Quando há meses levou a sua moto com sidecar a uma exposição na Alemanha, a pergunta que mais lhe faziam era: “E isto anda mesmo?”. Norberto Fonseca sorria e respondia que sim: a peça que ali mostrava era um pedaço de design mas era também um produto funcional. “Dizia-lhes que ali não, mas que pondo gasolina e tendo uma estrada era só ver a moto a andar”, contou ao PÚBLICO o jovem natural de Nine, Famalicão.
A Wood on Wheels é uma junção das duas paixões deste designer — as motos e a madeira — e o que começou por ser um projecto pessoal ganhou vida e pode agora dar origem a mais produtos semelhantes para serem comercializados. Norberto Fonseca cresceu “no mundo das madeiras”. Na oficina do pai, marceneiro de profissão, aprendeu tudo o que havia para aprender sobre este material e tornou-se também num marceneiro. “Essa é a minha formação básica e é aqui que continuo a desenvolver os meus projectos.”
Foi há uns oito anos que Norberto se lembrou de tentar construir um sidecar pela primeira vez. Mas depois de terminar, percebeu que a peça “não casava” com as suas motos e deixou a ideia de lado. Até que, há um ano, olhou para a Jawa 350 que tinha na garagem e decidiu recomeçar: “Fiz o conjunto de raíz. Depois de muitos esboços e desenhos, desmontei a moto e reconstruí. Fui trabalhando, testando quais seriam as madeiras mais adequadas, resolvendo os problemas que iam surgindo.”
Feita com três tipos de madeira (kambala escura, carvalho, e freixo), esta moto com sidecar é algo que “as pessoas ligadas ao mundo dos clássicos” podem apreciar particularmente, acredita. Na feira onde participou, Norberto cruzou-se com vários interessados e houve até quem tenha arriscado fazer uma avaliação da peça: “Houve quem dissesse que valia à volta dos 50 mil euros”, contou o jovem com uma pós-graduação em Design de Mobiliário.
Criações do género, o designer só conheceu em museus — e o que a sua acrescenta é que é realmente uma moto que pode ser usada. “Esta tem a parte de ser de madeira e ao mesmo tempo poder ser levada para a estrada.” Norberto criou o veículo para uso particular, mas agora que a ideia mostrou ter potencial, já pensa em multiplicá-la. “Sente-se vontade de vender e fazer outras.”