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É uma viatura portuguesa, com certeza

Por João Palma

A fábrica da AutoEuropa, onde é feito o Scirocco, foi o palco escolhido para a apresentação da renovada terceira geração deste coupé desportivo, que, com uma produção diária de 144 unidades, se destina essencialmente à exportação.

A terceira geração do Scirocco, o coupé desportivo da Volkswagen fabricado em Portugal na AutoEuropa, datada de 2008, foi agora objecto de uma renovação que incidiu não só no design e novos equipamentos, como na melhoria das motorizações (4 a gasolina e 2 a gasóleo), que agora cumprem todas a norma de emissões Euro 6, estando mais potentes e com menores consumos e emissões. O Scirocco já está à venda e o mais acessível, equipado com o motor 1.4 TSI de 125cv, custa 28.011€.

Há falsidades que, de muito repetidas, aparecem como verdades. Uma dela é a de que o sector automóvel pesa de forma muito negativa na balança de pagamentos portuguesa. Isso reflecte-se na carga de impostos sobre os veículos, inclusive na ilegalidade da dupla tributação: sobre o preço bruto de um automóvel incide o ISV (Imposto Sobre Veículos) e esse total é taxado com 23% de IVA — isto é, pagamos IVA sobre o ISV. Na realidade, o sector automóvel é um exportador líquido e se todos os ramos de actividade se comportassem assim, teríamos uma balança de pagamentos muito positiva. A AutoEuropa vem à cabeça, com uma produção de cerca de 100.000 unidades anuais, seguida pela PSA de Mangualde (mais de 50.000 veículos

ano), da Fuso no Tramagal (3800/ano) e da Toyota/Caetano em Ovar (1100/ano) — um total bem superior ao número de veículos vendidos em Portugal. Isto sem falar, no caso da AutoEuropa, do fabrico e exportação de cerca de 10 milhões de peças e componentes para outros modelos do grupo Volkswagen (caso, por exemplo, do pára-choques do Golf), bem como de ferramentas para produção de peças noutras fábricas do grupo. E se a isto juntarmos a produção de pneus da Continental na fábrica de Lousado, que é o quádruplo do consumo em Portugal, estamos conversados.

O caso do Scirocco é um exemplo marcante de tudo isto: sendo um modelo de nicho, a sua produção diária actual é de 144 unidades, mais de quatro vezes o total de vendas anuais deste coupé no mercado português. E, no entanto, este veículo merece um maior realce pelas suas qualidades, independentemente de ser fabricado em Portugal.

Com 4256mm de comprimento, 1810mm de largura e 1406mm de altura, este coupé tem uma lotação de quatro ocupantes e uma mala de 312 litros (1006 litros com os bancos rebatidos). No que se refere ao design, com novas ópticas dianteiras e traseiras, sendo os farolins em LED, frente e traseira redesenhadas e o pacote R-Line que antes era opcional e agora é de série, tem um visual agressivo (no bom sentido) e musculado, simultaneamente dinâmico e elegante, à altura de um coupé desportivo. No interior, com bons materiais e acabamentos, a instrumentação é bastante completa, de accionamento fácil e intuitivo, destacando-se os três mostradores circulares sobre o tablier — cronómetro, indicador da pressão do turbo e da temperatura do óleo —, de série em toda a gama, que acentuam a alma desportiva deste modelo.

Quanto a motores, para além do 1.4 TSI de 125cv, há ainda, a gasolina, três variantes do propulsor de 1968cc com 180cv, 220cv e 280cv (esta última equipando a versão superdesportiva R do Scirocco) e, a gasóleo, duas declinações do bloco de 1998c, com 150cv e 184cv. Quanto a transmissões, todos os propulsores podem vir acoplados a uma caixa manual de seis velocidades e, à excepção do 1.4 TSI, com a caixa DSG de dupla embraiagem com 6 relações. Todas as motorizações anunciam consumos e emissões reduzidos, com destaque para os propulsores a gasóleo.

Há três níveis de equipamento, Scirocco, o de entrada, exclusivo do 1.4 TSI, Sport, intermédio, que engloba todas as outras motorizações, à excepção da superdesportiva TSI de 280cv, que tem um nível superior R.

Sendo um modelo de características premium, mesmo a versão de entrada, já apresenta um nível razoável de equipamento, nomeadamente chassis e suspensão desportiva, sensores de luz e de chuva, alavanca de mudanças e volante multifunções em couro, jantes de liga leve de 17’’, piscas e luzes traseiras em LED, bancos dianteiros desportivos, climatizador, auxílio ao arranque em subida, rádio

CD, indicador da pressão dos pneus, sistema Start/Stop, vidros escurecidos, apoio de braços à frente, porta-luvas refrigerado, etc. O nível Sport adiciona, entre outras coisas, faróis em xénon, climatizador bizona, jantes de 18’’, retrovisores laterais rebatíveis automaticamente e com rebaixamento quando se engrena a marcha-atrás, um sistema áudio melhor, cruise control e conexão Bluetooth. O nível R acrescenta suspensão rebaixada, bloqueio electrónico do diferencial, luzes de dia em LED e decorações específicas da linha R.

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