viável por se tratar de um modelo de segmento superior.

A mesma política, usar um veículo de segmento superior para esbater o custo adicional da tecnologia, foi seguida pela Volvo com a carrinha V60 plug-in híbrida eléctrica/diesel. Face ao Outlander PHEV, o objectivo não foi tão conseguido: a V60 equivalente só com motor de combustão interna custa menos cerca de 4000€. Ainda assim, com 50km de autonomia em modo 100% eléctrico (cerca de 2€ de energia para percorrer 100km) a que se soma uma redução de consumos em modo híbrido: 1,8 l/100km de média anunciada face aos 6,4 l/100km da V60 2.4 diesel, não é difícil recuperar o adicional no preço de aquisição com a redução substancial nos custos de utilização. A recarga da bateria pode ser feita numa tomada doméstica de 220v (entre 3h e 8h dependendo da amperagem) ou através do motor de combustão.

Assim, segundo a Volvo, a V60 Plug-in é “três automóveis num só”: uma carrinha desportiva de luxo, com performance, potência e binário superiores face à versão diesel; consumos inferiores em modo híbrido; um veículo com autonomia razoável em modo eléctrico. Na Volvo V60 Plug-in o motor diesel está acoplado ao eixo dianteiro e o eléctrico ao eixo traseiro. O modo híbrido é o pré-definido no arranque. Em modo Pure, até 120 km/h, só trabalha o motor eléctrico. A mais de 120 km/h ou se for necessária mais potência (por exemplo, em ultrapassagens) entra em acção o propulsor diesel. O modo Power visa uma condução mais desportiva, com funcionamento simultâneo dos dois motores. Há ainda um modo Save, que permite recarregar ou poupar a bateria, para posterior utilização do carro em modo Pure (por exemplo, em condução urbana). A complementar, uma eficiente caixa automática de seis relações e um afinado sistema Start/Stop, além de um sistema de recuperação de energia que também permite poupar a carga da bateria (nas travagens, aparecem bolhas no painel de instrumentos a simbolizar essa poupança).

Quanto ao resto, a V60 Plug-in apresenta-se com um visual desportivo e elegante, em que os materiais e acabamentos são de nível premium. Menção ainda para o Visor Crystal Active TFT da versão híbrida da V60, um grupo de instrumentos digitais com quatro temas de visualização – Eco, Elegance, Performance e Hybrid – que disponibiliza informação sobre velocidade, aceleração, selecção de mudanças, travagem, economia de combustível, potência disponível, nível de carga das baterias, etc.

FICHA TÉCNICA*

Motor de combustão: 5 cil., 20v, 2401cc, gasóleo

Potência: 215cv às 4000 rpm

Binário máximo: 440 Nm às 1500-3000 rpm

Motor eléctrico: Síncrono de magneto permanente

Potência: 70cv

Binário máximo: 200 Nm           

Bateria: Iões de lítio, 400V

Capac. da bateria: 11,2 kWh

Autonomia: 50km em modo eléctrico (900km, total)

Tempo de carga: 3h a 8h numa tomada doméstica de 220V (de 16A a 6A)

Sistema de propulsão integrado

Tracção: Integral

Transmissão: caixa automática de 6 relações

Potência total combinada: 280cv

Binário máximo combinado: 640 Nm

Veloc. máxima: 230 km/h (120 km/h em modo 100% eléctrico)

Aceleração 0/100 km/h: 6,1s

Consumo médio*: 1,8 l/100 km

Emissões de CO2**: 48 g/km

* em modo híbrido

** as emissões de CO2 variam consoante a fonte de produção da electricidade

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