Fugas - Motores

O futuro será verde?

Por António Xavier

Enquanto legisladores e fabricantes se esgotam a pensar, ou continuam a perseguir “galinhas dos ovos de ouro”, há sempre governos que se aproveitam para aplicar leis fiscais que se escondem atrás de argumentos ambientalistas, causticando sempre o comum dos contribuintes.

A indústria automóvel mundial irá continuar a apostar nos motores de combustão, podendo apenas oscilar entre o tipo de carburante. Neste momento, a gasolina parece ganhar terreno, embora associada ou não a propulsores elétricos. Os híbridos tentam ganhar espaço, com construtores que associam motores elétricos a blocos diesel e outros a propulsores a gasolina.

A Toyota tem estado na vanguarda de soluções que apontam para a conjugação de motores eléctricos com propulsores a gasolina, usando blocos de diferentes cilindradas. Para o construtor nipónico, os automóveis híbridos ou os plug-in poderão ser uma solução para o futuro, unindo as duas fontes de energia. Por isso, a Toyota Caetano Portugal promoveu um debate sobre o futuro da mobilidade e a fiscalidade no nosso país, que poderá ou não facilitar a vida ao consumidor/contribuinte.

Para isso, disponibilizou vários veículos híbridos e plug-in para percorrer algumas centenas de quilómetros, motivando, assim, um debate mais fundamentado sobre o tema. Com a presença de especialistas da ACAP e da Quercus, mais de uma dezena de jornalistas do sector esboçaram uma reflexão que, naturalmente, foi inconclusiva.

O automóvel não pode ser visto como um inimigo, nem como um “ovo de Colombo” para que possam ser aplicados mais impostos. Esta linha comum de pensamento foi realçada pelo importante papel que o automóvel tem em criar riqueza e contribuir para o desenvolvimento da sociedade. A fiscalidade deveria ser orientadora, ao contrário da nuvem negra que paira sobre os contribuintes, só porque o automóvel é o bem que menos foge em termos de impostos directos e também o maior objecto de desejo.

Apesar do incentivo fiscal proposto pelo Governo, para 2015, que se traduz na redução do ISV em 4500€ para veículos totalmente elétricos, 3250€ para híbridos/plug-in ou 2000€ para carros com emissões CO2 abaixo de 95 gr/km – mediante o abate de um veículo em fim de vida –, os potenciais compradores sentem-se pouco incentivados para aproveitar estes designados benefícios fiscais.

Os automóveis eléctricos com autonomia reduzida condicionam a liberdade individual, e serão marginais na Europa, nos próximos 20 ou 30 anos. Os híbridos, apesar de contribuírem para melhorar o ambiente, não são económicos no que se refere ao consumo de combustível. Por isso, acabam por ser os veículos híbridos recarregáveis (plug-in; PHEV), com recuperação de energia, que parecem reunir maiores consensos. Em relação aos automóveis movidos por motor de combustão, os mais acessíveis e mais pequenos são também aqueles que emitem menos CO2, o que poderá ser encarado como uma demonstração de subdesenvolvimento, apesar de os construtores mundiais apostarem, cada vez mais, no fabrico de motores mais pequenos e de cilindradas mais baixas.

As dúvidas em relação à cor do ambiente no futuro mantêm-se. Dar mais ou menos tonalidades verdes não está apenas nas nossas mãos, mas essencialmente nos tons de quem salpica os quadros fiscais, esmagando os contribuintes com uma denominada fiscalidade verde.

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