Fugas - Motores

O mesmo luxo, mas cada vez mais poupado

Por Carla B. Ribeiro

A nova transmissão automática 9G-Tronic com conversor de binário começou por se estrear num classe E, o 350 BlueTEC, tendo sido rapidamente adoptada pela classe CLS. Agora já invade toda a classe E, servindo também o menos potente e bem mais contido E 220.

Assim que experimentámos pela primeira vez um carro equipado com a 9G-Tronic, as vantagens desta transmissão automática saltaram à vista. Não manchando a qualidade com que a Mercedes nos habituou no que às suas caixas automáticas diz respeito, a 9G-Tronic apresenta passagens entre relações praticamente imperceptíveis e, tendo em conta o maior número de velocidades e a relação de desmultiplicação mais vasta, ainda beneficia o conforto de condução, permitindo “conseguir uma melhoria significativa em termos de conversão da potência do motor em tracção”. Isso foi visível quando testámos, por exemplo, o CLS Coupé 250 BlueTEC, de 2.0 litros e 204cv, e voltou a ser real com uma versão menos potente de um bloco diesel: no caso, o 2.0 litros de 170cv.

A Mercedes, com a introdução da 9G-Tronic, conseguiu ainda diminuir emissões e consumos, sobretudo se accionado o sistema Eco com o qual o veículo revela potência mais que suficiente para as andanças do dia-a-dia, tirando partido de um binário de 400 Nm disponível muito cedo, logo a partir das 1400rpm. Dizem os números oficiais que o consumo médio na cidade, por onde andámos a maioria dos quilómetros percorridos, andará entre os 5,4 l/100km e os 5,5 l/100km. E, a bem da verdade, não vimos a média de consumo de combustível subir a fasquia dos 6,0 litros. Também é verdade que a aquisição do modelo com caixa automática penaliza o preço da viatura em mais de dois mil euros. Mas também não será por aí que quem vai buscar uma viatura com um preço base superior a 50.000 euros irá desistir de ter a caixa automática.

De resto, o classe E, alvo de uma renovação em 2013, mantém os traços de um carro luxuoso que prima pela sobriedade e pela segurança, não descurando o conforto — quer de quem se senta à frente como de quem segue atrás — nem nenhum detalhe. E, mesmo sendo aguardada uma nova geração para 2016, o classe E está longe de poder ser visto como um modelo ultrapassado, tirando partido da comum aposta da fabricante alemã em traços e linhas que primam pela intemporalidade.

No entanto, onde a Mercedes se mantém na dianteira é nos sistemas de segurança e nos dispositivos de assistência à condução que a renovação do classe E, na época, estreou. Caso do sistema de assistência de prevenção de colisão — o melhor é mesmo ir atento, porque o aviso é bastante assustador quando o carro se vê na iminência de chocar contra o que segue na sua dianteira — ou do aviso de falta de atenção e de sonolência do condutor. Ainda de série, no modelo ensaiado, o sistema Anti-Resvalamento na Aceleração. Por isso, mesmo com os testes mais exigentes do Euro NCAP, o modelo não deveria perder nenhuma das suas estrelas se voltasse a ser testado. Em 2010, conseguiu cinco estrelas, com 86% na segurança dos ocupantes adultos, 77% na dos ocupantes crianças, 59% na dos transeuntes e 86% na dos dispositivos auxiliares. Além do mais, há que ter em conta que toda a gestão da caixa automática, aliada a uma direcção extremamente precisa e a uma suspensão que parece colar-se à estrada, faz com que a sensação de segurança seja redobrada.

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