Fugas - Motores

Começar a fazer contas

Por João Palma

A nova legislação portuguesa sobre veículos eléctricos e híbridos criou um quadro novo na aquisição de viaturas desse tipo e nos seus custos de utilização.

Tal não é tão marcante no que toca a particulares, que só beneficiam de subsídio ao abate de até 3250€ nos híbridos plug-in ou até 4500€ nas viaturas eléctricas, bem como redução de 75% (híbridos plug-in) ou isenção (eléctricos) do Imposto sobre Veículos (ISV). Já para as empresas, vale a pena fazer contas face às deduções que podem fazer.

A União Europeia quer restringir a circulação em cidades de veículos com motores de combustão interna a gasóleo ou a gasolina, que originam sérios problemas de poluição. As metas são um máximo admissível de 80% até 2020, 50% em 2030 e supressão total em 2050, quando nos centros urbanos só serão admitidas viaturas eléctricas ou híbridos plug-in com autonomia em modo eléctrico. É nesse sentido que foi criado o novo quadro legal português. Pena é que a totalidade dos benefícios só possa ser desfrutada pelas empresas.

A maioria delas, porém, ainda não tem a noção das vantagens de que podem usufruir na aquisição e utilização desse tipo de veículos face aos convencionais. Por isso, a Mitsubishi levou a cabo uma sessão de esclarecimento à imprensa, tomando como exemplo o seu SUV Outlander PHEV (classe 1 nas portagens), híbrido plug-in gasolina/eléctrico, com caixa automática, tracção 4x4, potência de 200cv, binário máximo de 385 Nm e autonomia de 824km dos quais 52km em modo eléctrico.

Com um preço de 46.841€, o PHEV é, à primeira vista mais caro que o Outlander DID a gasóleo com apenas 150cv e tracção dianteira, que custa 35.162€. Porém, considerando os custos totais de aquisição, utilização e fiscais (incluindo deduções) por empresas, num período de 4 anos e 100.000km, o Outlander PHEV fica por 40.691€ (em 2014 este custo era de 70.563€) face aos 54.192€ do DID. Mas não só: em comparação com uma carrinha do segmento D com um muito menos potente motor 1.6 a gasóleo, tracção dianteira e preço inicial de 34.206€, esta custará 50.851€ (+10.160€). Até um crossover do segmento abaixo, o C, com o mesmo motor 1.6 diesel gasóleo e um preço de 29.500€, ao fim de quatro anos irá custar 46.600€ (+5909€). Considerando uma quilometragem de 70.000km em 4 anos, as contas não se alteram significativamente.

O Outlander insere-se no segmento D (o dos familiares médios). Em 2014, 65% dos veículos do segmento D e SUV dos segmentos C (pequenos familiares) e D foram adquiridos por empresas pelo que a Mitsubishi, face à nova legislação, prevê uma subida exponencial nas vendas, que, das actuais três unidades/mês, poderá subir até 500 Outlander PHEV no período Abril 2015/Abril 2016. Isto num mercado em que se prevê em 2015 um aumento de 800% nas vendas de veículos eléctricos e híbridos plug-in face a 2014.

Uma curiosidade: quando do lançamento do citadino eléctrico i-MiEV em 2010, a Mitsubishi previa que, em 2014, o preço de então, 28.175€ com incentivos, baixasse para os 15.000€. Pois bem, em 2015, com incentivos e dedução do IVA o i-MiEV custa 15.013€ para empresas (19.500€ para particulares).

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